Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Metrópoles

A mulher metropolitana é, antes de tudo, metrópole de si
Formada por várias cidades-sonho
Há todo um mundo girando em torno de seu umbigo
E meteoros, planetas, asteróides e astronautas que se alinham
Pelas linhas de sua beleza urbana
Que oscila entre a nobre e a suburbana
Conforme lhe convir
Para, no tardar da hora, deixar-se habitar por um instinto rural
Linda, a mulher metropolitana é sofisticada e charmosa
Capaz de provocar engarrafamentos e rush
Em horários mortos
A mulher metropolitana é populosa de sentimentos diversos
E tem o centímetro quadrado especulado na cotação dos olhares alheios
Todos a desejam, numa mistura de paz e guerra
De querer e não querer, de amar e abandonar
De modo que é o centro de um constante ciclo migratório
De um ir e vir permanente
E anda por suas ruas com olhos de arranha-céu
Como se feita de concreto armado
Tem uma personalidade forte difícil de encontrar
E, sobretudo, de se domar
É violenta, miserável e ilusória
E também farta de atrações
Por isso seduz em arquitetura e luzes
De mercúrio, hidrogênio ou néon
Ah! Mulher metropolitana
Dia a dia vai metropolizando os meus dias
Provocando o êxodo de mim mesmo
Ao entregar-me a este teu formigueiro
De concreto, ilusão e carne
Vou me abdicando de minha cultura
De meus costumes, de minhas vestes
De meus modos, de meus planos
Para só quando nu de passado, presente e futuro
Conseguir compreender-te
E sobreviver em suas alamedas, avenidas e esplanadas.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar