Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 6 de 28.

10/12/2014 - Outro adeus

Hoje não vai ter como eu estar aí, mas mesmo de longe vou a sua lembrança para me despedir outra vez. Pode me julgar, me condenar, pois eu não tenho interesse algum em me redimir. Eu confesso que não fiz esforço algum para fugir e lhe encontrar. Eu quero mesmo é me desvencilhar de tudo o que houve entre nós. Por favor, pelo amor das estrelas, deixe-me a sós. Hoje enquanto você comemora os seus motivos eu me interno debaixo dos meus lençóis. Hoje você está por cima e espero que continue assim. Para o que eu quero colher no meu jardim está ótimo o clima. Eu vou revirando a terra, preparando meu solo para o novo. E é só na poesia novidade rima com saudade. Adeus, mais uma vez.


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03/12/2014 - O universo do verso

O progresso do universo é o verso. Verso eu, versa você, versamos nós o que não nos deixa a sós. Tem que versar o que nasce, o que brota, o que rompe, o que invade, o que dá no novo dia. Fazer rima com o que está longe de ser obra-prima. Transformar pedra em nuvem, lâmina em pétala, fogo em água e vice-versa. Versa o que a vida lhe entrega e não nega sua missão de versador, versadora do tempo que passa, esgarça, enlaça, caça... Caça seu verso aqui, ali, acolá. Tem verso na bossa do mar. Tem verso no bico da sabiá. Tem verso no miado do angorá. Tem verso pra lá e pra cá, basta achar e cuidar do seu. O universo já deu!


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11/11/2014 - O tempo blefa, cuidado!

Se fosse possível voltar ao menos uma vez no tempo eu voltaria. Faria tudo diferente para seguir trocando passos com quem dividiu a minha estrada em antes e depois de sua passagem. Cometeria bem menos bobagem. Hoje, esta aí a paga de tudo que semeei. Fui menino pra não compreender o canto do destino. Pedras dali, pedras daqui, o tempo blefou e eu cai. Agora, entre perdedores e vencidos, o coração se rende ao choro bandido.


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26/10/2014 - O barco e dona Mocinha

O barco da morte chega pra perto dos zóio de dona Mocinha, que espia tudo de sua cadeira encostada no pé da janela. E ela vai vendo aquela embarcação engolindo as ruas de pedras, as beiradas das casas, os cachorros vira-latas que são cortados pelo casco daquele navio antes mesmo de latirem seu latido de fome. Dona Mocinha não tem medo. Já enfrentou de tudo nessa vida, de tuberculose a marido beberrão. É pequenina, dos ossos tortos, mas valente que só. É como vela que queima enfrentando a boca do vento. E depois de tanto choro derramado e queimado, desses que queimam por dentro chamuscando a alma, ela vê sua chama se esvaindo. O barco com os corsários negros se aproximam. Na proa, gente que ela não via desde o caixão. E estão lá, felizes, acenando para ela. Fica ressabiada, mas acena de volta. Sabe que não vai poder fugir daquelas águas. E mesmo se quisesse suas pernas já não têm firmeza para correr. Também não há para quem gritar socorro. As filhas já cuidam dela pelo amor de deus. Mesmo com céu limpo, dona Mocinha enxerga a tempestade que traz aquele barco. Seus olhos se enchem de uma água salgada, as mãos firmam nos braços da cadeira e ela suspira lembrando que quando mocinha queria ser marinheira das histórias de pirata que ela ouvia dos livros que nunca soube ler.


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12/10/2014 - O ato de se apaixonar

Apaixonar-se é um ato involuntário, inconsciente e inconsequente acima do bem e do mal que não requer nem prática nem habilidade, apenas sensibilidade para seguir cegamente seu coração. É um destino praticamente sem contraindicações. Quando apaixonado, os furacões, por mais perto que estejam, passam longe. Dá para se comunicar sem dizer uma só palavra. Não é preciso pedir nada em troca, pois tudo já lhe é dado conforme seus desejos. Não é preciso nem tirar visto, pois, enquanto o apaixonamento for lá e cá, seu trânsito é livre e irrestrito.


