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Encontrados 45 textos. Exibindo página 3 de 5.
03/10/2013 -
Índio
Tem um índio dentro de mim. Um índio que quer vida. Um índio alto, gigante, que escapa pelos meus poros. Um índio que fala todas as línguas. Um índio que se entende com as estrelas. Um índio que ama o que é do mato. Um índio que fala forte. Um índio que pulsa em mim. Um índio contemplativo e guerreiro. Um índio que chora pelos pássaros caídos, pelas árvores tombadas, pelas terras queimadas. Um índio que reina num reino sem dono.
Tem um índio que festeja e guerreia em mim. Um índio que toma de conta de tudo o que sou, o que sonho, o que faço. Um índio pintado com cores e desenhos trazidos dos céus. Um índio de rituais ancestrais. Um índio que conhece cada uma das minhas trilhas. Um índio que é da lua, do rio, da mata. Um índio com asas espalhadas pela pele vermelha. Um índio que anda descalço pelo meu território em respeito ao sagrado que existe em meu mundo particular.
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17/02/2014 -
Indivizíveis
Ninguém vai nos separar, pois o nosso amor que chegou de mansinho, mas avassalador, já se fez enraizar e agora é só amar e amar e amar. E eu amo a mulher perfeita, que é bem feita em cada nanograma que lhe compõe. Enquanto nos olhos desta mulher o sol se põe, a lua nasce em tua boca. De fato, esta mulher que eu amo e que ninguém vai tirar de mim é uma coisa louca. O nosso amor pode fugir à compreensão dos céticos, mas é facilmente vivido, e bem querido, pelos poéticos. E nós, amada minha, somos feitos da mesma poesia que nos prova que não há limite entre realidade e fantasia. Nossa sintonia é fora de série e nossa história rende facilmente uma dúzia de macrosséries em horário nobre. Sim, nós podemos e devemos nos amar porque a felicidade nos quer juntos para poder acontecer. ...
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14/01/2016 -
Indo de tudo quanto é jeito
Se eu for de caminhão, chegarei ao final do estradão. Se eu for de asa-delta vou até onde o vento quiser. Se eu for de nave espacial preciso, antes de tudo, aprender a língua dos extraterrestres. Se eu for a pé posso me perder em alguma mulher. Se eu for de balão não será mais inédito dar a volta ao mundo. Se eu for de submarino posso encontrar cidades perdidas, galeões assombrados e criaturas desconhecidas. Se eu for de cipó pode ser que eu chegue só à metade do caminho. Se eu for de ponto em pesponto que coração servirá de linho? Se eu for de espinho em espinho chagarei perto da rosa a ponto de eu pular e desfolhar seu cálice perfeito. Se eu for de jegue para tudo dá-se um jeito. Se eu for cortando caminho perderei o melhor, com certeza. Se eu for de trem eu alcançarei a realeza. Se eu for de bicicleta eu pedalarei sozinho. Se eu for de barco eu me darei à correnteza. Se eu for nos olhos das mulher amada verei o que quero e o que não quero. Se eu for pela boca da mulher desejada eu, na primeira oportunidade, me jogarei ao coração. Se eu for pela saudade aí andarei em círculos e não há de prestar mais não.
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12/01/2016 -
Indo longe
E ela dançou, dançou, dançou até fazer vendaval e sair de pernas dadas com o vento para algum lugar do espaço sideral. E ele acreditou que a terra tinha fundo e cavou, cavou, cavou tão profundo que achou o oco do mundo. E ela pensou que a lua fosse de mel e procurou, procurou, procurou e não achou abelhas lunares, mas encontrou a rainha de Antares. E ele idealizou o amor perfeito e sonhou, sonhou, sonhou até acordar numa paixão desenfreada vendo na mulher amada sua loucura materializada.
Comentários (1)
14/12/2011 -
Infeliz aniversário
Olha lá aquela menina que não sabe para onde vai. Hoje ela completa três anos de idade e ainda não ganhou sequer um abraço. Há três dias a mãe está sumida. Talvez na cadeia, talvez caída drogada. Ao contrário de bolo e docinhos aquela menina sonha com um pedaço de pão amanhecido. Afinal, é o que seu estômago conhece. Caminha com os pés sujos, com os olhos de remela e a cabeça cheia de piolhos e medos. Ela chora por um prato de comida, por um pouco de colo e afeto. O que ela recebe mais próximo de um beijo são as lambidas de um cão sarnento. O sol e as estrelas são o teto daquela menina que cresceu sem mamadeira, sem fraldas, sem canções de ninar, sem o mínimo do mínimo do mínimo de cuidado....
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03/10/2010 -
Inferno de Dante
Vamos colocar mais água no feijão, afinal, hoje é dia de eleição. E em dias como hoje tem sempre uma boca a mais para comer um pouco da gente, da vida da gente. É tanto candidato querendo tirar o nosso pão e nos deixar só com duas ou três migalhas na mão. Sai pra lá corrupião. Eu renego essa sua prosa barata, seu doutor cramulhão. Hoje tem sempre alguém tentando comprar a sua ideologia, tentando lhe empurrar uma velha fantasia, tentando selar um pacto em troca de alegria.
Hoje é dia de eleição. Hoje um novo tempo pode vingar ou ser sepultado nas próprias urnas, eletrônicas ou não. Hoje alguém vai querer lhe dar um lote, uma cesta-básica, uma dentadura. Cuidado com as promessas, com a ilusão, com as máscaras e com o excesso de compaixão alheia. Hoje é um dia perigoso. As bruxas e os monstros estão soltos. Vale à pena rezar um mistério glorioso pedindo pra ser iluminado e pra não cair em tentação. Pois o demônio, em dias assim, mora ao lado. ...
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19/10/2015 -
Inferno pra baixo?
Se o inferno fica pra baixo por que enterramos nossos mortos? Por que cavamos para encontrar batatas, mandiocas e gengibres? Se é tão ruim lá embaixo por que as raízes das árvores vão a fundo? Por que abrimos buraco para buscar água? Se o inferno é no profundo do mundo o demônio não deve dormir com o barulho do metrô e ter sua casa destruída com escavações à procura de água, petróleo, ouro? Os piratas não tinham medo do fogo do inferno ao enterrarem seus tesouros? Se o inferno fica pra baixo por que as minhocas e tatus não ficam cozidos? Se o inferno fica pra baixo por que a terra é boa pra plantio? Se o inferno fica pra baixo por que ainda não nos acabamos num imenso vulcão? ...
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16/10/2014 -
Inigualável
Na escuridão do dia ela chega de assalto, ensolarada e quente, como se fosse queimar a gente em sua combustão poética. Chega sem ruídos colocando as peças do meu destino em movimento como num tabuleiro de xadrez. Reconheço cada um dos seus silêncios primaveris, que gritam como flores se abrindo. Já parou para pensar nas dores de parto das flores se abrindo para enfeitar seus jardins, suas ruas, seus vasinhos? Pois bem, a mulher que amo floresce calada para enfeitar minha cama, meu corpo, meu lado, minha alma. Eu me comovo com tudo isso e com isso tudo. E mesmo no quarto escuro reconheço nitidamente a explosão de silêncios da mulher amada se transformando em ramas e pétalas. Uma sinfonia natural, delicada, imperceptível para os ouvidos que não se atentam à poesia. Na verdade, ouso dizer que somente um mente apaixonada é capaz de perceber tais notas. Notas musicais e perfumadas que se espalham pelo ar a partir da mulher que floresce como uma fragata deslizando pelos céus da minha imaginação, que é mais real do que muito do que se vê por aí. Floresce, íntima e singular, de forma inigualável na medida exata do amor.
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29/08/2011 -
Injustiças
Injusta é a espera que nunca chega ao fim. Injusta é a maneira que me toma. Injusta é a conta que nunca cessa. Injusta é a fome que roncando se manifesta. Injusta é a quebra de expectativa. Injusta é a seca que não distingue suas vítimas. Injusta é a sofreguidão dos inocentes. Injusta é a batalha entre verdades e mentiras. Injusta é a fogueira onde queimam as bruxas que me habitam. Injusta é a preocupação que não dorme em mim. Injusta é a falta que consome com o auxílio do tempo.
Injusta é a lâmina da descrença que me fere. Injusta é a boca que me abocanha. Injusta é a mão que me tira. Injusta é a língua que nos julgam. Injusta é a mentira que me conta. Injusta é sentença que me obriga a cumprir. Injusta é a palavra com que me apedreja. Injusta é a acusação que me levanta. Injusta é a ira sem propósito. Injusta é a cara feia sem remédio. Injusta é a força bruta que tudo tomba. Injusta é a incompreensão que lhe habita. Injusta é a raiva que toda vez, deslealmente, vence a ternura...
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03/08/2011 -
Inocente ilusão
Ele vivia num mundo surreal. No mundo da lua. No mundo da imaginação. No mundo das canções. Ele vivia num mundo de plumas e molas, capitão do seu colchão à vela. Navegava pelo quarto, enfrentava os pesadelos com pernas de pau e de um olho só. Volta e meia se apaixonava por uma sereia e acordava nu na areia.
Cavava seu jardim à procura de um tesouro perdido. Conversava com duendes, flertava com fadas, passeava em naves espaciais. Cavalgava em um unicórnio pelas florestas e se pegava montado em uma cadeira, pulando pela sala de jantar. Conversava com a lua, se dependurava nela, até que alguém lhe mandasse largar o lustre. ...
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