Daniel Campos

Berradeiro


1998 - Poesia

Editora Auxiliadora

Resumo

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Balada do adeus

Se for para dizer adeus, que não o faça antes de amanhã
Que o seu adeus lhe imite e seja repleto de insinuações
Nunca pronuncie adeus - nunca as cinco letras juntas
E que embora fortes, as insinuações sejam leves
Como o sorriso que estende em seu rosto.

Se for para dizer adeus, que o faça com olhos distantes
Que o seu adeus nasça covarde como uma traição
Quando se for, que o adeus escorra por suas costas
E se acabe no chão, no meio de um caminho
Posto que o seu adeus não é tema acabado.

Se for para dizer adeus, que não o faça de repente
Que ele seja como o seu andar ? lento e breve
Que seus últimos dizeres guardem um sabor estranho
E quando mais tarde, diante de um copo qualquer,
Que bem (mal) digam o seu adeus ao beber da sua ilusão.

Se for para dizer adeus, que o faça entre paredes secretas
Que a dor, escondida lá fora, não escute que irá partir
Adeus - que o gosto amargo não fique por muito na boca
E se houver choro, que se esconda por detrás do adeus
Por fim, que da despedida, sem querer, aconteça a saudade.

Se for para dizer adeus, que não o faça.


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