Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Gole a gole

Quando o sol se por
Na escuridão de uma lua
E lhe propor
Uma madrugada crua
Bruta e interrupta
Que ficará nua
Em suas mãos,
Silencie-se
Não diga nada
Tampouco faça.

Debruça
E soluça
No copo vazio
Da criatura amada
E sem mais desvario
Beba
Gole a gole,
Sinta-a e a beba
Sentindo todo o perfume
Que o mata de ciúme.

Sem perceber
Será parte de seu corpo
E sem querer
Num sopro
Reavivará a chama
Que clama
E ama
Ou chama
E engana.

Quando se olhar novamente
Num outro de repente
Ela já estará em você
Sem um porquê
Ela estará ali e aqui
Ao mesmo momento
No quarto ou ao relento,
Ela que nunca se declara
Ela que nunca se revela
Ela, janela e sentimento.

Ao enrolá-la em lençóis
Não se permita mais tocá-la
Sinta-se algoz
E feroz.

Enquanto ela se mostrará
Fria e distante,
Você será o último arrepio
Você será o último amante
Bravio
Aquele que se sentirá ausente
Ao ver a última estrela cair
E se esvair no seu copo vazio.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar