Daniel Campos

Poesias

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19/02/2015 - Os filhos do hoje

Tudo muda, gira, vira, troca de lugar
Nada pode parar
Porque se parar o bicho pega,
O bicho-tempo
Pega, fere, finda e ainda faz atirar
Ao esquecimento
Tudo o que somos até então

A vida é um eterno caminhar
Não dá para ficar
Esperando o futuro chegar
O tempo passar
A dor ir embora
A lágrima secar
É preciso avançar

Porque somos nós
Os filhos do hoje
Que fazemos o amanhã...
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Os olhos da espera

Se você pensa ser mais forte que a vida
Está enganado
A vida não foi feita para nós
Nós fomos feitos a ela
Numa forma de escravidão.
As estrelas amanhecem
As nuvens anoitecem
Ficam brincando de esconder
Nossos dias, vidas, nossas noites.
A idade sempre rima saudade
Você não volta no tempo
Só se viver de nostalgia
Mas já dizia o passado
Que ela não traz alegria.
A vida nos obriga à realidade
Acorda os sonhos...
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Os olhos da mulher amada

Como doem os olhos da mulher amada
São olhos que perfuram e torturam
Que sufocam e provocam
Que latejam e beijam
A coisa amada.

De uma troca de olhares
Surgem detalhes
Deixas
E cenas inteiras.

É como fosse criado um fluxo
Contínuo em sua mais completa descontinuidade
Uma estrada
Curvilínea, retilínea, parabólica
Com tendências para o infinito
Da saudade.

Ah! Os olhos da mulher amada
São poemas...
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Os olhos e o cristal

Silêncio
Entre os olhos e o cristal
A água,
Espelho translúcido,
Reflete o reflexo úmido.

No copo, o suor frio
Escorre transparente
Entre lábios e águas
Torrentes como correnteza
Que não se acha.

O sol
As nuvens
Os olhos
A água
E os gestos
Do silêncio submerso
Desfazem-se
Na doçura
Da boca de água
Que ficou num canto dos olhos.


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Os sonhos da mulher amada

Quebrem as muralhas
Soltem as amarras
Cortem as correntes
Que prendem
Os sonhos da mulher amada
Soltem esses sonhos soltos
E que a eles não haja lei
Tampouco regras de convivência
Ou de amabilidade
Que eles corram
E façam piruetas
Na cabeça da mulher amada
Sem qualquer censura
E que as contra-indicações
Dessa mistura de sonhos
Sejam bem-vindas
Ou melhor, que sejam vividas
A fundo....
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07/11/2016 - Ou

Se ama, me devora
Se não ama, vá embora


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Ouça

Fecha os ouvidos
E ouça o que diz o poeta
O poeta
O poeta
O poeta

...

Ouça o que pede um poeta!
Ouça o que aconselha um poeta!
Ouça o que poetiza um poeta!
Ouça
E vá viver como quer o poeta
Nos braços da poesia
Entregando-se às rimas
Dialogando e se calando
Nos versos feitos pra você...

Ah!...

Ah! Sonha como sonham os poetas
Ah! Acredita como acreditam os poetas
Ah! Ama como amam os poetas...
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Outonalidade

A tarde se esparrama de forma descontínua nas águas do lago
E deixa a dúvida de não se saber, ao certo, para onde vai
Se vai para algum ambiente paradisíaco, cinematográfico
Ou se apenas fica escondida em alguma boca
Até o instante de ser cedo novamente para ser tarde
Tarde para mim, para nós, para a tarde numa tarde que arde.

A vida das outras horas parece não ser a mesma à tarde
A tarde traz consigo um sabor adstringente de saudade
É como se a vida à tarde passasse de trás para frente...
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Outono

Folhas
Esparramadas pelo chão
Feito bolhas de sabão
Folhas de caderno
Folhas do inverno
Que ainda não acabou
Folhas na lapela
Do terno
Folha na capela
Do buquê que ficou
Chão de folhas
Brancas
De batom
Folhas
Da boca
Louca
E santa
E tão pouca
Folhas morenas
Que dançam ao vento
Cantigas amenas
De um sentimento
Que pende
Que tende
Que não se vende...
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21/08/2015 - Outra chance

A lua chegou
O dia terminou
O mundo se abriu
E a distância entre eu e você
No espaço sumiu
Como num cometa
A esperança passou
E tudo o que se foi, voltou
O coração se recriou



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