Daniel Campos

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17/02/2014 - Grito de amor

Receba, ò dona de mim,
Tudo o que eu sou
E pude ser por você
Sou seu namorado
Sim!
Sou seu marido
Sim!
Sou sim seu amado
Mais apaixonado
Por você!
Ò minha mulher
Dona, dona de mim
Em teus braços
Eu me faço
Realizado
E no teu passo
Faça de mim
O que bem quer:
Sou seu demônio
Aberto ao desejo;
Sou seu querubim
Voando num beijo...
Ò dona de mim
Da minha vida
Do meu habitat
Luz de mil watts
Encontro sem despedida
Eu já sussurrei
Eu já murmurei
Agora eu grito
Que te amo
E te amarei
Pelos próximos mil anos,
Ouça, ò moça
Este amor que não é da boca pra fora
Este amor que é para toda hora ,
Ouça, ò moça
Este teu sonhador
Este teu admirador
Nada secreto
Ou discreto
Que grita para o mundo ouvir
Este amor tão bonito
De se descobrir
E redescobrir
A cada dia
Em teus olhos
De euforia
E eu grito
Ao olhar que me inebria
Que me embriaga
E vaga
Pelas minhas lacunas
Pelas minhas dunas...
Falo de um amor que sobe à garganta
Com uma força tanta
De coração em audição
De coração em ebulição
De coração em afloração
Que grita, que grita, que grita
Gritos que mordem tuas orelhas
Gritos que velejam em tuas panturrilhas
Gritos que deitam em tuas coxas
Escuta, ò moça, os gritos, os gritos, os gritos
Gritos que apertam teus joelhos
Gritos que ancoram em tuas virilhas
Gritos que cheiram teus cabelos
Gritos que sopram tuas sobrancelhas
Gritos que gritam em tua boca
Aguçando, atiçando, atracando
Em sua língua
Ai, chega a dar íngua
No sentimento
Este amor gritado
Este amor confessado
Este amor explicitado
Em um eu te amo
Febril
Em cólera
Que é maior
Que qualquer história
Juvenil...
Ò dona de mim
Dos pés escondidos
Dos abraços enlouquecidos
Das trocas de alma
Acalma
Meus gritos
Selando meus lábios aos teus
Enquanto me ponho a gritar
Que deste amor existo
De um jeito nada contrito
De fazer inveja a deus
E derrubar todos os mitos
Num grito
De apogeu
De prazer
De furor sem pudor
De querer e se querer
Num gritador
De se fazer amor
A cada entrega...
Ai, não nega
Que é a razão destes gritos
Desta festança
No meu mundo
De me fazer criança
Sorrindo de tudo...
Ai, escuta
Essa minha paixão
Maluca
Dizendo aos berros
Que eu não fico sem você...
Ai, dona de mim
Mulher a qual espero
Sonhando
Há séculos
Por este jardim
Manchado de carmim
Por ti eu grito pelas ruas,
Debaixo do chuveiro
No alto de um coqueiro
Nas cordas do violão
Eu grito nu, eu grito em blues
Eu grito verde ao teu rosa,
Eu grito pop, rock, axé
Eu grito no meio do carnaval
E no meio do funeral da solidão...
Ò flor que mia
Escuta meus gritos
Que já chegaram à lua
Saturno e a plutão
E me dá a tua companhia
Dia após dia
Numa gritaria
De sentidos
Namoridos
Casados e namorados
Peitos e costas
Flechados
Pelos cupidos
Da nossa poesia...
São mi bemóis
São fá sustenidos
São graves e agudos
Em claves de sol
E são tantos sóis
Gritando de calor
Dentro tão dentro de nós...
Ouça, ò moça
Os gritos
Que nos deixam a sós
Mesmo no meio da multidão,
Que nos deixam a sós
Um no outro
Outro no um
E nos alcançam
Mesmo com muita distância...
Ouça, ò moça
Os gritos de esperança
Gritando que depois da tempestade
Da saudade
Vem a bonança,
Pois quem grita por amor
Nunca se cansa...
Ouça, ouça o grito que sou
E no qual me dou
A você
Como namoramantes
De tanto querer
De tanto poder...
Ai, crava tuas unhas
Em meu dorso
Em meu pescoço
Em minhas cordas vogais
E arranca de mim,
Ò dona de mim,
Todas as consoantes
E vogais
De um eu te amo
Que te ama
E nos ama
Sempre mais.


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