Daniel Campos

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Toada

A saudade é um arco
Vazio
Cuja flecha
Um cupido disparou.

Nas águas de setembro
Veio vento
Veio barco
Só a menina não voltou.

Rosa caiu na beira do rio
Garça disfarçou sua graça
Amora pintou os olhos de quem chora.

Deu tempestade
Deu nevoeiro
O medo gritou
E o tempo chamou
O barqueiro
Da saudade.

No rio
Entre remos e correntezas
Entre demos e incertezas
Entre a luz e a sombra
Que zomba o vaga-lume
O casulo da tristeza
Se abriu
Nasceu o ciúme.

Rosa floriu na beira do rio
Garça esgarçou sua graça
Amora pintou os lábios de quem namora.

Nas águas de setembro
Deu primavera
Deu sentimento
A saudade se acabou.

E o barqueiro
Soprou sua vela
Rumo a outros tempos
Quando a menina voltou.


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