Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 60 textos de abril de 2016. Exibindo página 5 de 6.

10/04/2016 - Mas nada de você

Na banca de revista, jornais, manchetes, gibis, chicletes, notícias, fotografias, mas nada de você. No quintal do florista, bromélias, azaleias, camélias, astromélias, mas nada de você. Sob as lonas do circo, equilibristas, malabaristas, artistas, palhaçadas, truques, gargalhadas, mas nada de você. Depois de pular sete ondas, banhistas, surfistas, escafandristas, estrelas do mar, transatlânticos, cânticos azuis, mas nada de você. Na livraria, romancistas, poesia, crônica, fantasia, sílabas tônicas, histórias de amor com final feliz ou não, mas nada de você. Pelos coqueirais, ciclistas, passistas, casais, namoros, sobra e falta de decoro, beijos e ensejos, mas nada de você. Pelos quatro cantos do meu quarto, lembranças benquistas, perfumes, ciúmes, ardumes, relevos e segredos, mas nada de você.


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10/04/2016 - Amor não se compra

O amor não é meu
O amor não é seu
O amor é livre
Não tem dono
É como pé de vento
Que caminha aqui
E voa por onde for
Amor que é amor
Não fica no trono
Ele sorri, ele vive
Por inteiro
Não tem amarra
Mas muita garra
O amor verdadeiro
Não é de escravizar
E nem vale dinheiro
Quem tem, tem
Quem não tem
Não pode comprar.


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09/04/2016 - Estrada cigana

A minha estrada é rosa, azul e grená. Se ocê, bem cê, tiver o passo leve e doce, pode passar por cá. Tem sonho, esperança e desejo por todo canto, magia não vai te faltar. Só não venha com pé pesado pra desmanchar o encanto que há. A minha estrada é o acalanto, o meu lugar. Sou cigano e minha sina é caminhar. Sai ano entra ano e eu continuo a girar. O meu corpo é a agulha, a minha alma a linha e a minha estrada o linho. Borda, poeta borda o coração da menina... A minha estrada de amoração transborda e não termina. Na minha picada tem fogueira, dança, encontro e solidão. Abro caminhos que fogem da minha imaginação. Sou cigano de acertos e de enganos, e passo como as mãos apaixonadas passam pelas notas de um piano. A minha jornada é de sol e enluarada, se ocê, bem cê, tiver o passo firme de um sabiá, pode passar por cá. O meu lugar pode ser o seu despertar.


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09/04/2016 - Ah? Oi?

Quando hoje
É ontem
E tudo mais
É amanhã
Não há agora
E a vida
Para no divã

Ah?

Quando nasço
Depois de já
E fico preso
No que já foi
O coração
Coração de boi
Não fica ileso

Oi?


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08/04/2016 - Das pedras às estrelas

Hoje eu me sinto mais forte, tão forte que já nem penso na morte e no que há de vir entre o agora e o ponto final, que, na verdade é vírgula ou reticências. Hoje eu me sinto bem como há muito não sabia, pronto para encarar, lutar, superar. Hoje apartei-me do medo, de qualquer medo de viver, e estou pronto. Pronto para seguir em frente, para acontecer diferente, para fazer valer a pena. Hoje eu tenho em mim todo o sonho, todo o amor, toda a beleza, toda a vitalidade que cabem em um poema. Hoje eu sou de todo lugar e não sou de lugar algum. Hoje nenhuma corrente me prende, nenhum nó me ata, nenhum olhar enviesado me fere. Hoje eu estou para além dos limites, das metas, dos padrões. Hoje estou livre e assim me sinto por completo. Sou cada vez menos pedra, cada vez mais nuvem. Um dia, quiçá, não só sonharei, mas comungarei das estrelas que me alimentam, me guiam e me clareiam.


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08/04/2016 - Desse jeitinho

Não me venha
Antes de você ir

Não me tenha
Tendo que pedir

Não me lenha
Não sou de cair.


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07/04/2016 - Viagem da morte

Eu quero um passaporte
Para além da morte
Com direito a um voo
Tranquilo e charmoso
Pelos confins das estrelas;
E que eu possa tocá-las
E até mesmo convidá-las
Para dançar, para rodar,
Para girar os nossos eixos.

Que seja a viagem dos sonhos
Mas que eu esteja acordado
Para não perder detalhe
Algum do que me espera
E que eu me lembre
De tudo, de tudo mesmo
Deste novo mundo
Pela eternidade afora...
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07/04/2016 - Na casa do duque

Era um batuque. Era uma sinfonia. Era uma bagunça noite e dia. Na casa do duque era bem isso o que se fazia. Era Tião criando confusão. Era Ana caindo na cama. Era Clara catando feijão. Era Zequinha no acordeão. E Mariazinha no reco-reco. Bárbara ficava de xaveco com o coronel. E Beto botava a cuíca para gemer. Beatriz jurava que era feliz e queria porque queria fazer ali mesmo no sofá a sua lua de mel. Bia era gata e malicia. Era caso de polícia. Era um espaço de desejo, de antirealidade e de muito festejo. Tinha amor de toda idade. E, ali, beijo não tinha data de validade. O amor era tratado como samba, como muamba, como banda. E por mais que tudo fosse incerto, tudo dava certo, tudo era completo. Na casa do duque, muque não tinha vez. Ali a língua era o ovo de indez. A língua falada, a língua tocada, a língua trocada. Era uma quizomba, cada festa de arromba. Marinho queria Guiomar, que se enrabichava pros lados do Gaspar, que quando botava sua camisa cor-de-vinho falava aos ouvidos de Lia, que não sabia como disfarçar o seu amor por Guiomar, que deixava Marinho pelo caminho em nome desse amor desenfreado por Gaspar, que não se fazia de rogado e cego caía nos decotes de Lia, que tudo via e nada podia. Era um quiproquó que dava enredo, mas que muitas vezes morria ali em segredo. Era um batuque. Era uma sinfonia. Era uma bagunça noite e dia. Na casa do duque era bem isso o que se fazia.


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06/04/2016 - Ecos

E quando fui pedra
Você foi água
E me escapou

E quando fui mato
Você foi fogo
E me queimou

E quando fui verão
Você foi inverno
E me afastou

E quando fui onda
Você foi vento
E me levou

E quando fui papel
Você foi corte
E me rasgou

E quando fui olhos
Você foi cega
E me acertou

E quando fui som
Você foi silêncio
E me calou ...
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06/04/2016 - A zebra, a girafa e o leão

Era uma zebra, uma girafa e um leão pelas montanhas do Quintilhão. A zebra listrava por onde passava. A girafa espiava por cima das nuvens o mundo que a rodeava. E quando leão urrava nada ficava como estava.

A zebra aprontava e ria como se fosse hiena. A girafa era sentimental e gostava de poema. O leão, leonino como só, achava a vastidão de Quintilhão pequena e queria conquistar outras cenas.

A zebra só comia besteira. A girafa não ficava de bobeira. E o leão dava uma canseira. A zebra não levava nada a sério. A girafa era de outro império. E o leão, queria um grande cemitério. A zebra chorava de rir, a girava meditava antes de dormir e o leão devorava aqui e ali....
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