Daniel Campos

Prosas

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23/04/2013 - Teatro do absurdo

São tantas reflexões metafóricas me rondando. Um debate sobre situações vividas no amanhã e no meu pré-nascimento. O coração pulsa devastado como terra revirada. Nesse terreno brotam inquietações que ameaçam uma paz ainda desconhecida. Pela alma, um cenário insalubre, de guerra e morte. Olhos sempre em alarde. Sou tomado por imediatismos de longuíssimo prazo. Uma vontade indomável de fazer sempre o impossível. Um conflito indomável entre razão e emoção. Rodo a toda velocidade na roda cármica. Explosões de saudade e surrealidade ecoando por toda a minha falta de estrutura. Parto, em tantos partos, em busca de redenção. O destino se insinuando por linhas tortas. Uma vida em permanente confronto me engolindo em suas trincheiras. ...
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22/04/2013 - Busco sobreviventes

Busco sobreviventes nos corações em guerra. Busco sobreviventes nas bocas que amaldiçoam. Busco sobreviventes nos conflitos entre iguais e desiguais. Busco sobreviventes nas terras carentes de lei. Busco sobreviventes nos olhos dos céticos. Busco sobrevivente s depois das explosões dos pecados. Busco sobreviventes depois do reinado dos pesadelos. Busco sobrevivente depois da renúncia de deus.

Busco sobreviventes pelas sombras das pragas. Busco sobreviventes pelos partos da peste. Busco sobreviventes pelos urros das feras. Busco sobreviventes nas cidades fantasmas. Busco sobreviventes nos céus sem sol nem estrelas. Busco sobreviventes em cada um que sonhou, que amou, que vibrou. Busco sobreviventes pelas ruínas de um tempo que tombou. Busco sobreviventes depois do assassinato do amor.


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21/04/2013 - Descarte

Descarte o que lhe tira o sono e os sonhos. Descarte o excesso que lhe pesa os passos e os voos. Descarte os romances que não tiveram finais felizes. Descarte as lutas que fracassaram. Descarte a dor dos seus eus mortos e feridos. Descarte as perguntas sem resposta. Descarte o que se acumula como lixo em suas memórias. Descarte os pensamentos tóxicos. Descarte as tentativas que não tiveram êxito. Descarte as rezas que não foram ouvidas. Descarte o que já não é mais parte do seu mundo.

Descarte as palavras que não lhe fazem mais sentido. Descarte os medos infantis, os traumas adolescentes. Descarte o que já deixou de ser moda. Descarte manias sem fundamento. Descarte o que lhe faz mal. Descarte os rostos não quistos. Descarte episódios que lhe fazem chorar. Descarte o que lhe tira o equilíbrio. Descarte o que lhe declara guerra. Descarte o que não lhe valeu de nada. Descarte voltas e mais voltas de rotina. Descarte as promessas que se perderam pelos caminhos do mundo.


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20/04/2013 - Não, não sou

Não me aponte, pois não sou lápis. Não me amole, pois não sou faca. Não me passe, pois não sou roupa. Não me toque, pois não sou cachorro. Não me jogue, pois não sou lixo. Não me renda, pois não sou bandido. Não me ligue, pois não funciono. Não me peça, pois não sou santo. Não me prenda, pois não sou escravo. Não me quebre, pois não sou consertável. Não me cace, pois não sou caça. Não me salgue, pois não sou carne. Não me acenda, pois não sou vela. Não me roa, pois não sou osso. Não me apague, pois não sou rascunho. Não me julgue, pois não sou réu. Não me acerte, pois não sou alvo. Não me mate, pois não sou um bom defunto. ...
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19/04/2013 - Nasceu o sol azul

O sol azul nasceu nos confins da existência consolidando as profecias dos livros sagrados. O exército dos sonhos afrodisíacos se levantou e marchou rumo aos raios desse sol azulado. A moça correu de biquíni para se banhar no sol azul. O jovem abriu a boca para beber todo o azul daquele sol. O velho inclinou a cabeça esperando a cura para todas as suas doenças. A mulher abriu os braços querendo abraçar aquele azul como se fosse Cristo Redentor. A criança não entendeu nada, mas achou bonito.
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18/04/2013 - Mulher dos rios

Mágica como o Nilo. Cheia de braços como o Amazonas. Colorida como o Azul, o Vermelho e o Amarelo chineses. Desejada como o Ganges. Fria como o Ural. Bela como o Danúbio. Poética como o Tejo. Charmosa como o Sena. Metropolitana como o Hudson. Navegável como o Volga. Pontual como o Tâmisa. Sagrada como o Jordão. Corre às vezes no sentido inverso como o Spree. Perigosa como o Orinoco. Fonte de vida como o Kenai. Folclórica como o São Francisco. Insensata como o Douro. Surreal como o Tinto.
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17/04/2013 - Saudade enraizada

Por onde quer que eu vá, por aqui ou em qualquer lugar, levarei saudade. Saudade de um tempo não nascido. Saudade de um desejo proibido. Saudade de um sonho adormecido. Saudade de um sentimento banido. Saudade do que não pode ou não quis acontecer. Saudade do que eu fui impedido de viver. Saudade do que não hei de fazer. Saudade de um mundo paralelo. Saudade do gosto de marmelo. Saudade de um dia rosa-amarelo. Saudade de uma boca. Saudade de uma louca. Saudade do que sempre será pouca.

Minhas mãos estão carregadas de adeus. Meu peito segue cravejado por partidas. Nos meus olhos as imagens de tantas e quantas despedidas. Meus pés tropeçam em tantas separações. O choro de perdas ainda chora em mim. O começo e o meio caindo no fim. A minha razão ficando mais e mais cega a cada ponto das malhas tecidas pelas ilusões. O sim e o talvez sendo sufocados por um sem número de nãos. O encontro e o reencontro nas garras dos desencontros. Uma sensação de velório que me deixa tonto. ...
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16/04/2013 - Depressivamente assim

Sem mais querer, desqueria-se. Entregava os pontos. Jogava a toalha. Rendia-se por completo. Desistia de projetos, de planos, de destinos. Dava sonhos por perdidos. Abortava todo e qualquer tipo de esperança. Cansada de procurar pela luz no fim do túnel, entregava-se à escuridão. Queria dormir, mas tinha medo de acordar. Eram tantos pesadelos reais. Pesadelos com cara, nome e endereço fixo. Pesadelos que lhe agarram pelos cabelos, pés e pontos fracos.

Já não conseguia mais esconder as lágrimas. Aliás, revirava-se em lágrimas independentemente de hora e local. Sentia-se um lixo não reciclável. Já não se importava em expor caras feias, amarradas, desarrumadas. Não queria disfarçar, fingir, iludir a si mesma ou outro alguém. Aliás, já não agüentava mais ser o que não era. Tomava remédios e drinques com a mesma necessidade. Dentro dela um enorme mar de saudade, com direito a ressaca. ...
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15/04/2013 - Ó lua cheia

Ó lua cheia clareia minha estrada. Ó lua cheia incendeia minha morada. Ó lua cheia presenteia minha namorada. Ó lua cheia que brilha no fundo dos olhos da minha amada. Ó lua cheia que trilha meus caminhos na alta madrugada. Ó lua cheia filha do amor entre deus e uma fada. Ó lua cheia dos dragões de fogo e gelo. Ó lua cheia das paixões de atropelo. Ó lua cheia das ilusões que arrepiam dos pés aos cabelos.

Ó lua cheia esgarça o meu carretel. Ó lua cheia passa por mim arrastando seu véu. Ó lua cheia laça o meu carrossel. Ó lua cheia enluara o meu papel. Ó lua cheia tara a boca de mel. Ó lua cheia odara do meu céu. Ó lua cheia desce ao chão. Ó lua cheia tece o meu coração. Ó lua cheia, prece da contemplação. Ó lua cheia dança no meio da rua. Ó lua cheia lança minha esperança a sua. Ó lua cheia trança minha alma ainda nua.


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14/04/2013 - Cansada

Cansada de tanto esperar, ela aconteceu. Cansada de tanto se dar, ela se fechou. Cansada de tanto falar, ela se calou. Cansada de tanto sonhar, ela realizou. Cansada de tanto prender, ela cedeu. Cansada de tanto fazer, ela parou. Cansada de tanto largar, ela pegou. Cansada de tanto amar, ela chorou. Cansada de tanto querer, ela rezou. Cansada de tanto errar, ela se culpou. Cansada de tanto engolir, ela explodiu. Cansada de tanto vir, ela partiu.

Cansada de tanto sorrir, ela se zangou. Cansada de tanto obedecer, ela se libertou. Cansada de tanto andar, ela voou. Cansada de tanto beber, ela caiu. Cansada de tanto prazer, ela transcendeu. Cansada de tanto procurar, ela se perdeu. Cansada de tanto recuar, ela beijou. Cansada de tanto se limitar, ela ousou. Cansada de tanto doer, ela enlouqueceu. Cansada de tanto defender, ela bateu. Cansada de tanto lembrar, ela esqueceu.


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