Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 62 textos de agosto de 2013. Exibindo página 2 de 7.

26/08/2013 - Suas notas

Suas notas de cabeça
São notas frutais
Notas voláteis
De moléculas menores
Que evaporam após cinco minutos
São notas da primeira impressão
Que se dá após o primeiro olhar,
Ou seria, ao primeiro borrifo?

Suas notas de coração
São notas dominantes
Que tomam de conta da composição do corpo
Da alma ou do perfume
São notas florais
Que demonstram a personalidade
Da essência

Suas notas de fundo...
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26/08/2013 - Hoje acordei...

Hoje acordei e o jornal já tinha sido lido pelo cachorro, que latia das principais manchetes do dia até as previsões do horóscopo. Hoje acordei e o bule de café tinha já ido embora com a jarra de leite. Hoje acordei e o mundo estava de pernas para o ar, como se a faxineira se esquecesse de desvirar os móveis ao final do serviço. Hoje acordei e o pão estava com alergia à manteiga e brigado com o requeijão. Hoje acordei e minha roupa de trabalhar estava de folga.

Hoje acordei e a televisão insistia em me dizer o que era para ser feito e desfeito. Hoje acordei com a sensação de ter dormido de menos, mesmo sabendo que havia dormindo demais. Hoje acordei com o sol estapeando minha cara. Hoje acordei com o caminhão do lixo recolhendo o que até ontem era importante para mim. Hoje acordei com a caixa do correio abarrotada de más notícias. Hoje acordei com o destino martelando meus ouvidos. Hoje acordei e os santos não me disseram nada de novo.


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25/08/2013 - Amor etc amor

O amor cresce de surra em surra como pão sovado. O amor gira como cata-vento. O amor aparece e some como truque de mágico. O amor é como uma roleta russa, com segredos e mistérios sobre morte e vida. O amor cai e levanta e volta a cair e a se levantar e gatinha e rasteja como criança aprendendo a andar. O amor luta como qualquer ser vivo para sobreviver, utilizando de instintos, crenças e trapaças. O amor é a carta que a cartomante esconde na manga por conveniência ou medo.

O amor é uma música sempre inédita, por mais cantada que seja. O amor é a fera que grita e a brisa que excita em sopros de criação, de ilusão, de uma falsa e bem-vinda mansidão. O amor é o ato impensado de construir o que está destruído e vice-versa. O amor é o nós que não desata e o pó que não solta e o curió que dança. O amor é sempre o que ainda não foi dito e, o que está para ser dito e o que precisa ser dito. O amor é o duelo sem vencedor e perdedor entre o bendito e o maldito que palpita em nós.


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25/08/2013 - Contra o tempo

O pássaro que voa
Contra o tempo
Cai e se esvai
O homem que corre
Contra o tempo
Perde e se perde
O barco que avança
Contra o tempo
Inunda e afunda
O moinho que gira
Contra o tento
Quebra pá e pedra
A menina que brinca
Contra o tempo
Chora e vai embora
A música que ecoa
Contra o tempo
Atravessa e cessa
O jovem que vive
Contra o tempo
Tenciona e revoluciona
O coração que bate...
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24/08/2013 - Floreio

Indelicadamente assim
Sem dó, sem nó, sem mim
Vive a correr por ai
Sem ponto, sem fim
Correndo e se vendo
Sem raiz e sem cultivo
Como flor sem jardim
Não dá pólen pra abelha
Não dá bola pra florista
Não dá pétala pra apaixonado
De mal-me-quer bem-me-quer.


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24/08/2013 - De pés descalços

De pés descalços, ela passa por jardins de flores, de homens, de pedras. De pés descalços, arrasta sua túnica por reinos que lhe chamam de mãe, de rainha, de imaculada e também por reinos que negam sua existência, sua trajetória, sua importância para a humanidade. De pés descalços, canta canções de ninar como que querendo embalar o sono e os sonhos de seus filhos. De pés descalços, ela pula de estrela em estrela para chegar mais perto daqueles que a chamam.

De pés descalços, ela perfuma o chão de esperança, fazendo brotar sementes de um amor incondicional. De pés descalços, ela entra com simplicidade nas casas que a chamam de Auxiliadora, de Conceição, de Perpétuo Socorro, de Glória, de Apará. De pés descalços, ela percorre as estradas mais íngremes e doloridas sem emitir uma reclamação sequer. De pés descalços, ela deixa pegadas e indica caminhos. De pés descalços, ela se fere de espinhos e segue em frente, como se caminhasse em pétalas.


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23/08/2013 - Luminosidade

Se Iemanjá lhe chamar para o mar, mareie. Se Oxóssi lhe chamar para a mata, verdeje. Se Oxum lhe chamar para as águas, cachoeire. Se Xangô lhe chamar para ser seu machado, faça justiça. Se Preto-Velho lhe chamar para prosear, silencie e agradeça.

Se Nanã lhe chamar para o fundo dos rios, enlameie. Se Oxumarê lhe chamar para caminhar, serpenteie. Se Oba lhe chamar para combater, guerreie. Se Exu lhe chamar para qualquer coisa, respeite seu chamado. Se Oxalá lhe chamar para criar, criado seja. ...
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23/08/2013 - De perder o chão

Tão e quão e tão
Bela
Que faz
Qualquer um
Perder o chão
E tudo mais
Que se poder perder

Perder o céu
Da boca

Perder o juízo
Nunca encontrado

Perder a mão
E a contramão

Perder o passo
E a própria sombra

Perder o nada
E o tudo

Perder a voz
E o ritmo

Perder o ponto
E a meada

Tão e quão e tão...
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22/08/2013 - Bem-estar

Porque tudo nos leva a chorar é que devemos nos apegar com o que nos faz sorrir, com o que nos faz gostar, com o que nos faz esquecer da dor que nos sonda e ronda por todos os lados. É preciso se agarrar aos motivos que nos trazem contentamento, que colocam um pouco de unguento em nossas feridas que o mundo com essa gente doente e delinquente não deixa fechar justamente por não saber amar, por não deixar amar, não não querer amar.

Porque tudo nos leva a chorar é que devemos enxugar as lágrimas e seguir em frente, buscando novos ânimos, sonhos e desejos. Nada de viver a velar o que não deu certo. Nada de declarar luto eterno diante das fantasias caídas. É preciso ter o coração sempre aberto e por perto, independentemente se nosso caminho nos leva ao dilúvio ou ao deserto, se o que vivemos é o errado ou o certo, se o que pretendemos é provável ou incerto. ...
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22/08/2013 - Drummoniando

E se ao contrário de uma pedra
Tivesse um anjo no meio do caminho
Todo alado, coroado e iluminado
Alguém iria passar?

E se ao contrário de uma pedra
Tivesse uma mulher no meio do caminho
Toda corada, delicada e pelada
Alguém iria passar?

E se ao contrário de uma pedra
Tivesse um bode no meio do caminho
Todo enfeitiçado, emburrado e empacado
Alguém iria passar?

E se ao contrário de uma pedra...
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