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Encontrados 33 textos de março de 2013. Exibindo página 4 de 4.
03/03/2013 -
São Caetano Veloso
Se eu fosse papa, santificaria, em caráter de urgência urgentíssima, Caetano Veloso. Um santo vestido com roupas de tropicália. Sua oração terminaria da seguinte forma: “amém, ou não”. Um santo de Odara, que pensa e reza pelo Haiti que existe dentro de cada um de nós. Um ser coroado de sensibilidade e consagrado à emoção. Caetano, o último santo romântico. O santo e a tigresa, o santo sem tradução, o santo que cruza a Ipiranga com a São João. Se cantar é orar duas vezes, caetanear é estar duas mil vezes mais próximo de deus. ...
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02/03/2013 -
Obatalá vem
Lá vem todo de branco, Obatalá. Vem montado em seu cavalo branco. Vem de túnica branca, vem Obatalá. Vem com sua lança branca. Vem com seu escudo branco. Vem negro e santo, guerreiro e altaneiro, Obatalá, todo de branco. Vem como o raiar do dia, sol de Obatalá, com as graças de Oxalá. Oba, Oba, Obatalá.
Quando Obatalá passa tudo fica branco. Tudo o que Obatalá toca fica puro. Obatalá é nuvem branca que passa no céu. Obatalá é sorriso de criança. Obatalá é véu de noiva. Obatalá é o raio branco que põe medo em qualquer um. Obatalá é a lua branca no meio da noite escura. Obatalá é brancura da alma....
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01/03/2013 -
Águas de Jobim
Espero março com ansiedade, só para escutar Jobim regendo as águas. Águas vindas dos corpos dos anjos, das nuvens mais escuras, das minas à flor da terra, das bailarinas escafandristas, dos lençóis freáticos de seda ou cetim, das frutas maduras, dos telhados coloniais, das bocas que dão água na boca, das brisas perfumadas, das lembranças dos guarda-chuvas, dos veios dos poetas, das luas serenadas, dos cálices doces, dos prazeres incontidos, dos brejos das almas, dos adeuses em pranto...
Que Tom Jobim harmonize as águas de março com seus paus, pedras e fins de caminho, seus restos de toco, seus cacos de vidro, seus laços e anzóis. Que o maestro soberano dê ritmo as águas das perobas do campo, da madeira de vento, dos mistérios profundos, do Matita Pereira. Que Antônio Brasileiro seja a música que chove no vento ventando e no fim da ladeira. Que a ave no céu e a ave no chão se encontrem pelas águas de março num ritmo puramente jobiniano. ...
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