Daniel Campos

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Encontrados 231 textos. Exibindo página 21 de 24.

Arrevoada

Voa
Num pé de vento
Num sentimento
Que arrevoa
Para passar
O inverno
No sul
A espera da menina
Que ainda anda
Longe e tão longe
De nascer,
Mas voa
Ao primeiro alvorecer
Com asas
De colibri
De bem te vi
De paturi
E pousa
Nas mãos do adeus
Como um louva-deus,
E não o bastante
Voa
E sobrevoa
Um telhado
De telha
Cor-de-rosa-de-cor...
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Arritmia

A mulher amada faz-se perto
Como se chegasse com o vento
Úmido e secreto
De uma nova fase da lua
A mulher amada é o melhor remédio
Aquele que cura qualquer doença
Seja física ou espiritual.

A mulher amada sorri
E antes do fim do sorriso
Chora
E antes do fim do choro
Sorri
A mulher amada brinca
E fala sério
A ponto de nos deixar com um medo
Que ainda não se explica.

Com naturalidade...
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17/05/2016 - Árvore de poesia

Podem tirar-me do chão
Cortar minhas raízes
Serrar o meu tronco
Tombar-me no riachão

Podem abortar meus frutos
Estraçalhar minhas flores
Esconder minhas sementes
Transformar-me em pó

Eu continuarei
Dia após dia
Sendo o que sou
Árvore de poesia

Minhas raízes bailam no ar
Meu tronco é imaterial
Minhas folhas são sonhos
Meu fruto é o verso

Preste atenção, meu bem...
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Comentários (1)

04/01/2015 - Arvoredo

Deita seu corpo em meu leito
Toma minha cama, diz que ama
Até perder a noção dos limites
Aceita meu convite imperfeito
Confessando suas tragédias
Consultando minhas enciclopédias
Sobre amor e mais o que for
Deita seu corpo em meu leito
Com todo respeito e pudor
Não me conte seus segredos
Mas me entregue seus medos
Abandona chão, teto, paredes
Dependurando suas redes
Pelos meus arvoredos


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As águas da mulher amada

Um rio sagrado
Eis como deve ser quisto o corpo da mulher amada
Um lugar sacro
Onde se banha para purificar
Os cernes da alma...
Quantos os círculos de medo
E de amor e de esperança
E de fantasia
Compondo o íntimo da mulher amada...
Quantas as magias correntes
Nas águas de carne
Da mulher que de quão doce
Brinca ao lado de botos
Cor-de-rosa...
São águas revoltas
São águas remotas
São águas místicas...
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08/03/2015 - Às mulheres

Às responsáveis pela vida
E pela paixão
A saudação
E as reverências
E intermitências
De um poeta que lida
Diretamente
E apaixonadamente
Com os ventres
Os seios, as bocas, os anseios
As ternuras e as loucuras
As pernas, a nuca, as costas
E as encostas
De quem é porto e mar solto
De quem é cancela e janela
De quem é mais que braço
É abraço
De quem é mais que olhos
É o conjunto de óleos...
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Às vezes, só às vezes

Às vezes pergunto como estão seus olhos
Às vezes me pergunto o que passa em seus olhos
Às vezes me pergunto onde estão seus olhos
Às vezes me pergunto o que leva em seus olhos
Às vezes me pergunto o que resta de mim em seus olhos.


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07/04/2015 - Asas ao infinito

Por não saber para onde vou
Já fico dessabido
Por não querer o que querem
Me ferem
E então pro maldigo bendigo:
Não, não, não esperem
De mim nada mais do que sou
Julguem ou não bonito
Sou asas rumo ao infinito


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06/03/2016 - Asas e raízes

Olha bem, esses meus braços são asas
Atrofiadas pela dor de não poder voar
Por não se contentar com águas rasas
Minha língua inquieta busca o profundo
Do mundo no palavreado do poeta
Meus pés, minhas pernas são raízes
Arrancadas da terra. Berra meu coração
O silêncio, a promessa, a imaginação
Em tantos e quantos milhões de matizes
Minha cabeça rodando segue aberta
Tal e qual o sexo dos anjos distraídos
Meu corpo feito de barro, de reboco...
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Assovios

Risquei o disco
Rasguei a letra
Rabisquei a música
Roubei o ritmo
Compondo-te
Em assobios.




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