Politiquia
03/07/2008 - Alice, cadê o país das maravilhas?
Alô! Alô! Alice!!! Está me ouvindo, Alice?! Tento conversar com uma das estrelas da literatura inglesa, mas ela não atende meus telefonemas. Felizes os personagens de romance que não têm celulares e seus aborrecimentos. No entanto, precisava falar com ela. Queria que me contasse onde fica esse tal país das maravilhas. Estou de malas prontas para desembarcar lá com minha família. Pelo amor dos loucos, onde é que eu acho a toca de coelho que vai dar num lugar fantástico povoado por criaturas mágicas? Por aqui, as únicas criaturas que encontro, fofocas à parte, não são nada maravilhosas. De um lado, está a crise do preço dos alimentos, de outros, os reajustes de alugueis, os juros dos cartões de crédito, a ascensão do barril de petróleo... Por onde quer que eu olhe só vejo as criaturas do país da inflação.
Nervosa e autoritária, a inflação tem pressa em crescer e procriar. O Coelho Branco, que passava os dias olhando para o relógio, fugiu. E olha que ele vivia atrasado em seus compromissos. Que horas são! Hora de correr. A inflação encarnou de vez a Rainha de Copas e está mandando aquelas cartas de baralho malucas cortarem a cabeça de todos os seus convidados. E, infelizmente, nós somos convidados desse banquete de preços altos. Socorro! Salve-se quem puder! A inflação de dois dígitos quer cortar a nossa cabeça. Já não basta cortar o nosso orçamento? Quero tomar chá com o Chapeleiro Maluco e com o Gato Risonho, mas chá já virou artigo de luxo em qualquer cesta básica.
O país das maravilhas deve ser longe mesmo, porque até mesmo os Estados Unidos e países europeus começaram a caminhar para um desfiladeiro de prosperidade, tendo de um lado a necessidade de estimular a paralisada economia e, por outro, a necessidade de controlar a inflação, que ensaia seus galopes. O pior é que os líderes mundiais se reúnem tentando reverter esse cenário, mas ninguém convidou Alice para participar das discussões. Só ela sabe o endereço desse paraíso que vive alheio da cruel realidade. Diante de todo esse desespero, você ainda acredita no país das maravilhas, não acredita?
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