Daniel Campos

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22/12/2008 - Cuidado com a pisadeira

Entre assados e saladas, espumantes e vinhos, há de se ter cuidar do estômago nessa época do ano. Isso porque, neste tempo de festa, mesmo quem vive de dieta costuma cometer alguns excessos. Pois bem, frente à comilança, é bom ter cuidado com a pisadeira. Pisa o que? Pisadeira! É uma mulher magérrima, com ossos longilíneos e unhas enormes, tão encardidas quão amareladas. Isso sem falar que tem o cabelo todo esfarinhado, os olhos vermelhos e o nariz muito curvado, como daquelas bruxas antigas.
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26/08/2016 - Cuidado com o amor

E então o amor chegou. Não me pergunte como. O fato é que ele chegou. E quanto tempo fica? Ninguém sabe. E nem é bom se ater a essa questão, pois ele pode se zangar e ir embora mais cedo. O amor é melindroso. Então, muito cuidado! Não provoque o amor querendo saber mais do que ele quer revelar. O amor só se mostra o necessário. Quem quer ver mais do que isso está arriscado a ficar cego ou só. Vá com cuidado, pois todo cuidado ao mexer com um amor recém-chegado é pouco. É como filho recém-nascido, necessita de muito zelo e paciência. O amor pode ter chego, mas só mostra seus reais objetivos, seus caminhos, com o tempo. Então, entregue-se ao tempo para viver o amor que só te dá uma chance. Se desperdiçá-la pode até ter uma nova oportunidade com a mesma pessoa, mas já será outro amor.


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29/10/2012 - Cuidado com seu Zé Pilintra

Podem tentar me destruir, mas, desde já, eu aviso que não vão conseguir. Porque para me derrubar têm de primeiro derrubar Zé Pilintra. Zé Pilintra é quem me protege e sempre há de me proteger. É bom pensarem duas vezes antes de se atrever a enfrentar este capoeira. Portanto, se liga, e não me venham com besteira. É preciso mais do que coragem para tombar a malandragem de Zé Pilintra. E eu estou vestido com o chapéu panamá e o terno branco deste malandro. A minha camisa de seda, navalha alguma é capaz de cortar. ...
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04/09/2014 - Cuidador

Ainda não aprendi e talvez jamais aprenda em tempo algum a cuidar de mim como cuido de quem ao amor me destino. Esqueço-me por completo para dar mais e mais atenção à dona dos meus zelos. Que culpa eu tenho se nasci justamente para mimar de forma ininterrupta e crescente a mulher amada? As linhas ciganas das minhas mãos são preenchidas pela agenda dessa mulher que faz o que bem quer com o meu relógio e com os meus caminhos. Num súbito, deixo tudo para trás e parto sem medir efeitos para atender ao menor dos chamados dessa mulher que concede sentido a minha existência. Não me vejo sem cuidar dessa criatura a qual rendo todos os meus sonhos, sejam eles sagrados ou sem pudores. Estou constantemente enredado, emaranhado, apaixonado por essa mulher que me vira do avesso com um simples olhar. Definitivamente, cuidar de mim é cuidar de quem amo demais. Não há como dissociar o meu bem-estar do dela, posto que a minha felicidade está diretamente ligada ao estado carnal, emocional e espiritual dessa mulher. Seja como homem, como anjo, como poeta minha missão é cuidá-la sem exigir nada, absolutamente nada, em troca. Trata-se de um amor incondicional que me faz querê-la feliz independentemente se nos meus ou em outros braços. Dia após dia, recebo de bom grado cada uma de suas dores e trabalho seu sofrimento no meu mais profundo eu até que consiga lhe devolver tudo em pérolas. É para isso que existo, para amorizar quem tem tudo de mim na hora e da forma que bem quer. Por ela, quebro normas. Por ela, mudo hábitos. Por ela, troco o hábito pelas garras ou vice-versa. Se cuidasse de mim um duodécimo do que cuido dela colocaria em risco quem me rege feito estrela cadente, fonte de desejos inocentes e esperanças nada penitentes. E eu vivo simplesmente para não permitir que ela cumpra sua sina: cair. Mantenho-a no mais alto dos céus a qualquer custo. Para tanto, não pouco esforços ou magias. Doo-me carne e espírito a ela sem importar o que restará em mim ou para mim. Existo porque cuido e não mudo tais cuidados nem por decreto assinado por ela mesma. A mulher amada é meu chão, meu teto, meu vício predileto. Cuidando dela não tenho fome, não tenho sono, não tenho frio, não tenho mal, não tenho precisão alguma senão o próprio cuidado. Junto dela ultrapasso as barreiras do mundano e habito outro plano só possível de compreensão para os que amam além de todo e qualquer limite. Por ela, eu me nego. Por ela, eu desapego de mim. Por ela, abdico de angústias e aflições. Realizo-me no ato de dar colheradas de amor à boca d’alma dessa criatura que está impregnada em todo o meu “ser” e, shakespeariano que sou, também no meu “não ser”. O amor pelo qual me transformo em cuidado me basta. Abro mão de tudo o que tenho e o que sou em nome dessa mulher sem nome. Não importa se durmo ou não, mas se consigo afugentar de suas noites todo e qualquer pesadelo. Não importa se como ou não, mas se a alimento na dose certa de poesia. Não importa se queimo em febre desde que a centelha desse sentimento continue acesa em minhas entranhas. Cuidar de mim é cuidar de quem me faz assim, assim apaixonado sem começo nem fim. Tenho para com ela segundas, terceiras, quintas, sétimas intenções, mas, de repente, tudo que há em mim se alinha, orbita e converge em torno dessa mulher intencional. Faço-me inteiro, meio ou pedaço dependendo de suas necessidades. Transformo-me no silêncio de um colo ou no uivo de um encaixe perfeito dependendo de suas vontades. E mesmo que ela caminhe na contramão dos cuidados que eu precisaria ter para comigo merece ser cuidada com todo afinco num contínuo redimensionamento do afeto. Se ela me faz sofrer? Sofrer seria não exercer o direito conquistado à base de muitas provas e loucuras de amor de que sou digno de cuidá-la como nunca cuidei e, quiçá, jamais cuidarei de mim. Cuidar-me-ei sempre a cuidando, eis o meu papel principal nessa passagem (nada) cuidadosa pelo mundo. Que a terra tenha compaixão de meu corpo, pois ela, a mulher amada, tem minha alma de papel passado; Uma doação sem volta. Sim, como causa e consequência desses cuidados eu sou dela como nunca fui ou serei meu.


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10/10/2013 - Cuidados

Cuida da lua para que ela não caia do céu ou não se apague. Cuida do mar para que ele não dessalgue. Cuida do tempo para que ele não se adiante ou se atrase por demais. Cuida do sonho para que ele não ultrapasse o prazo de validade. Cuida das asas para que elas não se transformem em raízes. Cuida da boca para que ela não fique sem beijos. Cuida do caminho para que ele não se divorcie de seus passos.

Cuida das mãos para que elas saibam dizer olá e adeus com a mesma desenvoltura. Cuida do passado sem que ele ocupe o lugar do futuro. Cuida do destino independentemente se vai cumpri-lo ou alterá-lo. Cuida dos meios, dos terços, dos quartos, dos quintos como se cuidasse do inteiro. Cuida dos anjos para que eles continuem acreditando que acredita neles. Cuida do recomeço e faça dele seu endereço fixo.


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07/02/2014 - Cuide-se

Não deixa colocarem todo o peso do mundo, principalmente do mundo que não é seu, nas suas costas. Não deixa segurarem suas pernas impedindo que você siga na sua velocidade e por onde tem que seguir. Não deixa que se aproveitem da sua inocência para beber seu sangue, e quando digo sangue falo de vida. Não deixa que brinquem com sua boa vontade, pois tudo tem limite (exceto, é claro, alguns amores).

Não deixa que lhe culpem pelo que não fez, pois a culpa posta é difícil de ser tirada. Não deixa que fechem seus olhos para tudo o que está ao seu redor. Não deixa que diminuam ou apagam seu brilho só porque isso incomoda muita gente. Não deixa que destruam a sua paz, pois sua tranqüilidade não tem preço. Não deixa que ninguém lhe machuque, pois isso deve ser considerado crime hediondo, mortal, injustificável. ...
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07/12/2012 - Culto à mulher amada

A mulher amada não nasce de ordens. Tem um começo espontâneo e não tem fim, muito menos um objetivo concreto em sua missão. Também não há regra alguma relacionada ao local de seu nascimento, pode ser num quarto, numa festa, numa lua, numa solidão, num coquetel, num tabuleiro, num bar... Deu para entender? Não se preocupe, pois a mulher amada está acima de qualquer entendimento. A existência dessa mulher é um jogo, onde ela ganha e você perde. Perde noites de sono, perde apetite, perde rumos, perde prumos, perde pudores... Isso sem contar que existem infinitas variações de mulher amada em uma mesma mulher amada. Porém, tudo com total propriedade, pois cada mulher amada tem uma fórmula tão própria quão secreta. ...
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12/04/2015 - Curtas

A fruta que madura no pé tem gosto de mulher. O violão que ponteia na roça tem aconchego de palhoça. O coração é como nuvem pode passar pelo tempo que for sem apresentar ferrugem. O voo do mandarim traz aos céus perfume de jasmim, assim como as asas da açucena batem num cheiro de alfazema. A flor que desabrocha no sertão é uma mistura de cor e procissão.


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16/07/2016 - Curvar-me-ei

Quantas curvas tem nossa estrada? Impossível dizer, calcular, supor. Pode-se pensar que o melhor seria uma estrada reta, direta... porém, se a estrada fosse retilínea não haveria encontros? E a paixão é uma curva. E o amor é quando graças a curva duas estradas se cruzam e se fundem. Para que querer uma estrada reta, se a vida é justamente o acontecimento, o fenômeno, o inesperado. Que minha estrada seja de curvas, aclives, declives e tudo o mais que aos olhos do homem objetivo seja absurdo, imperfeito, desnecessário. Se o amor se faz e se refaz em curvas, curvar-me-ei.


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18/11/2008 - Cuspidor de fogo

Era só mais uma fração de segundo. Era só mais um ato banal. Era só mais um dia depois de outro dia. E aquele cuspidor de fogo não podia falhar. Na sua cabeça, as náuseas das vezes que engasgou, que se machucou, que não levou aplausos. Agora tinha de ser diferente. Olhou à platéia, à vida, às feridas e soprou. Uma chama cortou o circo, queimou a lona, acabou até com o sorriso do palhaço que já andava sem graça. As crianças se assustaram, os garotos aplaudiram e as mulheres choraram de medo e dor....
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