Daniel Campos

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16/08/2012 - Pássaro de beira de rio

Pássaro cantou na beira do rio esperando seu amor. Cantou lá na galha do arvoredo como se não tivesse vergonha nem segredo. Cantou batendo as asas, blefando voos e promessas de casar. A água foi passando e o pássaro se acabando de cantar. Cantava na árvore como se cantasse na janela da menina. Cantava miudinho vendo o dia raiar, vendo a noite passar. Cantava em prosa e em verso como que imerso numa nuvem coração. Cantava samba, chorinho e baião.

O pássaro tinha beijos em seus pulmões. Assovio de desejo. Melodia do além-tejo daquele pássaro português. Pássaro nascido de um braço de viola. Pássaro de beira de rio que quando ponteia provoca arrepio. Pássaro que semeia o vento no peito do cantador. Pássaro de beira de rio que acaba com o vazio do amor. Pássaro que enfrenta a correnteza e bole na tristeza da gente. Pássaro de luminosidade cujo canto não sossega. Pássaro que nega a saudade e estrala uma nova realidade.


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