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Encontrados 56 textos de janeiro de 2016. Exibindo página 1 de 6.
31/01/2016 -
Vida na calçada
Entre prédios
Tédios, casas
E asfalto
O mato
Na calada
Rompe a pedra
Da calçada
Portuguesa
E desponta
Como estrela
Em anti-queda
Verde e rasa
Com folhas
De ponta
Afiada
E a rua
Fica vulnerável
À beleza
Ao encantamento
À sedução
Da vida
Que brota
Do concreto
Como um doce
Belo, mágico
Feto
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31/01/2016 -
Tom precisa voltar
Tom Jobim precisa voltar. É necessário tratar com urgência urgentíssima o processo reencarnatório do maestro. A nossa música carece do Antônio Brasileiro para não morrer pobre, vulgar e desacreditada. Falta o piano, a flauta, o violão dando o tom para outros seguirem seu Wave, seu caminho. Tom precisa voltar para salvar a Mata Atlântica, a Bossa Nova, a MPB, a juventude... E em razão da necessidade extrema, é fundamental que Tom já nasça grande com notas, partituras e letras-poema. Ah, e se não for pedir demais, que Vinícius de Moraes o acompanhe para reeditar o casamento perfeito entre poesia e melodia. Eu quero mais Jobim, mais Vinícius, mais disso que é bom. Aumenta o som, com as bênçãos de Drummond, volta Tom. Volta para o nosso meio, para o seio da fina flor da música brasileira que sem seu maestro chora perdida, luto por uma vida inteira. O Tom de Ipanema, o Tom de Mangueira, o Tom carioca da gema, o Tom Arpoador, o Tom das Águas de Março, o Tom do Samba do Avião, o Tom do compasso, o Tom do Amor, do Sorriso e da Flor precisa voltar, Eu Sei Que Vou Te Amar, eu sei que vou esperar sua volta pelo resto dos meus dias, a porta está aberta, o piano que nas suas mãos nos dá gosto está posto e há por todo o Jardim das Rosas, de Sonho e Medo, uma esperança de te (re)ver o quanto mais cedo.
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30/01/2016 -
Machismo
Mulher, hoje tem jogo, então bota mais feijão no fogo. Mulher, hoje tem futebol, então nada de novela ou besteirol. Mulher, hoje tem pelada, então nada de me olhar com esses olhos de trovoada. Mulher, hoje tem carnaval, então faça de um jeito especial. Mulher, hoje tem festa, então não seja ciumenta, possessiva, indiscreta. Mulher, hoje tem feijoada, então nada de fazer cara de enjoada. Mulher, hoje tem Maracanã, então fique sabendo que eu só volto de manhã. Mulher, hoje tem festejo, e em dia assim fico tinindo de desejo. Mulher, hoje tem roda de amigos, então nada de brigar comigo. Mulher, hoje tem bate-bola, então não vem com isso e aquilo, ai ai não me amola. Mulher, hoje tem bloco na rua e eu vou, já você, fica em casa, com suas asas e toda nua, porque quando eu chegar, ai ai, você vai gostar.
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30/01/2016 -
Delação amorosa
Minha namorada
Meu pé de maracujá
Minha doce amada
Minha flor de ioruba
Meu eterno encanto
Minha boca predileta
Meu poema, meu canto
Minha delação secreta
Meu pedaço de vida
Meu hoje e meu amanhã
Minha estrada florida
Meu affair, meu divã e afã
Minha mulher real
Meu, hum, chiclete
Meu bem, meu mal
Meu infinito flerte
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29/01/2016 -
Te amo assim, assim
Eu não queria que você soubesse, mas eu te amo. Não conta para ninguém, por favor, porque eu tenho vergonha e medo que não dê certo. Eu não sei lidar com o amor, mas clamo por ele toda hora. Ai, e agora, queria tanto que desse em algo bom. Pode ser maluquice, mas já escuto o som, já vejo a cor, já sinto a textura do amor. Ai, meu deus, pelos cupidos de Orfeu, que loucura. Que sentimento é esse que vem e a gente não segura. Parece que todo dia é primavera, que a cada pulsação inauguramos uma nova era, que o mundo gira em torno dessa espera, espera que tudo isso valha à pena. Eu já dei de escrever poema, querer filme de ficar agarradinho, fazer comidinhas que combinem com velas e estender meus olhos pela janela buscando rever o amor, que chegou sem avisar, sem pedir licença, sem se desculpar ou perguntar se eu queria mesmo sua presença em mim. Foi chegando e se instalando e me dominando de um jeito que eu fiquei sem jeito de dizer não. E agora, entre a paixão e o amor, eu não sei mais o que fazer. É só me entregar, é só me render, é só me querer ao seu lado. E que o futuro seja mais que o passado, porque até ontem não havia você e agora hoje está tão presente como buquê na mão da noiva, como mel no corpo da abelha, como centelha na estrela, como uivo na boca do lobo, como lótus no lodo. Você chegou e colou em mim e ficou e se alastrou como erva-daninha no jardim, como fogo de querubim. Eu não quero que nada disso tenha fim, embora eu não te conheça eu já sei de você tin tin por tin tin. Que tudo saia do preto e branco, desse sépia, desse descorado e seja carmim. Eu não queria que você soubesse, mas eu te amo assim, assim... ...
