Daniel Campos

Bendicta


2007 - Poesia

Editora Auxiliadora

Resumo

Imprimir Enviar para amigo
Rosa azul

Por detrás dos cachos das cachoeiras
Por baixo das sete cores do arco-da-aliança
Por entre as folhas das árvores dos druidas
O jardineiro do tempo
Com barba de vento e olhos de chuva
Protege de anjos e demônios
Como um cavaleiro templário
A última rosa azul.
Ah! Refém daquele homem
Que é feito e refeito
Nas areias de uma ampulheta
Floresce a rosa
Por onde o azul
Caminha em labirinto
Por onde o azul
Roda em redemoinho
Por onde o azul
Mancha feito batom
Barato.

Poucos os que conhecem
E muitos os que se atrevem
Ao universo da rosa
Que de rosa é azul
Ah! Em suas pétalas
Regurgitam
Piratas do mar-alto azul
Ah! Em suas pétalas
Levitam
Astronautas do céu azul
Ah! Em suas pétalas
Querubins pintam
As vestes dos deuses
E das deusas
De um tempo
Tão além quão aquém
De nós.

A rosa azul
É a rosa que guarda o sangue dos nobres
A rosa azul
É a rosa que guarda os olhos dos messias
A rosa azul
É a rosa que guarda os vôos das araras
A rosa azul
É a rosa que nos coloca em guarda
Contra nossa própria ética
E que só existe
Nos livros proibidos
Do fundo da estante
Sem fundo
Onde habita o jardineiro
Mitológico
Que vigia a rainha
De todas as flores
Como quem vela um deus vivo
E a afasta de tantas criaturas
Que sem pudores
Fazem daquele azul
Um destino
Um jogo
Uma caça
Sem fim.

Quantos os anjos
Que em seus pesadelos
Nunca sonharam
Pétala por pétala
Despetalar aquela rosa
De toda azul
Sobre a primeira áurea
Da mulher amada
Quantos os demônios
Que em suas loucuras
Nunca desejaram
Espinho por espinho
Roçar aquela rosa
De toda azul
Nas partes mais íntimas
Da mulher amada
Quantos os que pecaram
E quantos os que se amaram
E quantos os que se deixaram
E quantos os que se mataram
E se deixaram morrer
Na esperança da rosa azul.


Entre o paraíso e o inferno
Quantas as criaturas sedentas
Por depositar no ventre da mulher amada
Aquela rosa que não é rosa-cor
Em face de um rebento
Filho legítimo de todas aquelas lendas
Feitas de belezas e segredos azuis
Feitas de desejos e pecados azuis
Feitas de medos e prazeres azuis
Ah! Quantos os demônios
Ah! Quantos os anjos
Que me habitam
E me incitam
E me excitam
Dentre todas as minhas buscas
À busca pela rosa azul.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar