Daniel Campos

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Troquei os sonhos

Troquei os sonhos pelos pensamentos
Troquei as incertezas, as probabilidades pelas lembranças,
Fiz-me menos utopia e mais realidade,
Afastei-lhe de mim mesmo estando cada vez mais perto
E não mais a olhei diretamente olhos nos olhos
Paisagens remotas, olhos longes, a distância lado a lado.
Desprezei nossas conversas, onde falava de você
E eu me declamava em meias palavras
Nunca desconfiou, quis que desconfiasse
Minhas mãos que quase tocavam a sua, seu rosto, suas costas
Agora são mãos que vagam abertas de histórias.
A minha boca que sempre lhe chamava
Agora é boca que amarga uma solidão declarada
Desvirginava seus sorrisos, amparava suas dores
Agora me calo diante do que foi falado.
Procuro não tocar no seu nome
Sabe de mim o que quer sem perguntas
A seus olhos torno-me translúcido
Deixo cair todas as máscaras
Parei de semear as flores imaginárias
Afinal, eu só me resvalava em seus espinhos
E embora com sangue, continuava.
Hoje, não continuo mais.
Se não pude tê-la em sonhos, tê-la-ei em sofrimento
Posso ser melancólico, triste, depressivo
Mas não sou pedra que se deita ao tempo
Pedra que não se sabe em sentimentos
Contrariei o tempo, dilacerei-me em emoções
Tentei ser pedra, mas o amor trincou a rocha fria
E pela fresta da pedra verteu a minha poesia.



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