Daniel Campos

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Encontrados 60 textos de abril de 2016. Exibindo página 6 de 6.

05/04/2016 - Tuiuiú

O tuiuiú
Compõe
Canta
Seu canto
Nu

O tuiuiú
É mantra
Acalanto
Que põe
Nu


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05/04/2016 - Ligações

Eu cheguei e logo me apresentei às moças. Meus braços nasceram para os laços como os talheres para as louças. Sou como ponto em cruz, nervo remontado, galho entrelaçado, caminho cruzado. Nasci para ser par sendo ímpar. Sou a mão que une as cordas do violão. Sou olhares trocados, línguas emaranhadas, corpos misturados, sexos casados. Sou junção, fusão, imersão no coração alheio. Floreio, serpenteio, clareio num único desejo: ligar-me. Viver é a sina de ligar-se num apaixonamento sem fim. Ligar do verbo unir, do verbo acender, do verbo conectar. E o que é a paixão senão uma união, um clarão, uma conexão de tecidos, transcendentes, gemidos, sementes, desejos e ensejos compreensíveis ou não, possíveis ou não, porém, sempre incríveis. E quando me apresentei às moças, liguei-me a elas no ímpeto versejo da mulher amada tornando a vida nada insossa.


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04/04/2016 - Tô que tô

Hoje eu tô que tô. Ninguém me segura. Tô mais feliz que papai noel gritando hô-hô-hô. Hoje eu tô que tô. Tô quente, bonito, fervendo, querendo mais e mais de tudo isso. Hoje eu tô de reboliço. Hoje feitiço não me pega. Hoje nada de ruim me carrega. Hoje eu tô que tô. Atotô, atotô. Hoje eu tô nagô, enfrentando, quebrando, rolando as pedreiras de Xangô. Mais charmoso que canto de agogô. Mais cheiroso que fulô de laranjeira. Tô ioiô descendo ladeira, pulando ribanceira, dando canseira na iaiá. Hoje eu tô que tô, sinhô sem chororô, querendo amar no larara lararara larararaó. Atotô, atotô, ioô chegou. Hoje eu tô que tô, fazendo kizumba, desfazendo macumba, rompendo a tumba do faraó. Ó que dó de você, pois eu tô que tô girando o mundo, botando fundo, aproveitando cada segundo que deus me dá. Hoje tô todinho de iaiá. Hoje tô doidinho por iaiá. Hoje tô no caminho de iaiá. Hoje eu tô que tô bom de se apaixonar, no calor de me enviesar, num bate tambor de clarear e juntar os caminhos de quem não segue sozinho. Clareia, clareia, clareô. Atotô, atotô, me ama que eu tô, que eu tô que tô.


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04/04/2016 - Cala a boca Chico

Cala a boca Chico
Deixa de blábláblá
E vai cantar
É pra isso que veio
Larga de ser feio
E vai trovar
Como o Francisco
Que já foi um dia
O bom e velho Chico
Braço da fantasia
Que fazia do pior
Um novo belo dia
Cala a boca Chico
Deixa de quiproquó
Volta a cantar
Que é o melhor
Para todos nós


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03/04/2016 - Rei do coração

O rei passou por aqui, o rei bebeu por aqui, o rei espiou por ali e jogou sua coroa no mar. O rei não quis mais reinar. O rei deixou aposentos reais, riquezas e banquetes. Trocou tudo por um ramalhete vivo que o fez redivivo. Ela tinha olhos de matagal, e não pertencia às casas de Espalha, Catalunha ou Portugal. Ela não era de sangue azul, mas de sangue verde. Um sangue que vertia em seus olhos, em sua alma, em suas esperanças. E o rei perdeu a cabeça por essa criança. Abandonou mantos, cetros, mulheres, filhos, conselhos, exércitos, muralhas pelo coração. Tornou-se o amante de um amor que se vingou. O rei que tanto fez chorar, chorou. O rei que tanto traiu, foi traído pela própria ilusão. O rei que tanto mandou, obedeceu. E mesmo aos farrapos, o rei dizia valeu trocar a linhagem pela apaixonagem.


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03/04/2016 - Tempo real

O tempo talha a pedra
Penteia o capinzal
Leva e traz a água
E faz rolar o sal

O tempo borda o céu
Fecha as feridas
Abre a saudade
Vai-e-vem no casal

O tempo viaja o mundo
Se desmancha em vento
Quebra feito onda
Abstrato e carnal.


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02/04/2016 - Recém-sentimentos

Eu caio
Na cama
Desmaio
E me ama...
Eu saio
Da trama
E entro
Seu eu
Adentro

Canto
Adeus
Ao nosso
Tempo...
Quantos
Quânticos
Destroços
Recém-sentimentos
Ressentimentos


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02/04/2016 - Descrença

Nunca mais tive seu cheiro em meu corpo, tampouco seu tempero na minha boca. Tão pouco tive mais nada de você. Nem notícias, nem suas divagações e falações fictícias. Continuo sólido, você oca. Nunca mais tive seus desarvoramentos, seu coração afoito em minhas mãos. Meus problemas, dilemas, teoremas já não a interessam mais. Fiquei, como sempre estive, sozinho procurando cegamente o meu caminho. Não sabe mais por onde ando. É indiferente se eu acerto ou desando. De uma hora para outra, deu o fora, partiu, sumiu, deu no pé. Até ontem era minha mulher, hoje já não sei o que é. Da fé à descrença num piscar de olhos. Minhas crenças, seus óleos.


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01/04/2016 - Pro seu formigueiro

Segura no meu peito. Puxa meus cabelos. Se ajeita em mim do seu jeito. Dependura em meus braços. Fica perfeita na minha asa. Guia os meus passos para você. Suspira na minha lira. Mergulha no aquário dos meus olhos e se joga no meu eu. Nunca diga adeus. Parte meu ser em tantas partes até me carregar por inteiro, como formiga que leva mais dia menos dia uma árvore toda para dentro do seu formigueiro.


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01/04/2016 - Brotando "ocê"

Ficaram sementes e mais sementes
De saudade
Espalhadas pelo vazio que sou
Agora, sem você.

Sementes, mais sementes que choram
Querendo nascer
Brotar, viver, romper em mim
Mas o meu eu acabou. É fim!

Mais sementes, sementes que rolam
Dos meus olhos
Que não cabem no meu peito
Que cantam pelos meus ecos.

Ficaram sementes e mais sementes
Dormentes
Mas que nunca dormem
Esperando a época de brotar “ocê”. ...
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