Daniel Campos

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Mulher olímpica

Flexiona a cabeça
Arqueia as costas
E numa nudez olímpica
Ela se exercita
E excita
Os meus sentidos
Entre as paralelas dos lençóis
E salta
Sobre uma legião de cavalos
De madeira
E vai ao solo
De seu corpo
Num duplo mortal
Que me deixa louco
De ciúme
E de desejo
E se dependura em argolas
De bijuteria
E me tateia
Em piruetas
E acrobacias
Com a ponta dos pés
Tem o mundo sobre seus ombros
E asas invisíveis
Em suas costas
Ela é menina
E mulher
Num mesmo movimento
Ela é de um suicídio
Plástico
Que me leva às lagrimas
A cada volteio
Mais brusco
E me tirar o ar
Quando tonto, um anjo cai
Na cavidade de seus seios.

Mulher que me olha
Com olhos em parafuso
Estende os joelhos
Flexiona o quadril
Inclina o tronco
Sobre as coxas
E se mantém carpada
Armada
De luzes e cruzes
E se faz estrela
E me beija a boca
E me deixa assustado
Quando num grupado
Aproxima os joelhos do peito
E os calcanhares dos glúteos
Tendo os pés em contas
E me causa alucinações
Tonturas e delírios
Numa parada de mãos
Menina de bananeira
Dona de si
Tem pleno domínio de seu corpo
Chega a ser assustadora
Quando gira
Em torno de si
Num salto twist
E com coragem
Desafia a vitória
E usa de toda elasticidade
E me distende
Dentre o agora e a saudade.

O que lhe sobra fantasia
Falta-lhe de realidade
E ela vem com arcos
Com fitas
E com maçãs
Numa ginástica rítmica
Que me coloca
Num divã
E eu penso
Se é possível
O impossível
Daquela mulher
Que tem olhos
De menina
E sonhos
Inocentes
Que se despetalam
Num mal-me-quer.


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