Daniel Campos

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Encontrados 79 textos. Exibindo página 8 de 8.

Rosa benta

Como que numa tradição, passada de geração em geração, ela, com sua idade ainda cheirando a adolescente, caminhava. Como já caminhou sua mãe, sua avó, sua bisavó. Caminhava por um caminho feito de calçadas de pedra e ruas tortas levando uma rosa em suas mãos. Levava uma rosa branca. E pelo caminho ia encontrando outras meninas, moças, mulheres, senhoras e até alguns homens com rosas nas mãos.

Rosas de todas as cores e tamanhos, algumas ainda em botão. De outras, vindas em mãos de crianças, faltavam algumas pétalas. E ela, como na fábula de joão e maria tinha vontade de ir jogando as pétalas pelo chão para marcar o caminho de volta. Era a primeira vez que ia sozinha. Tinha euforia. Tinha medo....
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Rosa de retalhos

O domingo amanhecia em fiapos de esperança no corpo esquálido de uma rosa. Contrariando o clima de Copa do Mundo, o verde e o amarelo davam lugar a trapos frios, quiçá tendência nas passarelas de Milão. Uma realidade tão próxima quão distante daquela mulher de corpo magro e cabelos descorados. Sol e tintura barata.

Em torno do cálice do seu corpo, possíveis roupas, impossíveis cobertas. Eram pele e lã e fibra sintética num contorno sem rima. Era Rosa. Mas não era rosa flor, era rosa espinho. Espinho de um inverno que feria bania entristecia o dia. E pelas rachaduras de uma prancha de papelão aquela rosa nascia. ...
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01/10/2011 - Rosas de sangue e pólvora

Dos mortos de guerra, soldados-cadáveres, nascerão dúzias de rosas, de belas rosas de sangue e pólvora. Dos túmulos erguer-se-ão anjos de pedra em poses fotográficas, numa graciosidade mansa e cálida. Poetas e bêbados cantarão suas glórias sob uma lua pálida. Os heróis do combate serão responsáveis por tantas gravidezes póstumas, tantos filhos dos seus gritos de guerra. Da guerra renascerá uma nova terra, mais forte e com menos medo da morte. Os mortos de guerra escorrerão como rios perenes nas faces de suas mães, viúvas, irmãs, crianças. Os combatentes desaparecidos serão encontrados facilmente nas páginas das cartilhas escolares. ...
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13/02/2012 - Rotina, rotina, rotina...

Olá rotina, quanto tempo? Parece que foi ontem. Lembro perfeitamente de seu rosto, de suas amarras, de sua loucura. Pensei estar livre de ti, mas é como se nunca me tivesse deixado. Nunca fui livre. Sempre tive você, rotina, emprenhada em minha carne, correndo em minhas artérias, enrolada em minha alma como uma serpente.

Depois de um tempo adormecida, acorda revigorada em sua força vital. Está ainda mais forte, mais presente, mais intensa. Rotina, mulher que aprisiona e, que fere e, que tira céu e chão, que tranca o destino, que devora sonhos e aleija a esperança. Rotina, mulher, velha e menina, parasita dos relógios e dos calendários. ...
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Rua chico venâncio

Há mulheres que marcam passarelas em Nova Iorque, Milão, Paris... Há mulheres que se tornam símbolos de uma praia, como a Garota de Ipanema... Mas só uma mulher marcou uma rua como ela marcou. Quando ela surgia no portão de casa e colocava os pés na calçada de uma das ruas mais famosas de uma cidade do interior, pode-se dizer que um fenômeno acontecia. Homens, de todas as idades, classes sociais, estados civis e religiões saiam à porta de seus estabelecimentos para acompanhar os movimentos daquela garota. Mulheres, por curiosidade ou inveja, espionavam-na de forma discreta. Aliás, a notícia sobre a tal "musa da rua Chico Venâncio" se espalhou pela cidade de tal forma que muitos curiosos vinham de longe só para testemunhá-la. ...
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15/06/2008 - Rua Mato Grosso, número 43

Rua Mato Grosso, número 43. Bairro da Santa Cruz. Foi em uma casa simples de paredes brancas e grade verde, que conheci um universo de perfumes. Não sei o que dona Ofélia e seu Antônio, os proprietários daquela casa, aprontaram para ela ter ficado impregnada em minhas narinas. Já no jardim, por entre um cimentado com alguns canteiros circulares despontava um pé de coqueiro, daqueles rechonchudos, que exalava um cheiro que até hoje não saiu de mim. Um cheiro doce e forte. Não sei se vinha de suas folhas, daquele seu fruto alaranjado que nascia em formato de abacaxi ou das orquídeas que ficavam amarradas em seu tronco. Podia vir também dos muitos pássaros, inclusive dos beija-flores, que vinham em busca de água com açúcar e quirela de milho. ...
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19/10/2011 - Rua São Miguel, 71

Sem dúvida alguma, esse foi o endereço da minha juventude. Eu morava com meus pais nessa mesma rua, um pouco mais acima, mas a casa em questão era a de meus avos maternos. Conto nos dedos das mãos quantas vezes deixei de ir lá ao menos uma vez por dia ao longo de 25 anos de idade. Definitivamente, celebrei bodas de prata com aquela casa. Perdi a conta de quantos sorrisos, de quantos sonhos, de quantos poemas, enfim, do quanto de mim ficou impregnado naquelas paredes.

Ah! Quantos passos meus ficaram marcados num balé de encontros e reencontros naquele piso, que ora formava desenhos geométricos ora pinturas abstratas. Quantas danças garbosas de meu avô bailando por aquela casa permanecem dançando em meus olhos. Quantas vezes eu me sentei ao redor de uma daquelas duas mesas de madeira, construída por ele, para comer de iguarias típicas de minha avó como polenta com frango ou sorvete de ameixa. ...
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06/07/2015 - Rumo ao sabiá

Chora porque o dia já vai se embora. Pinta o rosto. Passa perfume de gosto. Toma banho de espuma. Vamos, vamos pela bruma ver o lá fora. Enxuga o choro e seja bela para quebrar o decoro. Encanta, espanta o mau-agouro. Deixa o tempo tentar marcar o seu couro. Deixa as lágrimas pra lá e vamos caçar o tesouro do sabiá. O sabiá por maior a ação do tempo está sempre a gargalhar. O sabiá sabe assoviar a receita para não sofrer. Vem ver, vem ver, vem ver o sabiá a viver no alegrar do dia. O sabiá se põe a rezar muito para enlaçar o tempo e o vento com toda sua cor. O sabiá é o piar da estação do amor. Pode passar todas as eras, fazendo frio ou calor, pois para o sabiá todo dia é primavera.


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05/10/2015 - Rumo às estrelas

Toma-me pela mão e me mostra a direção que devo ir para encontrar o reino das estrelas. Eu quero morar nas estrelas e ninguém me tira isso da cabeça. Mãe, leva-me para as estrelas. Pai, dá-me às estrelas. Como eu faço para chegar lá? Onde embarco às constelações. Que trem me leva a Centaurusa Andromeda, a Aquarius. Converso e enamoro com as estrelas e ainda posso tê-las na minha cama numa luminosidade que inflama. Como chego ao céu, ao céu das estrelas? Alguém escuta este que ama as estrelas por entendê-las queimando no infinito do universo. São centelhas, são luzes, são geometrias divinas que ficam tão lá em cima. Quero brincar, juntar e encaixar estrelas. Quero amá-las corpo-a-corpo, terra e céu, por sabê-las. Estrelas de néon, de batom, de mel. Eu vim das estrelas e às estrelas hei de voltar. Só preciso que alguém me ensine como chegar.


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