Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Noite caída

Quando a noite descer
Dos andores
E escorrer
Sem pudores
Nas trincas
Do quarto
Que desfaz
A tinta
Numa poça de remorsos
Ela ira chegar.

Sem música
Sem cerimônia
Sem apresentação
Ela irá se sentar
Junto à lua
Num canto da cama
E sem dizer boa-noite
Ou qualquer palavra
Irá levar as mãos ao rosto
Tentando segurar o pranto
Guardado
Remoído
Aguardado.

E não tendo forças
Apenas assistirei
As lágrimas
Do desengano.

Irá se desculpar
Irá se auto-criticar
Irá se desdobrar
Como o fiz para tentar entender
E verá que tudo é em vão,
A noite
É escura como um grão
Uma semente
De angústia
Que a gente não quer que chegue
E quando chega
Queremos que logo amanheça.

Porque quando em agonia
A noite é eterna
Você sozinho
Todos dormindo
Sonhando
Você e o pesadelo
De pensar
O que podia acontecer
No que devia ter feito
Coisas que não se pode prever
Mas estão previstas.

Depois do pranto
Irá olhar
E me chamar
Como um dia fiz
Sem ter resposta
Irá apelar
Suplicar
Para que eu sente ao seu lado
Segure a sua mão
Ampare suas lágrimas.

Ira tentar me convencer
A eu voltar a ser
O que sempre tentei
Ao longo do tempo.

Talvez
Dias
Semanas
Anos
Tentando esquecer
Mesmo
Tendo a certeza que vinha
Para ser minha
E agora
Depois
De tudo
De sofrimentos
Da auto-condenação,
A solidão
Da longa aprendizagem
Grita em mim.

Mas tenho a certeza
De que só irei
Ao seu encontro
Se nos seus olhos
Houver a noite infinda
Que ama
Como um dia
Amei.



Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar