Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 207 textos. Exibindo página 9 de 21.
25/01/2014 -
De volta a Daniel
Toda vez que piso naquele chão vermelho eu me reencontro com o melhor de mim. O Daniel dos sonhos, das esperanças, das fantasias. Um Daniel puro, que dói de tamanha intensidade. Sim, há o real redimensionamento do que existe. Ali, naquele mundo de faz-de-conta, eu nasço forte como semente rompendo o torrão de terra. E então os meus olhos ficam ainda mais verdes ou num tom de verde que poucos conhecem. Um verde que chora minando minha alma. É um Daniel que pisa firme, que fala forte, que bota o dedo na cara do destino e, ao mesmo tempo, um Daniel que compreende o tempo, tanto o deus tempo como o tempo de tudo e de todos. Um Daniel que anda por aquelas terras semeando linhas e versos que servirão de alimento aos pássaros ou ao infinito. Um Daniel poeta de corpo inteiro, que não tem vergonha de ser um coração sangrando. Um Daniel que se renova com aquelas lambadas de vento no rosto. Um Daniel que come daquela terra para ganhar o conhecimento ancestral. Um Daniel que se ajoelha em respeito a tudo o que o rodeia e que flutua a pés e mais pés do chão movido pelo mistério. Um Daniel que pinga poesia. Um Daniel que muda o passo levando a boca manchada de saudade. Um Daniel que pede conselhos a um velho abacateiro. Um Daniel bem-te-vi que canta seu querer bem. Um Daniel que não tem medo de pisar em espinho, de abrir porteira, de morte à espreita. Aliás, ali, naquele mundo, não há espaço para medo. Embora o reino está sem rei, há a nítida presença de uma força sobrehumana. Conheço cada um daqueles bichos, daqueles frutos, daquelas trilhas. Ali, o mato que há em mim cresce, verdeja, dá sementeira num ritmo alucinante. E depois de soluçar e gritar ou de suspirar e aquietar tudo fica lúcido. Os pés tingidos do vermelho da terra e a alma pintada do sangue guerreiro que emerge daquelas terras feitas do amor maior trazem à tona a certeza do que eu fui, do que eu sou e do que eu quero ser: poesia.
Comentários (1)
20/01/2014 -
Dia de verde
É dia de verde. É dia de mato. É dia de Oxóssi. É dia de festa. É de árvore. É dia de arco e flecha. É dia de caboclo. É dia de cavaleiro. É dia de fruta madura. É dia de bicho. É dia de fé. É dia de devoção. É dia de comida farta. É dia de proteção. É dia de agradecimento. É dia de canto. É dia de rio. É dia de chuva. É dia de sementeira. É dia de trilha. É dia de conversar com a mata. É dia de trocar energias com o verdume. É dia de ouvir o que os pássaros têm a dizer. É dia de muito querer. É dia de bendizer quem nos guarda. É dia de união. É dia de observação. É dia de trazer toda a força para fora. É dia de dizer “pai”. É dia de cura. É dia de vibrar com o senhor das matas. É dia de compreender e viver Oxóssi de várias maneiras, inclusive, como um raio. É dia de caboclear.
Seja o primeiro a comentar
14/12/2013 -
De quando em quando
Quando chega com esses olhos fundos de mar, sou pirata. Quando sobe no palco, sou aplauso. Quando anda, sou labirinto. Quando vem nas pontas de uma estrela, sou astronauta. Quando aparece e enlouquece, sou camisa de força. Quando estende as lonas da ilusão, sou trapezista. Quando se fecha em pétalas, sou florista. Quando se deita, sou caçador de bicho papão. Quando toma conta de tudo, sou só entrega. Quando fala de tempo, sou irracional. Quando fala de amor, sou do signo de coração.
Quando dança pelo vento, sou catavento. Quando se move, sou girassol. Quando some pelo dia, sou detetive passional. Quando me mostra as garras, sou presa fácil. Quando perde o juízo, sou casamenteiro. Quando se levanta toda boneca, sou só encanto. Quando seu perfume me encontra, sou êxtase. Quando faz do meu mundo seu conto de fadas, sou o próprio final feliz. Quando seu dia casa com meu dia, sou poeta. Quando acende, sou parafina chorando sua beleza. Quando respira, sou vivo.
Seja o primeiro a comentar
08/11/2013 -
Desejo
Desejo que todos os seus sonhos comigo se realizem em caráter de urgência e com efeitos duradouros. Desejo seu sorriso tomando conta da minha boca e se espalhando por todos os cômodos da casa, pelas ruas, pelas galáxias. Desejo que nossos ‘eus’ apaixonados jamais se percam. E caminhar, desejo, pelas suas tramas, pelos seus dramas, pelas suas damas, pelas suas camas, pelas suas famas... Desejo carregar-lhe para além do óbvio. Com a licença poética devida, desejo lhe dar vida de poesia e ser em todos os instantes o seu poeta. Desejo que tudo e todos desapareçam, numa espécie de apocalipse sem dor ou grito, para que possamos viver, de fato, um para o outro, por todos os dias que nos restam. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
01/11/2013 -
Dia de santos e santas
Hoje é dia daqueles que amaram além dos limites. Dia daqueles que se entregaram por completo. Dia daqueles que guerrearam e morreram em nome de uma causa maior. Hoje é dia dos que fizeram valer o choro. Dia de quem aconteceu independentemente da opinião alheia. Dia dos que seguiram, acima de qualquer coisa, seu coração. Hoje é dia daqueles que acreditaram piamente no que muitos consideram invisível, impossível, irreconhecível. Dia dos que foram condenados, apedrejados, jurados de vida e de morte pelas consequências de um amor verdadeiro, puro e incompreendido. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
21/10/2013 -
Dia desazulado
O dia amanheceu menos azul. Um dia mais cinza, mais desbotado, mais triste. Um dia descorado. O azul vivo, que brincava em seus tantos tons e semitons, não apareceu. Um dia surgido como uma caixa de lápis de cores sem os azuis. Falta azulidade. O azul não pulsa mais. O azul não canta mais. O azul não vira mais de ponta cabeça. O azul não escorrega, equilibra ou salta mais pelo seu céu particular.
Ao contrário do que muitos diziam, o azul tinha coração. Um coração de asas inquietas. Um azul que gostava de voar, de ralhar, de dançar desafiando a gravidade. E agora, por onde anda o azul? Podem procurar pelos cantos e contracantos do dia empalidecido. O azul bebê, o azul feminino, o azul pássaro e outros tantos azuis se perderam de uma só vez, deixando tudo e todos num silêncio desazulado.
Seja o primeiro a comentar
02/10/2013 -
Direcionamentos
Ande um pouco mais por essa corda bamba da realidade. Vá um pouco além da mesmice. Capricha no chorinho da ilusão. Insista em avançar por terrenos desconhecidos e, quiçá, proibidos. Continue em busca do sonho. Não se esqueça de superar a si próprio. Mais uma pitada de fantasia, por favor. Uma dose extra de ineditismo não vai fazer mal. Que tal viver uma overdose de sim no mundo do não?
Viva e morra positivamente. Engula os lamentos. Livre-se das lembranças ruins. Se está cansado de caminhar, começa a voar. Tire o que lhe faz triste como quem tira uma roupa. Troque de hábitos sempre que for necessário. Não troque o seu destino. Traga o tempo para o seu lado, pois de nada adianta ter passado, ou presente ou futuro como inimigo. E jamais passe a sua vez de viver, de ser, de acontecer...
Seja o primeiro a comentar
12/09/2013 -
Divino Seta Branca
Divino Seta Branca, que neste dia de hoje sangue algum seja derramado a ponto de manchar qualquer lança. Divino Seta Branca, que neste dia de hoje as guerras possam ser encerradas antes mesmo de seu início. Divino Seta Branca, que neste dia de hoje as vibrações positivas vençam as fraquezas e tristezas. Divino Seta Branca, que neste dia de hoje os sofredores possam ser doutrinados e elevados, deixando para trás lágrimas, dores e rancores.
Divino Seta Branca, que neste dia de hoje saibamos ouvir com atenção e respeito os conselhos dos pretos-velhos. Divino Seta Branca, que neste dia de hoje tomemos, com passos firmes e confiantes, o caminho da tolerância, da humildade e do amor incondicional. Divino Seta Branca, que neste dia de hoje possamos emanar a luz de deus em auxílio a quem dele necessita. Divino Seta Branca, que neste dia de hoje sejamos verdadeiros jaguares....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
24/08/2013 -
De pés descalços
De pés descalços, ela passa por jardins de flores, de homens, de pedras. De pés descalços, arrasta sua túnica por reinos que lhe chamam de mãe, de rainha, de imaculada e também por reinos que negam sua existência, sua trajetória, sua importância para a humanidade. De pés descalços, canta canções de ninar como que querendo embalar o sono e os sonhos de seus filhos. De pés descalços, ela pula de estrela em estrela para chegar mais perto daqueles que a chamam.
De pés descalços, ela perfuma o chão de esperança, fazendo brotar sementes de um amor incondicional. De pés descalços, ela entra com simplicidade nas casas que a chamam de Auxiliadora, de Conceição, de Perpétuo Socorro, de Glória, de Apará. De pés descalços, ela percorre as estradas mais íngremes e doloridas sem emitir uma reclamação sequer. De pés descalços, ela deixa pegadas e indica caminhos. De pés descalços, ela se fere de espinhos e segue em frente, como se caminhasse em pétalas.
Seja o primeiro a comentar
17/08/2013 -
Desconceitualização
E se Chapeuzinho Vermelho preferir outra cor? E se ela ainda sair sem chapéu? E se Branca de Neve decidir pegar um bronzeado no Caribe? E se Cinderela trocar seus sapatos de cristal por melissas de plástico? E se a Gata Borralheira for à Justiça exigir seus direitos trabalhistas? E se Lilo e Stitch tivessem um filho? E se o Gato de Botas sair com as patas descalças não será mais de Botas? E se ele ainda optar por um tênis confortável com amortecedor para dar conta de seus pulos por sete vidas? E se O Corcunda de Notre Dame fosse ateu? E se A Dama e o Vagabundo fosse o Senhor e a Vagabunda, teria a mesma inocência? ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar