Daniel Campos

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30/10/2012 - O apocalipse de Iansã

Depois de o mundo ter acabado em água, a expectativa de que ele acabasse novamente por meio do fogo. No entanto, os profetas do apocalipse parecem ter se enganado. Pelos sinais vindos do céu, a humanidade vai ser exterminada num pé de vento. Cuidado com a ventania, com o vendaval, com o furacão, isso sem falar no ciclone, no redemoinho, no tufão. Ironia ou não, o mesmo ar que respiramos vai nos extinguir em suas movimentações.

Iansã, a senhora dos ventos e tempestades, não está nada contente com os rumos da humanidade. Não me espantaria em nada vê-la varrendo o homem da face da terra. Ninguém controla os ventos vermelhos de Iansã. Ventos fortes como a fúria de uma paixão. Ventos voluptuosos, ventos sedutores, ventos que sangram. Ventos dramáticos, ventos intensos, ventos carregados de tormento. Ventos violentos, ventos impensados. E o pior: não vai adiantar correr ou se esconder dos ventos de Iansã.

Não adianta pedir perdão, pois Iansã, dona dos ventos, não perdoa traição. Iansã não tem medo de nada nem de ninguém. Os ventos de Iansã não deixam pedra sobre pedra. E, convenhamos, o mundo precisa dos ventos da transformação, das mutações, das mudanças. A humanidade precisa tomar um choque de realidade, cair em si, evoluir. E Iansã é a força certa para promover o fim e o recomeço da sociedade. Quando os ventos de Iansã chegarem, de fato, o mundo terá saudade do dilúvio.


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