Daniel Campos

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Encontros

Foram tantos encontros
Nenhum deles marcado
Nem de maneira prévia nem de última hora
Encontros casuais
Encontros inconscientes e conseqüentes
Do ato de se encontrar.
Por quantas vezes lhe encontrei
Mas só depois fui saber do desejo
E do significado de lhe encontrar
Só depois de uma certa convivência com os encontros.
E não desconfiei que a cada encontro eu lhe trazia
Eu lhe trazia um pouco
E aos poucos esse pouco ganhou proporções disformes
Quando me dei conta, eu lhe encontrava em mim
Encontrava-lhe perto e mais perto e mais do que mais perto
Era como se estivesse impregnada em minha respiração
Em um encontro para além das barreiras casuais e físicas.
Acredito ter descoberto uma nova concepção de encontro
Encontrava-lhe nas minhas palavras e nos meus silêncios
E por mais que soubesse seu nome, não adiantava lhe chamar
Você (só) acontecia a sua revelia.
Encontrava-lhe em sigilo
Encontrava-lhe, certas vezes, escondido até mesmo de mim
Mas de tanto lhe encontrar, começamos a deixar pistas
E desde nuvens rasteiras até deuses passaram a nos espionar
Os dias já confluíam naturalmente para novos encontros.
A cada encontro, uma nova forma de nos encontrarmos
Conosco, a vida quebrou uma infinidade de protocolos
E em nenhum encontro a despedida se comportou como tal
Confesso: perdi a conta das vezes em que lhe encontrei
Dos nossos encontros, nasciam outros encontros
Nasciam a vontade e a esperança de outro encontro.
Depois de um tempo, eu não queria lhe encontrar
Eu tinha de lhe encontrar
Era lei
Era sina
Era destino
A ponto de eu me assumir dependente desses encontros.
Não achava um motivo sequer para fingir ou fugir
Não aceitava nada que contrariasse o ato do nosso encontro
Num dado encontro, passado e futuro me deixaram
Depois de lhe encontrar, nunca mais tive notícias de mim.


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