Daniel Campos

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Lonas de cetim

Está tudo estranho em mim
Tudo alvoroçado
Tudo ligado
Como se eu fosse
Um circo iluminado
Em risos dos palhaços
Em contornos dos contorcionistas
Em pés das bailarinas
Em vôos do trapezista.
Está tudo estranho em mim
É algo de novo
E o novo é sempre velho
E o velho é sempre o já dito
E eu tenho tanto a dizer
Que já não caibo nessas lonas de mim
E tudo me consome
E tudo é tão infinito
Na ribalta da ilusão.
Ah! As crianças
Ah! Deixe-as me levarem
Pro seu mundo
Ah! Deixe-as me acharem
E me perderem
Num só segundo
Está tudo tão estranho em mim
É o recomeço
De um começo
Que não teve fim.
Está tudo tão estranho em mim
As batas das acrobatas
As pernas dos pernas-de-pau
O fogo do ilusionista
E o passista
Achando que tudo é carnaval.
Está tudo tão estranho
Que eu rio e choro e me abocanho
E a vida corre assim
E se joga assim
Sem rede sem parede
No picadeiro do meu corpo...
Meu corpo, lonas de cetim
Parisiense
Marcadas pelo seu sopro
No hálito de algodão pipoca doce
Que trouxe
De volta em uma só nota
As cruzes e as luzes
De uma saudade circense
Carente de mim.


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