Daniel Campos

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O sono da mulher amada

Não deve haver beleza maior que vê-la dormindo.
Seu corpo frágil sobre a cama.
A pele confundida com os lençóis nas cores pálidas de um anjo abajur.
Pernas dobradas como se abraçadas a um mundo qualquer.
A respiração tranqüila.
Algum pesadelo seria capaz de incomodar aquela cena?
Não, nenhum pesadelo seria tão insensível.
Os cabelos quietos no travesseiro.
Os olhos cerrados.
Os lábios como que desmaiados.
Podia ficar horas tentando decifrar seus sonhos.
Seu corpo formando um desenho geométrico na cama.
Fadas e outras criaturas que não existiam ficavam ali do seu lado.
Porque ao dormir ela não existia.
Passava a ser um sonho, um delírio, um desejo.
Ao dormir, ela tinha as costas tão desertas que só de olhar doía-se de solidão.
Os pés resvalando, um ao outro, como se gostassem de ficar juntos.
Depois de passar dias e dias andando paralelos sem poderem ser roçar.
As minhas mãos esboçam tantas tentativas de tocá-la
Mas todas essas tentativas são desfeitas.
Desfeitas pelo simples medo de torná-la real.


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