Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 254 textos. Exibindo página 6 de 26.
20/06/2012 -
Pássara, por onde voa?
Pássara, por onde voa? Será que encontrou o céu perdido dos pássaros encantados ou será que voa baixo, carregando o fardo de seres não alados? Pássara, por onde voa? Será que está numa boa ou sua jornada em busca de fantasia foi completamente à toa? Será que se aninhou em algum pássaro ou o amor, como vento vagabundo, passou varrendo seu mundo? Pássara, será que é escrava ou patroa do seu destino? Pássara, por onde voa com seu desatino? Pássara, o que sente é eternidade ou o de repente? Ainda lê Drummond? Ainda crê em Santos Dumont? Ainda emite som? Pássara, por onde voa? Voa pelo sol, ou pela chuva ou pela garoa? Voa sozinha ou segue ainda com Fernando Pessoa?...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
25/09/2013 -
Passarê
O bem-te-vi chegou dizendo que te viu, que te viu. O pardal chegou aos pulos, daquele jeito apressado de sempre. O sabiá chegou estufando o peito. O anu chegou já se dependurando na cerca. O pássaro preto chegou e foi logo se multiplicando pelo chão. O azulão chegou todo blue. O caboclinho chegou brejeiro arrumando seu espaço. O fogo-apagou chegou dando notícia do fim do fogo, mas cheio de fogo. O mutum chegou cheio de medo e ficou só na espreita. A gralha chegou querendo chamar atenção. A cigana chegou sem achar parada. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
16/08/2012 -
Pássaro de beira de rio
Pássaro cantou na beira do rio esperando seu amor. Cantou lá na galha do arvoredo como se não tivesse vergonha nem segredo. Cantou batendo as asas, blefando voos e promessas de casar. A água foi passando e o pássaro se acabando de cantar. Cantava na árvore como se cantasse na janela da menina. Cantava miudinho vendo o dia raiar, vendo a noite passar. Cantava em prosa e em verso como que imerso numa nuvem coração. Cantava samba, chorinho e baião.
O pássaro tinha beijos em seus pulmões. Assovio de desejo. Melodia do além-tejo daquele pássaro português. Pássaro nascido de um braço de viola. Pássaro de beira de rio que quando ponteia provoca arrepio. Pássaro que semeia o vento no peito do cantador. Pássaro de beira de rio que acaba com o vazio do amor. Pássaro que enfrenta a correnteza e bole na tristeza da gente. Pássaro de luminosidade cujo canto não sossega. Pássaro que nega a saudade e estrala uma nova realidade.
Seja o primeiro a comentar
09/10/2013 -
Pássaro de fogo
Um dia o pássaro de fogo se acabará em cinzas. Um dia o pássaro de fogo, que tanto iluminou céu e terra, se apagará. Um dia o pássaro de fogo, soberano das queimadas, se queimará. Um dia o pássaro de fogo, que tantos gritos causou, morrerá de gritar. Um dia o pássaro de fogo cairá como um balão de São João. Um dia o pássaro de fogo procurará suas asas e só achará fuligem. Um dia o pássaro de fogo se molhará numa tempestade, numa enchente, num pranto. Um dia o pássaro de fogo não resistirá. Um dia o pássaro de fogo invocará seus deuses e descobrirá que eles estão todos mortos. Um dia o pássaro de fogo cansará de guardar a chama do destino. Um dia o pássaro de fogo sucumbirá como uma estrela cadente. Um dia o pássaro de fogo deixará de explodir como um sol alado. Um dia o pássaro de fogo derreterá como vela na mão do pecador. Um dia o pássaro de fogo despencará como um feitiço quebrado. Um dia o pássaro de fogo deixará de fingir que não chora labaredas. Um dia o pássaro de fogo será riscado na brevidade de um palito de fósforo. Um dia o pássaro de fogo só existirá nos livros. Um dia o pássaro de fogo deixará de assombrar e encantar. Um dia o pássaro de fogo amará e nesse dia matará seu amor. E nesse dia o pássaro de fogo implorará ao vento para que deixe de soprar o braseiro que é seu coração.
Seja o primeiro a comentar
17/06/2012 -
Pássaro invisível
Cuidado. Os ladrões de sonho estão à solta pelo reino dos sonhadores. Nesse reino, que mais parece uma grande vitrine de padaria, os sonhos são fartos em quantidade e recheio. Sonhos doces prontos para serem mordidos por nossas almas famintas. Porém, como nada é perfeito, há aqueles que não conseguem sonhar e tentam, a qualquer custo, apoderar-se dos sonhos alheios. É preciso ter cuidado e guardar seu sonho de qualquer perigo que possa haver sem sufocá-lo, tampouco atrofiá-lo ou matá-lo.