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21/08/2014 - O que o futuro nos reserva

Um dia, daqui a poucos anos, haverá lugar para um arrependimento daqueles que tomam de conta de tudo, sem deixar espaço para nada senão ao verbo arrepender. E, de repente, sem resistir mais se invadirá de uma vontade avassaladora de refazer caminhos e voltar no tempo e no espaço. Pedidos de desculpa, de perdão, de recomeço tomarão conta do tablado da vida de duas pessoas que se distanciaram por vontade de uma. Tudo pode parecer ridículo e absurdo agora, mas o tempo vai passar e se encarregar de cumprir seus feitos dando encaminhamento a uma mudança de pensamento trazida por um sentimento que não pode ser banido a pedido da razão. Pode lutar o quanto for contra esse dia, mas ele chegará. E nessa chegada a verdade será restabelecida. Resta saber se nesse dia tudo se encaixará não passando de uma “barriga do destino”, que voltará a unir o que jamais se separou, ou se será um desses choros sobre o leite derramado, neste caso, sobre o leite que fizera derramar de olhos que antes da sentença de tarde demais amaram para além do próprio tempo.


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15/08/2014 - O melhor de mim

Eu busco o que melhor há em mim para oferecer a você. Tenho defeitos, muitos defeitos, mas eu procuro ser o melhor que posso para você. Embora meus sonhos me levem para o mais alto que há, quando se trata de você eu sei o meu lugar. Mesmo seguindo outro destino, eu nunca abri mão de me doar ao seu caminho. Eu mergulho em mim para trazer à superfície o que possa lhe ser de proveito. Eu trabalho meus sentimentos para que eles, acima de tudo, sirvam-lhe de alento. Que meu amor possa lhe servir de escudo. Não importa se é meu nome que segue sendo chamado, cantado e gritado por sua boca, amo-te tão ensurdecedoramente que meu coração ficou surdo e mudo, mas perfeito entendedor de cada sinal. Eu lhe compreendo de todas as formas. Sou palavras, palavras, palavras de amor sincero dedicadas a você. Já me chegaram tantos pesadelos sobre você mas eu levo a vida sonhando delícias de você. Eu abro facilmente mão de mim por causa você. Eu tenho minhas loucuras, meus surtos de antirealidade, mas sei muito bem lidar com a minha saudade, minha saudade de você. Por mais difícil que seja, eu ofereço a você somente o que há de melhor em mim. Tenho defeitos, grandes defeitos, mas eu sei que você merece somente o melhor, o melhor que habita em mim. E é isso que me move a acordar cada dia colocando a minha poesia aos seus pés....
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10/07/2014 - O amor pede desculpa

