Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 60 textos de setembro de 2013. Exibindo página 6 de 6.

05/09/2013 - Chamando por chuva

A cigarra que canta
Cá dentro em mim
Barulha por chuva
Num zumbido em chama

O joão de barro e amor
Que constrói casas e asas
Pelo meu corpo afora
Implora por lama

O sapo do brejo
Que coaxa na janela
De minh’alma
Clama pelo aguaceiro

O lavrador do tempo
Que semeia o que sou
Trama com os céus
O fim da estiagem.


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05/09/2013 - Não isso e não aquilo

Não faça previsões se for para falar bobagem. Não negue sua mão aos olhos da cigana. Não subestime as cartas achando que tudo não passa de um jogo de sorte e azar. Não invente de saber o amanhã se ainda não entendeu o ontem. Não trate o óbvio revelado como obviedade. Não queira ver os seus desejos refletidos numa bola de cristal. Não ache que as linhas de suas mãos vão para onde você quer. Não fale, ouça o que dizem os santos. Não ignore o que dizem os céus, a terra, o mato, os bichos... Não acenda uma mesma vela para dois ou mais destinatários. ...
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04/09/2013 - Massagem

Massageie
A minha nuca
Serpenteando pela minha coluna
Encaixe por encaixe
Com essas mãos de brisa
E aço e açúcar
No compasso
De um ritmo quente
E crasso
Visite minhas pás e escápulas
De frente para diante
De diante para trás
Abra as minhas linfas
Liberando o caminho
Para os sentimentos
De seiva e de sangue
Que correm pelos meus labirintos
Lincha o meu corpo
Surrando minha musculatura ...
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04/09/2013 - Entre isso e aquilo

Entre mortos e feridos, não se esqueça de sobreviver. Entre chegadas e partidas, não se esqueça de acontecer. Entre quês e porquês, não se esqueça de confessar. Entre perdidos e achados, não se esqueça de se entregar. Entre deus e o diabo, não se esqueça de acreditar. Entre águas e vinhos, não se esqueça de passar. Entre dores e amores, não se esqueça de tentar. Entre culpas e culpados, não se esqueça de perdoar. Entre erros e acertos, não se esqueça de se permitir. Entre céus e terras, não se esqueça de voar....
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03/09/2013 - Cruzadas

Cruza
Descruza
Pernas
Numa angulação obtusa
Às pupilas intrusas
E escusas
De amor e torpor
E usa
Tais cruzas
De caminhos
De destinos
De deuses trinos
De linhas e linhos
Como quem não abusa
Do autocruzar
De luzes e cruzes.


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03/09/2013 - Sequidão

Tudo o que o tempo podia sugar, sugou. Sem piedade. O verde ficou amarelado, apastelado, amarronzado. Nem as ervas daninhas resistiram e tombaram. As sementes secaram antes mesmo de se transformarem em brotos. Fósseis de vidas sem vida espalhados pelo chão. Os ossos das costelas do cachorro furaram a carne. A mina, a fonte, a nascente secaram. A cachoeira virou pedra. Não condeno a confusão entre tempo e medusa, pois ao olhar direto para eles tudo é petrificado.

As lágrimas secaram armazenando dentro dos olhos a tristeza. Os corpos secaram, emagrecendo, com fome e dor. Carcaças de gado espalhadas pelo caminho. E as flores murcharam antes mesmo da floração. Ao contrário de nuvens de chuva, nuvens de pó. Na boca, o gosto infértil da poeira. Tosse, catarro, vómitos de seca. Os rios minguaram, secaram, trincaram. Os peixes se acabaram na lama podre. E a velha senhora morreu entre espinhos tentando salvar seu jardim de rosas.


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02/09/2013 - Chorinho

Chora
Chora pelo que ficou
Chora pelo que ainda não chegou
Chora pelo que restou, sobrou,
Desandou
Chora pelo que falou
E também pelo que calou
Chora pelo que faltou
Pelo que em vão se doou
Chora pelo que julgou
Pelo que até aqui carregou
Pelo que, sem ou por querer, provocou
Chora pelo tempo que passou
Chora pelo sonho que matou
Pelo projeto que não decolou
Pelo coração que decepcionou
Chora pelo que queimou...
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02/09/2013 - Joga fora

Joga fora tudo o que atrasa sua caminhada. Joga fora esse excesso de peso, material ou imaterial. Joga fora a bagagem excedente. Joga fora o que não tem utilidade. Joga fora pilhas e pilhas de projetos que não deram certo. Joga fora passagens remoídas. Joga fora o que perdeu a validade, a importância, o gosto. Joga fora o que não tem conserto. Joga fora o que está quebrado, trincado, mofado. Joga fora o que nunca prestou. Joga fora o que está há tempos deixado de lado. Joga fora o que quase deu certo. ...
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01/09/2013 - Mapa do céu

Dá-me o pé
A perna
Um sorriso
Ladeia-me
Como caranguejo
Dispa-se
Dos pecados e da fé
Rouba-me
Um beijo
E tudo o que for preciso
Para acontecer
Em mim
Por inteira

Como sementeira
Ao vento
Em ou sem segredo
Enche e preenche
Mesmo que tarde
De flor, florescências
Meu jardim
De medo e ausências
E saudade

Dá-me o braço
A mão...
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01/09/2013 - Salve as matas

Salve as matas e graças a deus. Salve as matas virgens e graças a deus. Salve as matas frondosas e graças a deus. Salve as matas verdejantes e graças a deus. Salve as matas fechadas e graças a deus. Salve as matas vivas e graças a deus. Salve as matas benditas e graças a deus. Salve as matas ensolaradas e graças a deus. Salve as matas intocadas e graças a deus. Salve as matas poderosas e graças a deus.

Salve as matas encantadas e graças a deus. Salve as matas astrais e graças a deus. Salve as matas abençoadas e graças a deus. Salve as matas especiais e graças a deus. Salve as matas viçosas e graças a deus. Salve as matas radiantes e graças a deus. Salve as matas enluaradas e graças a deus. Salve as matas férteis e graças a deus. Salve as matas nascentes e graças a deus. Salve as matas abundantes e graças a deus. ...
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