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Encontrados 32 textos de maio de 2010. Exibindo página 2 de 4.
22/05/2010 -
Humano coração
Eu espero e quero a vinda dos cavaleiros do apocalipse. Fome, guerra, morte. Quero colocar fim a este mundo que me condena tratando-me como anticristo. Desisto desta coisa inútil de amar. Amar para quê para quem? Para sofrer, para se perder, para ninguém lhe valer de nada. Que as bestas transpassem suas lanças em meu humano coração. Arranquem-no do meu peito e o atire aos cães do inferno com a satisfação de quem está dilacerando o último romântico. Que sangue e água se esvaiam e que essa “coisa” que não sabe se alma ou carma seja engolida pelas sombras que me açoitam por anos e anos a fio. ...
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21/05/2010 -
Estradeando
Ao longo do dia, das vinte e quatro horas do dia, quantas estradas se abrem diante de você? Se sua resposta por “nenhuma” ou “apenas uma”, mude urgentemente a forma como enxerga o mundo ao seu redor. Afinal, essas estradas que surgem em seu dia-a-dia são milagres que, na maioria das vezes, passam despercebidos diante de seus olhos e passos. Confesse! Quantas novas estradas você já deixou de desbravar por medo? Quantas estradas você não percorreu por puro comodismo? Quantas estradas você fingiu que não viu só para continuar reclamando da falta de sorte? Quantas estradas, quantas?...
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20/05/2010 -
Bote mais pimenta nesse acarajé, ò Luislinda
Luislinda Valois, a primeira juíza negra do Brasil, foi convidada para gravar um depoimento sobre sua história de vida às vinhetas exibidas pela última novela da Globo, “Viver a Vida”. Em sua fala, emocionou-se ao relatar o quanto foi discriminada pela vida afora. No entanto, a baiana se esqueceu de dizer que o preconceito continua mordaz. Eis que durante a festa de encerramento das gravações da telenovela, um fotógrafo flagrou a juíza ao lado de uma atriz global. Cliques depois, um site, desses que vivem de fofoca, publicou tal foto com a seguinte legenda: “Natália do Valle enche de carinhos sua camareira”. ...
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19/05/2010 -
Um verbo chamado quando
Quando não tiver nada a dizer, bendiga um poema. Quando pensar em fazer algo de ruim, plante uma árvore. Quando achar que Deus lhe abandonou, reze. Quando pensar que o amor acabou, beije. Quando tudo der errado, tente outra vez. Quando a dor for demais, compartilhe-a. Quando a saudade chegar, diminua distâncias físicas e psicológicas. Quando uma estrada acabar, comece outra. Quando a paixão esfriar, incendeie-se. Quando cair no tédio, enlouqueça. Quando a promessa se cumprir, embarque em outra promessa. ...
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18/05/2010 -
A esperança deixou de ser esperança
Infelizmente é verdade. Constatei isso ontem quando uma esperança, aquele inseto de antenas longas primo do gafanhoto, pousou na janela da cozinha lá de casa. Cheguei a achar que era uma espécie de grilo ou um louva-deus de batina franciscana. Afinal, o bicho era colorido num tom marrom bem diferente daquele verde que caracterizava seu nome. No entanto, não havia como questionar: era, de fato, uma esperança.
A esperança então ficou no fato daquela esperança ser uma aberração de sua espécie, vítima de alguma mutação transgênica. Mas ao olhar pela janela, um sinal do fim dos tempos. Dezenas de esperanças descoloridas, tingidas numa coloração amarronzada, caminhavam pelo jardim. O que aconteceu com a esperança? Perdeu-se pelo caminho. O que se via eram insetos tão desesperançosos quão sua nova cor. ...
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17/05/2010 -
Atenção senhores políticos:
Eu quero um mundo novo com crianças brincando nas praças. Eu quero um mundo novo com sonhos sendo partilhados como pão em Santa Ceia. Eu quero um mundo novo cheio de plantações materiais e imateriais. Eu quero um mundo novo com mais gente flertando com as luas. Eu quero um mundo novo onde a poesia apareça no horário nobre da televisão. Eu quero um mundo novo com mais namorados andando de mãos dadas pela rua. Eu quero um mundo novo com mais realizações e menos promessas. Eu quero um mundo novo com relógios girando ao contrário. Eu quero um mundo novo com cata-ventos e girassóis. ...
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16/05/2010 -
Catherine na Ratolândia
Atendendo a pedidos, publico hoje mais uma história infantil. Bom domingo!
Catherine, uma francesinha de franjinha na testa, passava seus dias esperando pela volta do pai, um marinheiro que, a pedido do rei, partiu, há mais de um ano, em busca de terras distantes. Ela tinha três anos, mas era arteira como só. Sonhava com o dia em que seu pai entraria por aquela porta e, depois de um abraço, contaria histórias de sereias e princesas do mar. Mas enquanto esse dia não chegava, brincava com os barquinhos que sua mãe fazia dobrando papel colorido. ...
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15/05/2010 -
Raiz caipira
Há quem tenha raiz francesa, clássica e até mesmo fincada na nobreza. Não é o meu caso. Eu tenho raiz caipira. Raiz esta assumida e vivida por inteiro. Meu relógio é um galo, meu chapéu é de palha e meu carro é de boi. Minha cozinha é caipira, com direito a ovo caipira, frango caipira, porco caipira, tomate caipira... e fogão à lenha, colher de pau, caçarola de ferro. Até mesmo amar amo caipiramente, de forma tímida e sincera.
Para quem tem raiz caipira, muro é arame farpado; roupa se passa com ferro à brasa; palavra dita é como documento lavrado em cartório; semente lançada no roçado é um pedaço da gente. Coração caipira é igual cancela e porteira, basta pegar o jeitinho para abrir. Meu segurança é um espantalho, minha colcha é de retalho, minha flor é de algodão. Tem água de mina, telhado que pinga e sonho que vinga depois do primeiro chuvisqueiro. ...
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14/05/2010 -
Mulher imaginativa
Preciso falar com ela, tocá-la, saber se é real. Não sei se a encontrei em sonho ou em algum paralelo imaginário do globo terrestre, campestre, agreste. Como cabra da peste, quero sossegá-la, trazê-la para a realidade. Por hora, tudo é vazio, frio e saudade. Não sei em que cidade procurá-la. Só sei que preciso achá-la, tocá-la, provar para mim que ela existe para além do olhar triste que deixou cair pelo caminho. Sigo a sua procura por montes claros e escuros, inseguro e sozinho. Que tal, amor meu, ilusão minha, uma taça de vinho, um segredo hebreu, um beijo de rinha. ...
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13/05/2010 -
Última chamada para o quadradistão
Vou selar o meu cavalo e partir imediatamente para o quadradistão. Lá não existe futebol. Pudera, tudo lá é quadrado. Isto é, não há espaço para a bola e para seus amantes. No quadradistão as pessoas não perdem seu tempo discutindo, brigando e teorizando sobre futebol. Lá ninguém obriga seus filhos a entrarem em escolinhas de futebol. Lá há espaço para as escolas de piano, de literatura, de dança... E as crianças não deixam de ser felizes por conta disso. No quadradistão um verso, um passo, um acorde, um beijo vale muito mais do que um gol. ...
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