Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 97 textos. Exibindo página 2 de 10.

14/12/2015 - Que venha mais

Que venha mais e mais de tudo isso. Que venha novos caminhos e novas estradas. Que venham inéditos dias. Que venham chuvas e sóis. Que venham ventos dos cinco cantos. Que venham outras afinações para o velho violão. Que venham escândalos e cuidados. Que venham as marés altas e baixas no mesmo bailado. Que venham as noivas com seus buquês de inverno. Que venham os sinais. Que venham os profetas da saudade. Que venham silêncios e paixões. Que venham olhos revirados pelo avesso. Que venham balões cruzando o mundo em sete dias. Que venham cantigas de vitória. Que venham colos e confortos. Que venham doces e bárbaros. Que venham as mães do amanhã. Que venham rosas tatuando a pele. Que venham três beijos em brasa e um arrepio. Que venham os marechais do amor. Que venham os corsários com seus segredos. Que venham os pássaros azulados. Que venham as bailarinas com suas pernas altas. Que venham os bilhetes dizendo até para sempre.


Comentar Seja o primeiro a comentar

31/10/2015 - Quando durmo, sumo de mim

O sono é tanto que o meu encanto é me fazer dormir em qualquer canto. O corpo cochila. Os olhos pescam. A cabeça dá apagão. E sonho acordado para além da imaginação. Os carneiros nem precisam pular. As moças nem precisam fazer cafuné. As camas nem precisam ser macias. Onde o corpo encostar ele vai se entregar ao sono. E tem gente que tem fé no sonho. Que bicho vai dar? O que isso vai significar? Pra onde o sonho vai nos levar ou nos levou? Não sei, não fui, não vou... A carne tá cansada e alma é alada. O de fora fica o de dentro vai embora. A alma escapole e bole por aí. Meu corpo é o ninho, o espírito é o bem-te-vi, a alma é o que vale o caminho e pra todo lado ninguém está sozinho. Quando durmo eu sumo de mim.


Comentar Seja o primeiro a comentar

24/09/2015 - Quebrar pedras

Pisamos num chão de pedra. Moramos em casas de pedra. Enterramos nossos mortos sob lápides de pedra. Fazemos fogo atritando pedras. Adoecidos, nosso rim ganha pedras. Matamos e morremos por ouro, que é pedra. Sabemos que a melhor pizza é assada na pedra. Esculpimo-nos em pedras. Nossos artesanatos e acessórios são de pedra. Cozinhamos em panelas de pedra. Nossa sopa mais famosa é de pedra. Nosso poeta no meio do seu caminho tinha uma pedra. Os viciados ateiam fogo numa pedra. Os pecadores recebem a dor das pedras. Utilizamos joias com pedras. Místicos, adoramos a energia das pedras. Associamos o eterno ao diamante... Pedra. E nos acostumamos a ter um coração de pedra. Nesse mundo de pedra, sejamos garimpeiros do sentimento. Busquemos o que as pedras escondem. E sem culpa, quebremos pedras. ...
continuar a ler


Comentários (1)

19/09/2015 - Quando o violeiro passou

Quando o violeiro passou tocando sua viola, o asfaltou rachou e pé de tudo quanto é coisa brotou. Quem pedia esmola passou a pedir bis. A cidade se alegrou e até a dor pensou que era feliz. Quem estava sozinho se juntou e quem vivia separo se reencontrou. A música tomou de conta dos edifícios, do primeiro ao último andar, e desfez a impressão de que amar era um bicho difícil. O lixo virou semente. Doente saiu do hospital a dançar. Quando o violeiro passou, sobre o seu cavalo, tocando sua viola, tudo quando foi galo de enfeite cantou. Como circo chegando antigamente, a cidade se enfeitiçou e não falou de outra coisa senão da batida do violeiro que foi absorvida por dentro até mesmo por quem já vivia com o peito seco. A música floriu o beco, plantou sonhos na avenida e revirou a terra dos corações, preparando-os para receber o amor. Quando o violeiro passou de cavalo, viola e chapéu até quem não acreditava em santo, tomou-se de encanto pelas coisas do céu. E quando o violeiro passou, indo-se embora, sem demora a noite caiu e sua viola pintou no céu uma lua de mel. E teve apaixonamentos e entregamentos e casamentos num piscar de segundos como se o amor tivesse chovido no mundo.


Comentários (1)

31/07/2015 - Quarando o coração

De quando em quando é necessário colocar o coração para quarar, limpando-o do mundo que a todo instante está a nos contaminar com suas mundices. Não é maluquice estender o coração no chão nosso de cada dia sob um sol de ferver sabão. Só tome cuidado, fique atento, pois enquanto o coração está quarando ao vento alguém pode passar e roubar o seu torrão de sentimento. E também não vá se esquecer de deixar seu coração ao relento a sofrer de solidão que o dista das estrelas.


Comentar Seja o primeiro a comentar

20/07/2015 - Queijo coração

O coração como um bom queijo não pode chorar. Precisa ser bem espremido, podendo para ir ser sofrido seja por que mãos forem. Não se preocupe com o tempo, pois o coração fresco vai ficando curado. As dores vão fermentando os sonhos e vai se criando uma casca entre o mundo e o miolo do coração. Dependendo da ebulição, o coração pode ter ou não buracos que dão às brincadeiras da emoção. E o sonho de todo coração é ser devorado aos pouquinhos ou num só bocado, dependendo da fome e da duração do amor.


Comentar Seja o primeiro a comentar

04/07/2015 - Quintais de dona Naná

Pelos quintas de dona Naná dá graviola e acerola, ingá e sabiá, caju e anu, milho e filho, caqui e bem-te-vi, abóbora e cobra, jabuticaba e mangaba, chuchu e pacu, abacaxi e lambari, goiaba e cabra, goiabinha e coleirinha, toco e porco, rosa e prosa, salsinha e galinha, hortênsia e querência, capim e aipim, algodão e fruta-pão, curió e cipó, vaca e alfavaca, sementeira e mangueira, muda e arruda, alecrim e surubim, canário e cenário, araticum e urucum, lírio e delírio, costela-de-adão e manjericão, bambu e tuiuiú, laranja e franja, gato e mato, jatobá e cará, tudo tem, meu bem, pelos quintas de dona Naná.


Comentar Seja o primeiro a comentar

11/06/2015 - Quem me amará?

Quem me amará se eu não conseguir mais escrever? Quem me amará se eu fechar meus olhos e nada mais ver? Quem me amará se eu tiver dificuldade e até mesmo deixar de andar? Quem me amará se eu der trabalho? Quem me amará se eu não sair mais da cama? Quem me amará se eu se eu não tiver mais poder sobre o meu corpo? Quem me amará se eu não for mais perfumado como hoje? Quem me amará se ao contrário de cuidar eu tiver de ser cuidado? Quem me amará se eu perder minhas asas? Quem me amará se o meu rosto não condisser com o retrato passado? Quem me amará se o tempo levar muito de mim? Quem me amará se eu não me lembrar de quem amei? Quem me amará se eu confundir as realidades, trocando nomes e identidades? Quem me amará se eu não der conta de falar? Quem me amará se eu não mais servir para o dia a dia? Quem me amará se para além da casca e dos fazeres eu for só a poesia?


Comentários (1)

03/05/2015 - Que seja bem-vinda!

Você chega falando palavras estranhas como se eu não soubesse lhe decifrar. Você chega fazendo pirraça como se eu não pudesse lhe amar. Você chega entrando pedindo licença como se eu fosse de cerimônia. Você chega tomando minhas bebidas, as permitidas e as proibidas, como que querendo brigar. Você chega me testando, roubando-me a paciência, atiçando-me a querência, exigindo-me toda e qualquer parcimônia. Você chega encenando a demônia esperando que eu seja anjo de sétimo céu. Você chega com a beleza das feras que adormecem exalando primaveras. Você chega com olhos de catedrais e mãos repletas de punhais. Você chega e me dobra como se eu fosse de papel. Você chega como quem não fosse chegar e quando menos se espera já está de partida como se a chegada se fundisse com sua ida e assim, sem começo nem fim, eu entoo: linda, que seja bem-vinda.


Comentar Seja o primeiro a comentar

31/03/2015 - Quando a gente ama

Quando a gente ama, o mundo inflama. Quando a gente ama, tudo fica em chama. Quando a gente ama, o coração aclama. Quando a gente ama, começa-se e acaba na cama. Quando a gente ama, o romance é uma trama. Quando a gente ama, vamos do céu à lama. Quando a gente ama, a vontade se alastra feito rama. Quando a gente ama, a realidade se acama. Quando a gente ama, a saudade ganha fama. Quando a gente ama, o perdão naturalmente emana. Quando a gente ama, somos cavalheiro e dama. Quando a gente ama, é lúdico nosso panorama. Quando a gente ama, vemos florido um canteiro de grama. Quando a gente ama, os sentimentos raiam em gama. Quando a gente ama, por mais que hajam planos não há cronograma. Quando a gente ama, permite-se o melodrama. Quando a gente ama, esquentamo-nos como pelo de lhama. Quando a gente ama, misturamos nossos pijamas. Quando a gente ama, o cenário se rediagrama. Quando a gente ama, o bem e o mal se tornam um jogo de fliperama. Quando a gente ama, é curto-circuito o resultado do eletroencefalograma. Quando a gente ama, temos asas e escamas. Quando a gente ama, nossos corpos se trocam como telegramas. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   1  2  3  4  5   Seguinte   Ultima