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Encontrados 60 textos de abril de 2016. Exibindo página 1 de 6.
30/04/2016 -
Vento da montanha
Sopra o vento da montanha tamanha pelos vales do desassossego. São tantas criaturas correndo, por amor e por medo. O vento vai calando, vai cortando, vai embalando corpos que guardam diferentes reservas de vida. O tempo que abre é o mesmo que fecha as feridas. Sopra o vento da montanha por uma gente estranha que se estranha. Sopra o vento abrindo estradas, picadas, pegadas por um tempo concreto e abstrato. São lembranças, são saudades, são esperanças de todas as idades, são essas e outras realidades, são lambanças num mesmo destino. O vento sopra menino, o vento brisa menina, o vento dobra a esquina. Sopra o vento da montanha, ninguém perde ninguém ganha, apenas se vive, se sobrevive, se revive o que já é. O que já é foi e será. Pode ser diferente, pode mudar, pode ficar tudo de pernas pro ar quando ventar. Mas isso depende de como você vai receber esse ar, esse movimento, esse sentimento dinâmico que é a existência. Sopra o vento da montanha e assanha uma nova consciência na sua velha inconsciência. ...
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30/04/2016 -
De sete em sete
Pelos sete caminhos
Chamando sete luas
Beijando sete ventres
Vestindo sete linhos
Desposando sete nuas
Querendo sete ausentes
Um eu, sete continentes.
Pelos sete penitentes
Buscando sete versos
Adentrando sete saias
Correndo sete universos
Vivendo sete histórias
Comendo sete uvaias
Uma morte, sete glórias.
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29/04/2016 -
Além-sexta
Hoje é sexta. Finalmente. E todos ficam como que entusiasmados ou ainda contentes. Hoje é sexta e por isso tudo se dá de forma diferente. Mas e a quinta? E a quarta? E os outros dias de feira? Encontre o que há de melhor na terça ou na segunda. Não deixe a sua vida restrita a sexta-feira. Nem sempre a sexta acontece da forma como se esperou, se desejou, se planejou. Nem sempre a sexta é a solução de todos os seus problemas. Por isso, viva cada dia como se fosse o único. E encontre a beleza que há perdida ou escondida numa quarta-feira. Que a sexta seja sim esperada, mas que a terça-feira não seja desperdiçada. Que a quinta-feira não seja apenas uma ponte, pois ela tem o seu próprio horizonte. Que todos os dias encontrem o lugar devido na sua vida. Que todo dia seja dia de sonho e de lida, de amores, chegadas e despedidas. Que o amor, seja grande ou micro, encontre acesso em todos os dias da sua semana. Tenha ganha de viver a segunda, a terça, a quarta, a quinta como que pela sexta. ...
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29/04/2016 -
Nunca isso e aquilo
Nunca
Se vá
Sem vir
Nunca
Queira
Sem querer
Nunca
Me ame
Sem se amar
Nunca
Parta
Pra voltar
Nunca
Ensolare
Sem luar.
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28/04/2016 -
Ouça-me
Ouça meu grito. Ouça meu lado mais bonito. Ouça minha afetividade. Ouça meu sonho mais profundo. Ouça meu mundo. Ouça o que proponho a fundo. Ouça a minha cidade interior. Ouça o meu eu condor. Ouça meus lábios. Ouça meu mais sábio beija-flor. Ouça minha metade mais feliz. Ouça o que você sempre quis de mim. Ouça as cores e os cheiros do meu jardim. Ouça o meu jeito. Ouça as minhas movimentações. Ouça o meu amor-perfeito e as minhas solidões. Ouça o que ecoa do meu ninho. Ouça os rastros do meu caminho. Ouça meus perdões. Ouça as cordas do meu destino. Ouça o meu ancião, o meu adulto, o meu menino. Ouça o que me faz pulsar, vibrar, brilhar. Ouça as minhas entranhas. Ouça as minhas necessidades, as minhas vontades, as minhas manhas. Ouça o meu eu de dentro. Ouça-me enquanto sentimento.
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28/04/2016 -
Sou de tudo isso
Eu sou daqui
Eu sou dali
De todos os lugares
Sou de Netuno
Sou de Plutão
Sou de Antares
Sou do almoço
Dos chás, cafés
E dos jantares
Sou só
Mas vou aos pares
De sentimento
Sou pó
O vento me leva
A todos os lares
Eu não sou santo
Mas vou pelos altares
Entro nos bares
Mas não bebo
O amor apaixonado
É o meu placebo
Sou noite e manhã
Sou hoje, amanhã...
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27/04/2016 -
Poesia não morre
Nunca tive medo da morte. Sou frágil sendo forte. Sou do sul, do meio, de dentro, do avesso, do norte. Tenho porte de cavalheiro na alma. Sou espírito afoito à procura da calma. Sou dor sem trauma. Sou pescador de fantasias. Sou ladeira, eira e beira, fogueira, vias e mais vias inteiras. Sou lua vazia, sou lua cheia. Sou candeia. Sou texto, sou verso, sou poesia. E poesia não morre. Corre para acontecer. Corre, corre para viver. Abra a porta, não importa se vai sofrer. Todo botão sofre para florescer. Todo carrilhão sofre para gemer. Todo coração sofre para bater. Todo sonho peleja para se realizar, e se não pelejou não valeu à pena sonhar. Quem sonha, quem ama, quem vive e não se enfadonha, não morre, como poesia apenas escorre.
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27/04/2016 -
Conjunto
Esqueça meus erros
Meus atropelos
Meus medos
E ouça um segredo:
Dos meus enterros
Aos renascimentos
Meus, nossos
Esteja perto, junto,
De peito aberto
Puro sentimento
Quero o conjunto
Ser seu teto
Sua falta de chão
Quero ser mais
E mais do que posso
Realidade
E imaginação
Sua cidade
E constelação
Suas reticências
Sua inocência
Sua exclamação. ...
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26/04/2016 -
Leia-me
Leia-me antes de dormir e ao acordar. Leia-me na hora do café, do almoço, do jantar. Leia-me andando, malhando, amando. Leia-me para se apaixonar ou para se manter apaixonado. Leia-me de pé, com fé, para (des)entender a mulher. Leia-me nas horas de solidão e nas que os sentimentos se alvoroçam feito multidão aí dentro de você. Leia-me com ou sem porquê. Leia-me de todas as formas, jeitos, trejeitos, sem lei, sem normas. Leia-me vestido ou nu, bem-passado ou cru, deitado, de quatro, plantando bananeira. Leia-me em qualquer posição. Fetal, sexual, de meditação. Leia-me por fora e por dentro, pelo avesso, pelo começo, pelas beiradas, pelo fim, pelas horas mais curtas ou mais alongadas. Leia-me a sua moda. Leia-me numa reta, numa curva, numa roda. Leia-me na sacada, na varanda, no quintal, na praia, no campo, na montanha, no espaço sideral. Leia-me na crescente, na cheia, na minguante, na nova. Leia-me em prosa, em verso, em trova. Leia-me em silêncio ou cantando. Leia-me no papel, no computador, no celular. Leia-me em todo canto, em qualquer lugar. Leia-me fazendo crochê, fazendo comida, fazendo amor. Leia-me seco e molhado, chuvoso e ensolarado, aberto e fechado. Leia-me na primavera, no verão, no inverno, na meia estação. Leia-me no quarto, na ladeira, no parque, leia-me todo de parte em parte. Leia-me de óculos, de binóculos e cegamente. Leia-me com luzes frias ou quentes, no nascente ou poente, calma e desesperadamente. Leia-me pelo amor demais, pela paixão à primeira vista, pelo sentimento malabarista. Leia-me para se vestir de palavras. Leia-me para se cobrir de lava. Leia-me como se fosse acabar. Leia-me sem conseguir me deixar. Leia-me entre quatro paredes, no balanço das redes, azul, vermelho, rosa, verde. Leia-me independentemente se feio ou bonito, mas no rito de ler o amor em sua intensidade, em sua vitalidade, em sua profundidade. Leia-me como quem lê o amanhã, o hoje, o passado. Leia-me querendo ser amado, mas não num amor qualquer. Leia-me o quanto puder. Leia-me e deixa vir o que vier. Leia-me desfolhando-me bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer.
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26/04/2016 -
O sono
O sono
Chega como quem chega do fundo
De nós mesmos
E certeiro, firme e decidido
Leva-nos ao esmo
Dando nós e mais nós
No nosso mais profundo
Eu
Como se fosse dono
Do corpo
Que coloca para dormir
Como não se não existisse mais nada
Num sopro
O corpo fica só
E a alma dá de partir
Num ir e vir
Louco aos olhos descrentes
O corpo ali como uma casca
Ausente
De qualquer preenchimento...
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