Daniel Campos

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Pedras pedregulhos

Pedras
Nós somos pedras que se espalham
Pelas ruas
No meio do caminho dos drummonds
Pedras
Reluzimos nas mãos
Da fantasia
Pedras
Que não se acomodam no fundo
Do mar
Vamos e voltamos
Voltamos e vamos
No movimento da maré.
Somos as pedras
Que se debruçam
Nos seios da civilização
De pedra
Calamos a dor
E brotamos a flor
Que se liberta
E volta para ser pedra
Abstrata
Numa pirofagia de cor.
Pedras
Lambidas pelo vento
Pedras
Traídas pelo tempo
Pedras
Que não tem reflexo
Afundam antes de olharem
Na face da água
Condenadas
A viverem
Sem se ver
Além dos próprios olhos.
Pedras que são perdas
De momentos
Amores petrificados
Guardados
Como monumentos
Imperiais
De um sonho
Que não foi além de um esboço
Ou se foi aquém
Do que não podia
Ser
A moça
O moço
Amores que não dissolvem
Cristalizam como sal
No oceano
Ou paredões de deserto
Que não somem
Não desaparecem
Não esquecem
Vivem como pedras
Que apedrejam nossos corpos
Que se alastram pelas nossas trilhas
Pedras que são retratos
De um mesmo tema
Pedras que são pedaços
De um mesmo poema
Que se foi
Escrito
Para ser como pedras
Perdão que não morrem.


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