Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 245 de 248.

Velas de sal

Quem é a mulher que vai
E se esvai
Como onda que serpenteia

Mulher de lua alta
Mulher de maré cheia

Mulher que me inunda
Em tua falta
E me clareia
Como a luz funda
De um farol
Que se incendeia
Ao pôr do sol

Mulher que cavalga
No lombo do cavalo marinho
E corre por entre o linho
Vermelho das algas
Que prendem os timões
Dos naufragados galeões

Mulher que tem o diário...
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Veleiros negros

Velas
Sopradas pela noite
Veleiros, veleiros negros
Se esparramam
Pelo mar escuro
Sem bússolas
Sem faróis
Sem âncoras.
Não há marinheiros,
Piratas ou tubarões.
Veleiros fantasmas
Que cruzam os sete céus
Vigiados pelos olhares
Que se vão longe, longe, longe...
Veleiros
Deslizando sem destino
Se perdem
Em tantos encontros,
Somem e surgem
Entre ondas
E nuvens.
Veleiros, veleiros negros...
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Veneno

Silêncio
Entre meus olhos e teus cristais
A água
Espelho translúcido
Reflete teu reflexo úmido.

O suor frio
Escorre transparente
Por tuas correntes
Em correntezas
De verão.

O sol
E a nuvem.

Os olhos
E a chuva.

Os gestos
E o silêncio submerso
Na chuva
Que chuvisca na teia
Dos teus olhos de aranha.


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Vento e cata-vento

Pelos ventos
Dos sentimentos
Eu proclamo
Que a amo
E clamo mais
E amo demais
Aliás, amo perdendo os limites,
Fazendo do teu destino
O alvitre
Do menino
Que habita este planeta
De pele, sonho e osso
Que sou. Ouço
A corneta
Do tempo a nos chamar
Aceita uma contradança
Vamos rodar
Feito criança
Porque o amor está lá fora
Aqui dentro em todo lugar
A nos esperar...
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Comentários (1)

Vento ventania

Se o vento vier buscar outro alguém
Eu não vou...
Se o vento vier procurar por você
Eu não estou...

Vento
Venha ventania
Venha brisa
Que eu quebro suas asas
Tomo sua direção
E ainda lhe prometo
Um outro adeus...

Se o vento vier e ainda trazer
Tempestade
Se o vento vier e ainda sofrer
Uma saudade
Eu não acredito
Não temo
Não minto
E ainda lhe prometo
A um outro deus...


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Ventre

Ah! Me belisca
Só para eu saber se é real
Ou sobrenatural
Este seu ventre
De odalisca
Que como um poente
Decompõe-se
Em meus sonhos,
Sonhos
Que desde o carnaval
Andavam tão tristonhos.

Ah! Ventre quente de sol
Deixa-me descer tuas ladeiras
No meu velotrol.

Ah! Ventre branco de lua
Oferta-me tua poesia em leira
E dança calada e nua.

Ah! Mulher do ventre que guarda filhos...
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Ventre de silêncio

A mulher que leva o silêncio em seu ventre
Faz dos seus passos seus gritos
Faz dos seus olhos seus textos
Faz da sua silhueta sua canção.

A mulher que leva o silêncio em seu ventre
Enclausura seus lábios num voto secreto
Afasta a frase que insiste em lhe procurar
Foge dos versos como se poesia fosse pecado.

A mulher que leva o silêncio em seu ventre
Caminha nas palavras já ditas
Caminha na ruptura do tempo ? o tempo dito e o tempo maldito...
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Verbo ir

Ela sumiu como não se some mais hoje em dia
Deixou telefone e endereço
Só não me deixou meios de usá-los.
Bloqueou os caminhos com um fio de silêncio
Um fio que, mesmo invisível, corta.
Seu nome e foto poderiam se espalhar pela cidade
Em faixas, em cartazes, em outdoors:
"Procura-se"
Mas de nada adiantaria
O prazo horas para avisar a polícia expirou
E se fizeram semanas
Semanas marcadas pelo fio do silêncio.
Fugiu e me deixou todas as pistas...
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Verborragia

Querer
É não poder
Fantasiar
Os argumentos.

Querer
É responder
Sem negar
Os atrevimentos.

Querer
É falar
O que já foi falado.

Querer
É amar
O que já foi amado.

Querer
É se esconder
Para se encontrar
Com o previsto.

Querer
É se prender
Para se soltar
Sem ter se visto.

Querer
É um desquerer
Quando a vida
Passa a ser querida.


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Verde e rosa

Meus olhos verdes
Seu vestido rosa,
Meu terno verde
Sua boca rosa.

Sambo em folhas verdes
Serdes a mangueira.
Caminho levando esperança
Desejo que não se cansa
De ver a rosa roseira
Na estação primeira.

Levo um verso no peito
Leito de sonho ilusão
Onde pulsa o coração
Na batida de um surdo
Que me deixa mudo
Às portas da estação
Derradeira
Que dá manga que dá bamba
Que dá samba de mangueira....
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