...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
06/03/2015 -
Pássaro passa
Pássaro que é pássaro nunca deixa de voar. Nem a idade nem a tempestade nem a saudade fazem-no desistir de amar o céu. O pássaro nasceu para ficar suspenso entre a nuvem e o chão. O medo jamais é maior que o ímpeto pelo voo. O pássaro sabe que o verbo que o rege é o passar. O pássaro passa. É folha ao vento. É suspiro, jamais lamento. É onda no mar do esquecimento. O pássaro nunca sabe quando completa seu voo, por isso sempre precisa bater asas em busca do seu destino. E destino de pássaro é em pleno ar. É como um remetente à procura do destinatário. Pássaro não é peixe de aquário. Pássaro é o livre, o liberto, o libertário. Pássaro é breve, mas se atreve a ser infinito a cada voo. O pássaro é a envergadura do traço divino. O pássaro é a abotoadura do tempo, é o dobrar do sino, é o espanto do menino. Pássaro é o traço do criador em movimento. Pássaro é o braço da saudade acenando para a manhã de ontem ao encontro do amanhã. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
07/12/2015 -
Pássaro preto
Pássaro preto cantou na amoreira, lambuzou-se de amora, voltou pra casa e apanhou da passarinheira, que achou que ele a traiu com alguma biscateira.
Pássaro preto chorou a noite inteira, expulso do ninho, pousou num galho de goiabeira e toda a redondeza ouviu a beleza da sua choradeira.
Pássaro preto cantou na roseira, perfumou-se de rosa, voltou pra casa e se declarou para passarinheira, que teve a certeza de que ele estava numa zoeira.
Pássaro preto vou, vou até Madureira e na Portela seu choro rendeu samba e até enredo de carnaval. Pássaro preto cantou, desfilou, sambou e seu choro deu no jornal. ...
continuar a ler
Comentários (1)
06/01/2013 -
Pássaro quer
Pássaro quer voar. Pássaro quer bailar. Pássaro quer ser feliz. Pássaro quer assoviar, cantar, estralar. Pássaro quer viver a vida por um triz. Pássaro quer ninho. Pássaro quer água, néctar, vinho. Pássaro quer se acabar. Pássaro quer um coração alado. Pássaro quer gostar e, amar e se apaixonar. Pássaro quer estar sempre ao lado. Pássaro quer ser livre. Pássaro quer que nada lhe prive de ser pássaro.
Pássaro quer acontecer. Pássaro quer prazer. Pássaro quer passarada. Pássaro quer amanhecer. Pássaro quer horizonte e estrada. Pássaro quer conhecer o que há detrás do monte. Pássaro quer algazarra. Pássaro quer música ensolarada. Pássaro quer asa, quer bico, quer garra. Pássaro quer ser ponte entre terra e céu. Pássaro quer se tecer num outro véu. Pássaro quer beber do mel e do fel do que é ser pássaro. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
01/04/2011 -
Pássaro sem asas
Pássaro sem asas, isto é o que sou. Um condenado ao solo. Vou e não vôo. Presa fácil. Alguém que flerta com o céu e não pode tê-lo. Como seria bom deslizar por correntes de ar em feitio de um veleiro. Mas não tenho asas ou velas que me ascendam aos anjos. Sou apenas um pássaro sem asas. Um ser incompleto e limitado. Ao contrário de transitar por entre nuvens, encho-me de ferrugens. Ao contrário de ser nômade, pegando carona no vento, tenho endereço fixo e pés com funções de raízes.
Daqui de baixo, tento criar uma gramática própria para me comunicar com o pássaro pleno que eu não sou. Que eu não pude ser. Mesmo de longe, as aves me dão um novo conhecimento de mim e do mundo. O decolar, o planar, o aterrissar, enfim, o balé de um pássaro reproduz sons e, consequentemente, palavras que os ouvidos humanos não são passíveis de compreender. Mas eu, que sou metade homem metade pássaro, tenho sonhos pesados demais para voar e um coração alado, aprisionado em um peito. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
24/09/2014 -
Pássaro voou
Depois de tantas investidas, de tantas partidas, de tantas doídas... O pássaro nasceu e voou para bem longe e se fartou de tempo. Pássaro esticou asas e foi dar no horizonte de lá de trás dos montes leve como nuvem e forte como couro de rinoceronte, tanto que venceu os trovões e os rincões do medo. Pássaro fez ninho de meia-estação e picou um novo verão, de ares incríveis e lugares aprazíveis. Pássaro seguiu trilhos, estribilhos, filhos de uma geração que seguia o sol. Depois de tantos problemas, de tantos dilemas, de tantos poemas... O pássaro nasceu e voou para bem distante de tudo o que ficou. Pássaro abandonou o que lhe abandonara. Pássaro cantou contra o silêncio que lhe tomara. Pássaro se libertou das gaiolas da ilusão que lhe fazia fraco, tolo e solidão. Pássaro encheu os pulmões de verdade e saiu ainda meio zonzo, mas disposto a mudar sua realidade. Pássaro abortou um amor que só lhe fazia pesado, que só lhe tirava o céu, que só lhe afastava da lua. Pássaro enjoou de cantar para quem não escuta e foi morrer longe dos olhos sem amor...
Seja o primeiro a comentar