Daniel Campos

Poesias

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Toada

A saudade é um arco
Vazio
Cuja flecha
Um cupido disparou.

Nas águas de setembro
Veio vento
Veio barco
Só a menina não voltou.

Rosa caiu na beira do rio
Garça disfarçou sua graça
Amora pintou os olhos de quem chora.

Deu tempestade
Deu nevoeiro
O medo gritou
E o tempo chamou
O barqueiro
Da saudade.

No rio
Entre remos e correntezas
Entre demos e incertezas...
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Toada da ilusão

Ah! Minha menina
Que eu imaginei que fosse minha
E sonhei que era menos menina
Por que tem de ser assim
Eu longe de ti
Eu longe de mim
O longe e o fim...

Ah! O destino já passou
E eu não vi
Aonde ele nos deixou...

Ah! Minha menina
Por que não luta
Contra o que lhe medra?
Porque a sua dor
Tem que ser uma pedra
Tão bruta?

Ai, a beleza existe
Ai, o sol ainda brilha
E a vida é a filha...
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Toc toc

Toc toc
Estão batendo na porta do meio
Lá onde mora seu último volteio
Que volteou de tanto amor
Guardo a sua volta
Como a penúltima nota
De um adeus sem volta

Ah! Não solta
As linhas dos sonhos de papel
São tantas saudades correndo no céu
Da tua boca
São tantas vontades loucas
Se enrolando em tua língua
E o destino – aquele amaldiçoado
Querendo me jogar à mingua

Ah! Tenho de resistir às feras...
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25/03/2015 - Todaria

Nem toda tarde arde
Nem todo sol dá arrebol
Nem todo medo vem cedo
Nem toda fé dá pé
Nem todo jardim dá alecrim
Nem todo arcanjo foi anjo
Nem toda esperança cansa
Nem toda sina se destina
Nem toda beleza põe mesa
Nem toda peia clareia
Nem toda rosa é prosa
Nem todo curió dá timbó
Nem toda bruxa murcha
Nem toda moça é de louça
Nem todo pecado é castigado
Nem toda janela dá aquarela
Nem toda galinha bota sozinha...
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12/06/2014 - Todo dia é dia

Minha namorada
Mulher-menina
Obra-prima
Amada pra valer
Hoje é só um dia
Mas como todo dia
Meu dia é pra você
Dia de confessar,
De expressar e gritar
O amor, o amor, o amor
Que tempo e distância
Algum vão fazer calar
Dia de declarar e cantar
Como ontem e amanhã
É a minha encantada
O meu conto de fada
O meu romance
De infinito alcance
Onde estiver
Estarei contigo
Pra todas as horas...
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23/05/2014 - Todo o amor que pude

Todo o amor que pude
Foi pouco
Foi louco
Foi vermelho não nude

Amei pra lá do limite
Amei pra cá do alvitre
E num amor amiúde
Todo o amor que pude

Sem mesquinharias
Sem quinquilharias
Vibrei limpo e tinto
Todo o amor que pude

Amei à minha moda
Reinventando a roda
Certo e aberto, cantei
Todo o amor que pude

Apaixonei-me de verdade
Para além da intensidade...
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19/03/2014 - Todo seu

Estou aqui pra você
Todo e só pra você
Pode pegar e morder
Abraçar, pode querer
E querer mais, demais
Aparecer, reaparecer
E até se se esconder
Em mim e em mim
Não existe jamais
Nunca mais
Ou até mais
É sempre mais
E mais e mais
Pode beijar, arranhar
Fazer o que quiser
É a minha mulher
E tem direito
De fazer seus feitos
Do seu jeito
Pode se apossar
Pelo tempo que me der...
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18/02/2016 - Todo tempo

Reza a lenda
Que o amanhã
É o ontem
Agora

Que o tempo
Não vem
Nem vai embora
Como onda de mar

E se tudo o que será
Já é
Nada se perdeu
Nem se perderá


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09/01/2016 - Tom de chuva

Hoje o sol não veio
A chuva raiou
No seu lugar
E um tom intimista
Sem freio
Se instalou
E sem mais senões
Me fez otimista
Nas variações
Do verbo amar


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25/01/2017 - Tons de Tom

Qual é o seu tom?
O meu é Jobim
No jardim das rosas.
O passarim-compositor
Une poesia e prosa
Estrela, mar e batom
Em uma trova-melodia
No primor da bossa nova.

Tom Jobim é remédio
Para todos os dias
Contra males e tédio
Dose elevada de amor
Que nos leva nas asas
Da Matita-Perê
Pelo auê das não rasas
Águas de Março.

Jobim é o poema-passo
Cheio de balançado,
Correnteza e delicadeza...
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