Daniel Campos

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Posseiro amor

Meu amor chegou manso
Sem previsões ou avisos
E no calor de seu remanso
Correu meu corpo
Feito epidemia
De ar em sopro
E estancou
Meu sangue
E libertou
De uma vez
As asas da minha poesia
Dos viscos do mangue
Da insensatez.

Meu amor fincou mourões
Esticou arames
Arou paixões
E passando por cima
De todos os tramites
Demarcou os terrenos
Com afetos e venenos
Como um posseiro
Do amor romeiro
E como um imã
Esse amor me atraiu
E me sucumbiu
De um jeito que eu nem sabia
Invadiu-me depois do que eu queria
Mas ao final do dia
Ao toque de um clarim
A esse amor todo
Eu já me rendia.

Eu que nem desconfiava
Que amor assim
De cinema
Pudesse brotar
Do meu lodo
Coração
Que já não batia
Esvaia
E como seguidores de uma seita
O exército do amor
Na súbita ordem dos anjos
Fez de mim sua colheita
E foi marchando
E voando
E volitando
Pelos meus corredores
Com suas harpas e tambores
No mesmo arranjo
Que como ente do amor, tanjo.


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