Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
13/06/2016 - Menino na beira da estrada

O menino
Que já é homem crescido
Senta na beira da estrada
Convencido
De que é preciso esperar
Pelo destino
Para continuar
Tocando sua jornada

E cadê esse tal de destino
Que vai deixando tão fino
O menino que é homem
E na espera perde a fome
Se esquece do sono
E que a vida não tem dono
Nem pode esperar

E por que é que espera
Esse menino malino
Por uma primavera
Que tarda a florir
E a colorir a estrada
Em branco e preto
Onde ele aguarda
Em guarda no leito

Leito porque aquela beira
De fileira de estrada parada
É a morte, o corte, a morte
Do menino franzino
Que espera com os olhos
Embotados de desejo
Com o coração preso
Aos suspensórios
À espera de um beijo

De um beijo que vem vindo,
Que vem vindo bem-vindo
Vem vindo e nunca vem
Pobre menino
Cujo destino selou sua boca
Numa espera louca
Que o deixa à margem
Da estrada do deus dará
Que está de passagem.


Comentários

14/06/2016, por Luisa Mendes:

Triste e lindo


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar