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Encontrados 60 textos de maio de 2016. Exibindo página 2 de 6.
26/05/2016 -
E agora, Daniel?
E agora?
E agora, Daniel?
Como será?
Te tiraram o chão.
Arrancaram suas asas.
Te gritaram o pior não
Que poderia ouvir.
Não! Não! Não!
E agora?
E agora, Daniel?
O que será?
O amor está mais forte
Mas só em você
E amor, sozinho amor,
É morte
Solidão! Solidão!
E agora?
E agora, Daniel?
Pra onde vai?
Te mandaram embora.
Te colocaram para fora. ...
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26/05/2016 -
Nunca me deixei deixar você
Nunca deixei de te amar. Nunca deixei de te enamorar em meus pensamentos. Nunca deixei de te querer. Nunca deixei de tentar te proteger. Nunca deixei de te princesear. Nunca deixei de dizer que te amo, seja para fotos, lembranças ou para o vento. Nunca deixei de fazer suas comidinhas preferidas. Nunca deixei de pensar em nós. Nunca deixei de ter esperança que o futuro concretizaria nossos sonhos. Nunca deixei de acreditar em nós juntos. Nunca deixei de chorar a sua falta. Nunca deixei de viver e morrer de saudade. Nunca deixei de imaginar você. Nunca deixei minha vida apartada da sua. Nunca deixei de me perguntar o porquê da distância. Nunca deixei meu destino se desviar do seu. Nunca deixei de manter seu lugar ao meu lado intacto. Nunca deixei de ser o seu poeta. Nunca me deixei deixar você.
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25/05/2016 -
No escuro do quarto escuro
No escuro do quarto escuro eu encontro sua silhueta ora fazendo acrobacias ora querendo uma poesia. As paredes, pouco a pouco, vão soltando a sua voz que ficou impregnada para além dos nossos lençóis. E é tanta fantasia que eu sou marujo e você pirata, que eu sou astronauta e você estrela, que eu sou surfista e você tubarão. Eu sou presa e você, com toda realeza, a dona da caça. Onça pintada. Onça tatuada. Onça de garras e presas afiadas. Onça, onça, onça, ouça bem, vem e me devora. Pelo escuro do quarto escuro, se sou pássaro, é asa; se sou trem, é trilho; se sou poeta, é poesia. Poesia de noite, de tarde, de dia. Poesia que arde, que dá sangria. Poesia que come numa antropofagia. A criatura comendo o criador. É o grito de Van Gogh. É a loucura de Salvador Dali. É Caetano cantando nosso estranho amor. No escuro do quarto escuro me sinto seguro na sua boca, entre seus dentes e unhas, numa paixão ditada por suas mumunhas. Onça, onça, onça, ouça bem, vem e me devora sem demora pelo escuro do quarto escuro do tempo de um amor mais que puro.
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25/05/2016 -
Senti men to
Amei
Amei
Acreditei
E apostei
No amor
Coloquei
Fichas
Fichas
Fichas
E mais
Fichas
No amor
E perdi
A paz
O rumo
O jeito
Cai
De quatro
De cinco
De sete
Investi
Alto
No sonho
No drama
Na certeza
De que
O amor
O amor
O amor
Resistiria
Pensei
Que ele
O seu
Amor
Jamais...
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24/05/2016 -
Sonho continental
Se eu fosse um continente
Seria marcado pelos seus pés
Pelo seu corpo, mulher,
Em toda minha extensão
Meu relevo seria inspirado
Em sua silhueta
Meu horizonte seria solto
Como o seu cabelo
Minhas fronteiras seriam suas
Assim como meus rios
Nasceriam e correriam
Em sua direção
Alimentando seu oceano.
Minhas árvores cresceriam
Buscando você,
Sua fronte, sua boca, seus olhos
Verdes, verdes árvores,...
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24/05/2016 -
Milady
Milady, o seu cavaleiro continua a postos defendendo o seu reino e pronto para te servir. A sua carruagem está pronta. O seu exército está em fileiras. Eu ainda levo o seu brasão – rosa azul - tatuado em cada célula que me habita.
Milady, nosso amor real, sangue azul, é muralha que ninguém toma. E eu, sem armaduras, ofereço meu corpo, minha honra, minha bravura a sua coroa. Minha nobreza é a minha devoção as suas princesices.
Milady, que sentimento é esse que desafia as nossas linhagens, que ultrapassa as nossas dinastias, que coloca em risco o seu reinado. Duelo com a dor, em todas as suas formas e intensidades, mas não abandono a sua corte.
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23/05/2016 -
Canta e suplanta
E quando tudo anoitecer, canta. E quando tudo se perder, canta. E quando tudo vier a sofrer, canta. Canta, canta, canta que o canto a dor encanta. Canta pra trazer a dor que te agiganta. Canta porque o canto te suplanta. Canta o que ecoa pelo seu ser. Canta extravasando, sangrando, libertando o que não pode mais guardar. Canta o seu pranto. Canta num berradeiro ou no silêncio de um mantra. Canta o que não dá mais para olvidar. Canta, canta, canta que a vida te cobre com uma manta. Canta aos pés, ao colo, ao olhos da santa.
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23/05/2016 -
Delírio meu
Será que foi sonho?
Delírio? Alucinação?
Será que eu dormia
Nos braços da ilusão?
Será que o que lia
Era o bendito fruto
Da minha imaginação
Será que era verdade
O que acontecia
Não sei, não sabia
Não saberei
Eu gostei, curti
Amei
Eu não previa
Mas sentia
E a saudade
Nunca se apartou
O tempo passou
A dor esperneou
A poeira baixou
E como eu sentia
Ainda é de carne...
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22/05/2016 -
Canto de libertação
Com o dia quase raiando, o galo subiu no poleiro, estufou o peito e silenciou. Ali não era o melhor lugar para ele anunciar o novo dia. Precisava de mais. Subiu então na carroça velha, que já dava de comer aos cupins, e se preparou, mas, novamente, engoliu o canto ao ver que a cerca. E subiu no mourão mais alto, chegou a abrir as asas, mas ainda não estava bom. Ele queria mais. E foi então que subiu no telhado da casa de seu dono. Já tinha certa idade e não tinha o mesmo vigor, seus passos eram lentos, mas seu canto ainda era belo. O tempo deu um tom ainda mais grave as suas notas. E ele sempre foi elogiado por sua afinação. E, com a teimosia de sempre, subiu no telhado vendo boa parte da fazenda aos seus pés. Bateu asas, esticou o pescoço e segurou o canto já no findar do bico vendo que o jatobazeiro era muito mais alto que o telhado da casa. A essa altura, o dia já clareava. E lá foi ele para o pé de jatobá, voando seu voo curto galho a galho. Perdeu muitas penas na subida, pois ora se debatia contra a árvore ora tentava se agarrar nela. Ficou sem fôlego, mas não se deu por vencido. Encontrou uma coruja que arregalou os olhos sem entender o que aquele galo fazia ali. Chegando ao ponto mais alto da árvore, ele contemplou o sol que já reinava. Nunca havia visto o sol tão de perto. E se galos não choram, aquele galo avermelhado, azulado, acaipirado chorou. Chorou diante da beleza do sol que chegava até seus olhos. Ficou hipnotizado. E preparou seu canto. Precisava ser seu canto mais bonito. O melhor de sua história. Concentrou-se. Deixou a música fluir por todo seu corpo. Peito estufado. Pescoço alongado. A curvatura perfeita. Bateu asas. Tremeu-se todo na iminência do cocoricar. Abriu o bico e... e... e... calou-se. Calou-se a perceber que as galinhas já estavam ciscando no terreiro, que o fazendeiro já ordenhava as vacas, que dona Maria já estendia roupas no varal, que os porcos já rolavam na lama, que a fazenda já havia amanhecido, acordado e acontecido sem o seu chamado. Sentiu-se desnecessário. Porém, estava feliz por estar ali e por estar liberto da obrigação de despertador que cumpriu por tantos e tantos anos. Ninguém havia dado por falta dele. E isso não era motivo para lamentação, mas sinal de que ele poderia partir. Estava livre. Foi preciso mudar seu ponto de vista, sair do óbvio, do lugar comum, para perceber que podia seguir em frente. E, ciente disso, de forma espontânea, cantou de um modo que nunca havia cantado. Um canto de libertação. De autolibertação. E já não importava para quem cantava, mas o que ele cantava a si mesmo. Ele segurou o último acorde para além dos limites e bateu asas. Voou um voo curto. Voou um voo último. Voou em direção ao sol. E por mais curto que seja o voo de um galo, durou, para ele, uma eternidade, antes de chegar ao chão num corpo condenado ao silêncio, mas numa alma que, para sempre, ecoaria ensolarada por aquela fazenda.
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22/05/2016 -
Morna? Ela? Jamais!
Morna?
Ela? Jamais!
Ela era quente
Em seu querer,
Em suas entranhas
A ponto de alcançar a ebulição
Seus olhos me faziam suar
Seu corpo me dava febre
Como uma lagarta de fogo
Era preciso saber tocá-la
Para não me queimar.
Às vezes era quente e seca
Como um deserto
Causando-me delírios
Pondo-me perdido.
Às vezes era quente e úmida
Como uma floresta
Densa e intensa
Chegando a me causar loucura. ...
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