Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 33 textos de dezembro de 2009. Exibindo página 2 de 4.

22/12/2009 - Meu tempo é quando

Vinícius de Moraes costumava dizer de forma sintética: "meu tempo é quando". Com licença do poeta, vou aprofundar o tema, afinal, meu tempo é quando... Meu tempo é quando o amor vinga. Meu tempo é quando a solidão encontra seu par. Meu tempo é quando o prazer não se envergonha de dar e receber prazer. Meu tempo é quando a morte me esquece. Meu tempo é quando outro corpo me aquece. Meu tempo é quando o destino tece novo caminho e, sem qualquer carinho, o pisa. Meu tempo é quando a razão contemporiza. ...
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21/12/2009 - Atormentações

Eu não sei o que faço aqui. Quem são vocês? Onde estou? O que sinto? Quem sou? São tantas perguntas girando feito peão de menino pela minha cabeça. Entre tonteiras e tonturas ora estou no centro, ora na direita ou na esquerda dessa estrada. E o pior é saber que tudo isso não vai dar em nada. São tantas vidas, são tantas voltas, são tantas tentativas para acabar em pó e retornar ao barro, ao sopro divino.

O mundo gira e eu giro pelo mundo. Será que ao menos giramos na mesma direção? Quem gira mais rápido? E se eu correr demais e cair no espaço sideral, ou melhor, num vazio existencial? E se estivermos girando em órbitas opostas, será que somos atraídos um pelo outro ou afastados num sentimento físico-humano de repulsão? Eu quero os conselhos dos cientistas, dos pós-especialistas, dos manobristas... ...
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20/12/2009 - O que nós vivemos...

O que nós vivemos ninguém rouba. O que nós vivemos ninguém esconde. O que nós vivemos ninguém apaga. O que nós vivemos ninguém corrompe. O que nós vivemos ninguém se atreve. O que nós vivemos ninguém duvida. O que nós vivemos ninguém alcança. O que nós vivemos ninguém questiona. O que nós vivemos ninguém faculta. O que nós vivemos ninguém deixa de lado. O que nós vivemos ninguém desmerece.

O que nós vivemos ninguém estraga. O que nós vivemos ninguém domina. O que nós vivemos ninguém estranha. O que nós vivemos ninguém abocanha. O que nós vivemos ninguém silencia. O que nos vivemos ninguém promete. O que nós vivemos ninguém perde. O que nós vivemos ninguém esquece. O que nós vivemos ninguém fantasia. O que nós vivemos ninguém compra. O que nós vivemos ninguém dá conta. O que nós vivemos ninguém diz. ...
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19/12/2009 - As cores da mulher amada

A mulher amada tem cores primárias, secundárias e, até mesmo, terciárias ao longo de seu corpo. Perdoem-me a comparação, mas a criatura amada é uma caixa de lápis de cores se colorindo pela rua afora. Quando o vermelho dos lábios dessa mulher encontra o azul do horizonte o mundo da à luz a um sol violeta. Um sol que irá arder e suar e se arrepiar no desejo que há na mulher que se ama. Como um camaleão carregado de sentimento, a mulher amada é um desfrute de colorações.

Não é à toa que a natureza inspira perigo diante de um ser repleto de cores, sobretudo, de cores fortes, vivas, radioativas. Pois isso é a mulher amada: feixes e mais feixes de cores em permanente radiação, seduzindo e atraindo páginas em branco. Quando as palavras azuis da criatura que irradia amor encontram o amarelo das flores jardineiras, eis que se inicia um tempo verde. Mesmo fora de época, os corpos, femininos e masculinos, são tomados por uma primavera de polens. E eis que se dá a fecundação e o nascimento de mais e mais cores....
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18/12/2009 - Aflija-me

Se esta noite o tempo virar, acuda-me. Não me deixe sair sozinho da cidade, de casa, da cama, do seu lado... Pode amanhecer a qualquer hora e há de se ter medo do dia não nos ver juntos. Vamos nos ater às mantas. Não deixe de acender uma vela no pires da santa. Examine a planta da casa e descubra se há uma saída secreta. Enquanto isso, faça-me aquela massagem predileta com óleo de mastruz. Fale, fale, fale só para eu lhe calar num beijo em contra-luz.

Se esta noite o tempo virar, sacuda-me. Não me deixe pegar no sono, coloque uma dose de rumba na penumbra do quarto. Que horas é o parto? Eu já ando farto de tanta espera. Meu corpo queima e teima de amor. Não me procure. Segure-me. E não se esqueça de espalhar armadilhas caseiras, como linhas de tricô e agogô. É bom se certificar de que eu não vou embora. Vamos colorir os lençóis ficando a sós....
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17/12/2009 - Juras marilênicas

Ah minha amada por essa estrada eu lhe enalteço enquanto cresço de sorriso e pranto no acalanto desse amor preciso em cor e calor e fome. Conforme o encanto do feiticeiro do amanhã, envolva-me no cancioneiro da delicadeza ò semideusa, titã da beleza. É pela fantasia que lhe peço que meus versos nos livrem dos dias perversos e do verbo "despeço" - ápice da desalegria. Que entre nós a conjugação da despedida seja proibida como a maçã de Adão e Eva. Contra a treva, seja para sempre sol e lençol dessa terra que nos erra e enterra. ...
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16/12/2009 - Mundão

Olha esse mundão passando em verso e reverso pelo estradão do universo. Vai passando, girando, rodando, trombando, caminhando entre estrelas e astros do cinema mudo. Charles Chaplin e outros Carlitos vão passando em olhares e gestos horrorizados por essa surdez globalizada chamada Terra. Ninguém escuta ninguém. A temporada de audições foi fechada. E o amor que era cego, agora surdo e mudo, não ouve conselhos, tampouco dialoga com ninguém. Apenas passa pelo vácuo de sentimentos.

De que adianta chorar por esse mundão se não há ninguém para ouvir o que as lágrimas têm a dizer? Do que vale ser feliz se o grito e qualquer manifestação de euforia estão fora de moda? O sonho não tem voz, o sonhador não tem coro para impulsioná-lo. Um silêncio autoritário infesta as ruas, toma os corações e amordaça as revoluções. Não adianta falar de amor se não se ouve o amor. Não adianta fazer amor se o amor está sendo desfeito por esse mundão....
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15/12/2009 - As canções que eu fiz para mim

Não sei se é crendice popular, mas o fato é que a melhor época para mexer em gavetas é final de ano. A mudança de calendário aflora em nós um espírito de reflexão, balanço, acerto de contas. Ilusoriamente acredita-se que no dia primeiro de janeiro tudo será diferente, então, faz-se necessário dar um jeito nas coisas da antiga. E foi nesse clima de limpeza que eu, no fundo de uma caixa, reencontrei antigas anotações. Na verdade, canções de um tempo que ficou pelo ar.

Letras que escorrem em feitio de poemas por folhas já amareladas pelos anos. Cifras que polvilhando sílabas tônicas vão indicando um caminho sonoro. Sem pensar muito, pego o violão e começo a despertar um compositor adormecido. Sim, as canções são minhas. Lá se vai um garoto que bebia em Vinícius, Tom e Chico Buarque inspirações para suas músicas. Mas eu estava fora de tempo. Fui fazer bossa nova quando a bossa já estava com 40 anos. ...
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14/12/2009 - O que é o chefe?

Quer algo mais polêmico do que chefe? Chefe não é profissão, não é grau de instrução, não é estado emocional. Chefe é um título autoritário, mantido à custa de dinheiro e/ou poder. Chefe é por si só sinônimo de coisa negativa. Causa repulsa, enjôo, enxaqueca. Chefe é a banalização do óbvio. Chefe é o mandante de uma sociedade escravizada pelo sal. Salário. Chefe é a insignificância de uma cadeira pomposa. Chefe é a verticalização das relações. Da mistura de senhores feudais, faraós, caciques, imperadores, (...) e reis nasceram os chefes modernos. ...
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13/12/2009 - Mulher perturbadora

Difícil dormir tranqüilo sabendo que você está aqui. Aqui tão perto com esse seu jeito de olhar e ser olhada. Sua presença é perturbadora. Desejada, mas quase inconveniente. O fato de você estar aqui me faz perder o rumo das coisas. De tanto me preocupar com você, chego a ficar ausente de mim. Nada mais me importa senão você. Perco o apetite, divorcio-me do sono e das coisas rotineiras.

Tudo dentro e fora de mim sofre alteração com sua presença. Da respiração aos pensamentos nada mais é como antes de você chegar. Você me provoca catalisando o metabolismo das minhas energias. Você me apavora, devolve-me o medo dos tempos de criança. Aliás, perto de você meu mundo é infantil, recheado de brincadeiras e imaginação. Quando você chega, da minha alma às minhas vísceras tudo se desconstrói e rói....
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