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29/01/2016 -
Afazeres do amor
Meus olhos de tomilho
Se deitam pelos trilhos
Esperando pelo trem
Que não vem, não vem
Meus braços sem filho
Vão quebrando milho
Pelas ruas de palha
Entre o grão e a falha
Minha boca de estribilho
Vai cantando meus lírios
Num rio de calor e arrepio
Entre o amor e o vazio
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28/01/2016 -
Apelo afoito
Não me renda
Com um decote
Ou uma fenda
Não me prenda
Ao esquecimento
Não despreze
Ou menospreze
O aumento
Do meu pulso
Bem alterado
Perto do seu
Corpo suado
E antes do meu
Impulso
Imposte
A voz
E poste
Na sua face
Mais um dia
A sós
E para tanto
Num encanto
Cace
A fantasia
Minha
Sozinha
Na sua
Boca nua.
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28/01/2016 -
Viração
Vira a página, o dia, o mês, o ano. Vira na cama, na esquina, na estrada. Vira o destino, o itinerário, o mapa. Vira a vida de pernas para o ar. Vira o que deseja. Vira o copo. Vira o corpo. Vira o olho. Vira o mundo de cabeça para baixo. Vira o ponteiro do relógio, do volume, da temperatura. Vira rotina. Vira romance. Vira realidade a ilusão, o sonho, a fantasia. Vira causo a história. Vira flor a semente. Vira asa o ninho. Vira água o que era pedra de gelo. Vira abandono o que não se cuida. Vira saudade o que já se vai longe. Vira o vento fazendo curva, trazendo chuva. Vira verso. Vira música. Vira livro. Vira lição o que se aprendeu. Vira caminho o que se percorre. Vira fé o que se acredita. Vira príncipe o sapo. Vira pó a carne. Vira mar o rio. Vira amor a paixão, ou não. Vira, vira, vira... O que virá da viração?
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27/01/2016 -
Gosto inédito
Por mais que eu ame um filme, jamais consigo vê-lo uma segunda vez. Livros, a não ser que eu tenha esquecido a história, também não gosto de repetir. E se eu esqueci a história é porque não vale a pena ler outra vez. Há tanto a ser visto ou lido que não me conformo em perder tempo vendo o mesmo do mesmo. Passo longe do Vale a Pena Ver de Novo. Música boa já ouço mais de uma vez, no entanto, nunca na mesma sequência e sem necessidade de haver imagens. Ou seja, DVDs também vejo, com atenção, apenas uma vez. Nas seguintes, o DVD vira CD. Se puder, jamais faço o mesmo caminho, a mesma viagem, a mesma ordem das coisas. Repetindo o prato principal hei de mudar, ao menos, os acompanhamentos ou a apresentação. Há de haver algo diferente, novo, inédito. Por isso, considero a vida mágica: nascemos, vivemos e morremos sempre de um jeito único. Podemos ter inúmeras reencarnações, mas as formas como chegamos ao mundo, como interagimos com ele e nos despedimos se diferem das anteriores. E o amor? Nunca se ama da mesma maneira. Os beijos, as ligações, o sexo têm identidade própria. E por mais que amanhã vamos amanhecer aparentemente igual hoje, seremos diferentes. Estaremos mais velhos por dentro e por fora e isso conta. O dia é novo e nós também. Quando nos dermos conta disso o mundo será diferente e a vida completamente mágica. O “eu-hoje” morre hoje. Amanhã, serei outro eu. E com isso um reino de possibilidades se abre ao meu favor. A orquídea floresce uma vez por ano e a cada floração, por mais idêntica que possa parecer, as flores são diferentes. O trem que parte não é o mesmo que chega. A goiaba do mesmo pé, inclusive da mesma galha, nunca tem o mesmo sabor. O sorriso sempre tem uma envergadura diferente, assim como a intensidade do olhar. A coloração do céu se altera sem que percebamos. O mundo roda e gira sem parar alterando sem que atentemos para os detalhes causados por esses giros e rodopios. O mar nunca produz a mesma onda. Luas e sóis nunca são os mesmos. O sol que se põe jamais retorna ao céu. A lua nova é literalmente nova, porém cada minguante, crescente e cheia também são novas cada vez que despontam. Pode seguir uma receita à risca, um bolo, uma torta, um pudim nunca ficam iguaizinhos ao passado. Algo pode ser muito parecido, nunca igual. Por isso, amo os vira-latas que na mesma cria trazem exemplares tão diferentes uns dos outros. O espaço muda a todo instante. Num piscar de olho tudo já não é como foi anteriormente. O tempo está agindo, transformando, evoluindo tudo e todos de forma constante, permanente e incorruptível. Ninguém dobra o tempo, mas, querendo ou não, de uma forma ou de outra, dobramo-nos a ele e badalamos como relógios que se atrasam, adiantam e acertam o horário às vezes. Perfeito mesmo, em sua precisão, só o tempo. Nós, inéditos a cada fração de segundo, vamos buscando o novo quando o novo já está em nós, ou melhor, já somos nós.
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27/01/2016 -
Mais de cigarra e formiga
Valsa
Minha
Cigarra
Agarra
A vida
Sozinha
E descalça
As formigas
Estão na lida
E vão te virar
As costas
Quando precisar
De uma encosta
As formigas
No bate-rebate
Nada amigas
Não dão
Nem darão valor
À arte
Que é o seu canto
A sua musicalidade
O seu amor
Sempre tão
Inspirador
Para seu espanto
Não sentirão
Saudade ...
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