Daniel Campos

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Os olhos da mulher amada

Como doem os olhos da mulher amada
São olhos que perfuram e torturam
Que sufocam e provocam
Que latejam e beijam
A coisa amada.

De uma troca de olhares
Surgem detalhes
Deixas
E cenas inteiras.

É como fosse criado um fluxo
Contínuo em sua mais completa descontinuidade
Uma estrada
Curvilínea, retilínea, parabólica
Com tendências para o infinito
Da saudade.

Ah! Os olhos da mulher amada
São poemas
Que para existirem
Negam famosos teoremas
São olhos que florescem
São olhos que amanhecem
São olhos que nunca se esquecem
Os olhos da mulher amada.

São olhos que navegam
Na vertical, na horizontal,
Na tangencial dos corações
Não há maior prova de amor
Do que um encontro de olhares.

Olhares que se buscam
Querendo se achar
E se perder numa mesma visão
Olhares que não começam
Olhares que não terminam
Olhares que são apenas continuação
Do que não se pode explicar.

Os olhos da mulher amada
Doem a beleza e a tristeza
De se viver o amor
Em sua essência
E em todas as suas variações.

Como brilham os olhos da mulher amada
Como respiram os olhos da mulher amada
Como fecundam os olhos da mulher amada
Fecundam sonhos e mais sonhos.

Ah! Deus permita que eu me acabe
No leito dos olhos da mulher amada
Depois de uma vida inteira por lá.

Os olhos da mulher amada
São olhos aromáticos
São olhos emblemáticos
São olhos impossíveis de se deixar
Em uma vontade em uma necessidade
De se ver nos olhos da mulher amada.

São olhos que dizem,
São olhos que gritam,
São olhos que silenciam
Quando bem querem.

Ah! São olhos virgens
E que causam vertigens
São olhos que renovam
São olhos que dão força
São olhos que colorem
De esperança quem os olha.

Ao encontrar os olhos da mulher amada
Ocorre uma transcendência óptica
No espaço
Atemporal e adimensional
Que influencia do gesto mais modesto
Até a fase da lua.

Os olhos da mulher amada
São olhos de estrela
São olhos de cupido
São olhos de canela
São cartões postais
São olhos medicinais.

O que são? Ai, o que são
Os olhos da mulher amada?
Olhos que doem e fazem doer
De prazer a coisa amada.


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