Desculpa por eu ser exatamente como sou e nunca tentar disfarçar ou negar isso. Desculpa por não conseguir ser igual a todos causando estranheza e desconforto. Desculpa por me fazer feliz quando de algum modo dá sinais de presença em meus dias. Desculpa por lhe levar a pedidos envergonhados de desculpa. Desculpa por querer cuidar mais de você do que de mim mesmo. Desculpa por lhe amar desse jeito incontrolável sem demonstrar qualquer arrependimento, pois não há qualquer arrependimento para ser demonstrado. Desculpa por tentar de todas as formas lhe esquecer e não conseguir. Desculpa por ter você residindo em meus espaços geográficos e temporais. Desculpa pelas vezes que eu lhe levei para minha cama sem pedir licença. Desculpa por caminhar no breu guiado pelas lanternas dos seus olhos que por não saber mentir se fecham numa espécie de coma induzido. Desculpa por ser a causa desse apagão. Desculpa por embaralhar as cartas do seu destino. Desculpa por nunca blefar nas confissões do amor que sinto. Desculpa por sair dos padrões ao me assumir apaixonado. Desculpa por desafiar constantemente o tempo. Desculpa por jamais abaixar os olhos. Desculpa por não correr do que a todos intimida. Desculpa por não ser de carne e osso, mas de sonho e sentimento. Desculpa por me preocupar com sua saúde, com sua alimentação, com seu bem-estar, com sua felicidade, com seus batimentos cardíacos. Desculpa por ser algo totalmente novo em seu cotidiano. Desculpa por ter aparecido sem convite, embora sempre ouvi chamados do seu inconsciente. Desculpa por ceder aos três pontinhos que pontuam uma indefinição que não é minha. Desculpa por ser louco, doido, maluco, ensandecido, perturbado por você. Desculpa por ter coragem de fazer de um tudo para lhe ver bem, inclusive dar adeus. Desculpa por passar noites em claro pedindo você às estrelas cadentes, carentes, ausentes. Desculpa por não poder ser menos do que não abro mão de ser. Desculpa por tender de forma tão descarada à eternidade. Desculpa por contrariar suas razões com meu eu-emoção. Desculpa por tirar para dançar sua silhueta que se forma abstratamente em todos os lugares que habito. Desculpa por não me cansar de amar mais do que posso. Desculpa por ter roubado parte de você para o meu mundo. Desculpa por não devolver tudo o que me deu de bom grado. Desculpa se não tenho o hábito de tornar as coisas mais fáceis, mas quem já disse que o amor é algo fácil de ser forjado? Desculpa por minhas linhas falarem tanto de você. Desculpa por agradecer de forma íntima sua existência. Desculpa por manter vivas em mim todas as suas marcas. Desculpa por lhe beijar em sonhos. Desculpa por ainda me esbaldar nas notas do seu perfume coladas em minha pele. Desculpa por fazer da saudade que sinto da sua proximidade o meu bicho de estimação predileto, sem me importar se por medo ele ainda me morde. Desculpa por trazer à tona tantas desculpas para falar de um amor que não tem desculpa.


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17/06/2014 - O mesmo de sempre

Eu sou o mesmo de sempre, no tratamento e na forma de viver o que é o amor. Eu sou o mesmo de sempre, com olhos pulsantes de um coração embotado de sentimento. Eu sou o mesmo de sempre, com a alma vazando pelos poros. Eu sou o mesmo de sempre, com a certeza de que o que sinto é o que deve ser vivido intensamente, verdadeiramente, infinitamente. Eu sou o mesmo de sempre, firme em minhas loucuras. Eu sou o mesmo de sempre, no choro e no sorriso. Eu sou o mesmo de sempre, entregando-me de forma plena aos sonhos que me habitam. Eu sou o mesmo de sempre, não desisto mesmo levando pito. Eu sou o mesmo de sempre, um romântico sem cura. Eu sou o mesmo de sempre, obviamente inesperado e surpreendente. Eu sou o mesmo de sempre, grávido de imaginação. Eu sou o mesmo de sempre, perfumado de paixão e caminhando em frente mesmo ouvindo não.


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04/06/2014 - Olha o amanhã

O mestre do tempo de olhar timoneiro professou aos meus ouvidos: deixa de tolice, de crendice, de maluquice – o amanhã já nasceu, embala-o ou abandona-o. Custei a entender, mas depois compreendi que eu nada perdi porque tudo ainda tenho em mim e para mim. O dia de amanhã já faz parte do hoje. Ninguém vai acontecer no futuro se já não tiver acontecido, pelo menos em parte, no passado. O destino nos dá e nos puxa as linhas de nossa vida, mas cabe a nós resistirmos ou não. Antes de procurar o dia de amanhã lá na frente, volte-se para o seu lado e me diga o que vê. Você pode querer guardar o amanhã para você, mas nunca poderá guardar você do amanhã. É necessário alimentar o que queremos antes que o nosso querer grite de fome. De fome de nós próprios. Você quer um novo começo sem medos, sem defeitos, sem pesos. Porém, quando é que você vai começar a abrir mãos desses medos, defeitos e pesos para permitir que esse novo começo, que já habita em você, tenha vez. Mais do que levar sementes, você é o que deve ser plantado para ser colhido numa outra forma numa outra época. O amanhã já nasceu, embala-o ou abandona-o.


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