Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Perícia-me

De repente tão somente
Tem meu coração
Vão a vão
Frente a frente
Colocado à lente
Dos seus olhares.
Leva-o por onde for
Despetáleo como sangue em flor
Borda-o no teu peito
Faz dele de todos os lugares
Teu último leito
Mas não o tortura
Com fartura
De solidão,
Ele não é feito de vinho
Ele não é feito de pão
Ele não pulsa sozinho
Nem se alimenta de não
Ele só necessita
Da sua visita
Em comunhão,
Em comunhão de sonhos e medos
Em comunhão de sonhos e segredos
Em comunhão de sonhos e rochedos.

Ah! Coração envergado de ilusão
Quer abrir suas asas
Romper seu casulo
Para viver a metamorfose
Do amor
Numa overdose
Que nos extravasa
Dose a dose
Todo o despudor
De um oratório.

Ah! Me adula
Na gula
Da sua tentação,
Ah! Me arrasa
Em brasa
E se casa
No ofertório
De um coração
Que cede a sua malícia
E proclama em feitio de carícia:
Perícia-me.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar