Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 172 de 248.

Inverno

Chuvisca.
Uma colcha de nuvens de várias tonalidades forra o céu.
Uma vontade de inverno surge na tarde escura.
Uma vontade cervical.
Uma janela sedutora.
Um vento afiado.
A lâmpada do quarto acesa numa sensação de felicidade triste.
Triste.
Um desejo de ir para a cama e se encher de cobertas.
Um chá quente.
Um bom disco de inverno.
Quem sabe erva-doce com Tom Jobim.
Para completar, uma leitura curta.
Um conto ou três poesias, no máximo....
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Inversões poéticas

Quando dois pontos se unem
A distância se torna imaginária.
Quando um mais um são sete
A semana será de lembranças.
Quando alguém disser talvez
O engano há de ser completo.
Quando seus olhos fugirem
Estarão guardados.
Quando a dor bater à porta
É porque não vai entrar.
Quando um copo vazio cair
A solidão há de lhe cortar.
Quando a vela se apagar
É porque a noite vai arder.
Quando a música mentir
Alguém vai lembra a letra....
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Investidas

E se não vier mais
E se não me avisar
E se não se lembrar
O que será da poesia
Que de tanto lhe esperar
Que de tanto lhe rogar
Que de tanto lhe buscar
Vestiu-se sem usar palavras
E traiu o dia
Na cama da noite que se desfaz.


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Investigações

Se não lhe encontrar
Novamente
Vou lhe procurar
De uma forma diferente.
Não vou mais olhar
Debaixo da cama
Dentro do armário
Detrás das cortinas
Da janela da sala de estar...

Não! Não vou lhe vasculhar
De porta em porta
De copo em copo
De noite em noite
Numa coleção de serenos
Eu vou lhe achar
Nas últimas alucinações
Nas últimas visões
Nos últimos venenos
No fundo de uma vista cansada....
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Invocações de amor

Do Divino. Do caos.
Da Natureza. Da Pré-história.
Da junção entre a másculo
E a feminilidade.
De corpos, ramos e peles.
Amor que vibra, que fala.
Que pulsa. Dá ritmo à vida.
Amor gostado, amado, apaixonado.
Amor sentido.
Amor tocado.
Amor provocado
Amor

Ancestral, carnal.
Dos nativos.
Tribal, transcendental.
De raiz, de folha, de fruto
E de semente
Em semente
Sementeira...
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Ir fugir ir fingir

Fugir
Querer se esconder
Vontade de ir embora
E querer ficar
E querer desquerer
O que não se pode negar
O destino agora
Não dá mais para sofrer
Melhor fingir.

Fingir
Ainda que para sofrer
Num tempo sem agora
Onde a regra é negar
Sem querer desquerer
Quem preferir ficar
Esquecer de ir embora
É só sorrir e se esconder
No mais breve fugir.


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Ironia

Amanheceu e o sol brilhou
Mais uma vez no meu olhar,
Cantarolando ao mundo afora
Sai à procura de um sorriso
Que anoiteceu em meu cantar.
Agora, o riso do sorriso chora
Agora, a alvorada foi embora
O mundo voou e o sonho não acordou
O mundo voou e o dia sem sol raiou.

Sorrir do sol... se um bem-te-vi te vir
Com um anjo perneta
Cantar pro sol...se um sábia te avisar
Do jogo da roleta
E se por no sol... se um beija-flor te propor...
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Irredutível

Podem me espancar
Podem me atirar
Nos calabouços.

Podem me fazer chorar
Como namoram
E se apavoram os moços.

Podem me testar
Podem me condenar
Da primeira à última instância.

Podem me afogar
Como um barco sem mar
Como um pirata em suas ânsias.

Podem fazer sem dó
Que eu não vou voltar
Não, eu não vou voltar
Não, não, eu não vou voltar
Voltar a ser tão só...


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Istambul

Quando é que você volta?
Quando é que você vem?
Está com saudade? Eu também...
Olha, meu sol de Istambul
Olha, tudo é tão azul
Pra que esse castigo?
Pra que ficar de mal comigo?
Você sabe que não tem razão
Machucar assim meu coração
Ainda mais quando esse coração é seu
Admita, o amor, o amor aconteceu
E quem somos nós para não vivê-lo?
E quem somos nós para não sabê-lo?
Volta, vamos nos redescobrir
E sorrir e sorrir e sorrir...
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Janeiro

De frente
Ao rio
Que corre
Janeiro
Seu lugar
Está vazio
Feito
Um velho
Candeeiro.

A imbaúba
Perdeu a conta
De quantas vezes
Você não veio
Não há rastros
De batom
E a lua pulou no rio
Feito pedra de crepom.


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