Daniel Campos

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06/07/2008 - E do ósculo, fez-se a humanidade

De repente,
O nada e o tudo
Vão pulsando
Vão sangrando
Vão casando
Dentro e fora
Fora e dentro
De nossos corpos
De nossos poros
De nossos ósculos...

Contrariando a física,
Ocupamos um mesmo lugar no espaço
Sideral
E há um vácuo
E uma força centrípeta
E cardiovascular
Girando
Em torno dos eixos
Reais e imaginários
Que vão nos movendo
Em seu ritmo e nos vencendo
E até nos enlouquecendo
De um querer
Quisto como nunca dantes...

Ah! Vem uma tonteira
As pernas ficam bambas
Uma legião de formigas caminha sob a pele
Um frio sobe e desce pela espinha
Feito um elevador maluco
E um calor vai fugindo
Das nossas entranhas
Como aquele bandido que rouba um banco
E acaba na cama da mocinha...

E a boca fica molhada
E a boca fica seca
E a boca se mancha de outro tom,
Do abuso e da falta de batom
E os hálitos se confundem
E os desejos se fundem
E se confundem
Em um mesmo ser
E uma espécie de flor bucal
Se abre em pólen
E mistério...

Por milagre,
Nossos olhos se flertam
Mesmo que fechados
Nossos cupidos se flecham
Nossas mãos tateiam o desconhecido
Ah! O outro, por mais íntimo que seja,
Sempre é novo, novidade, novitá
E é nisso que consiste todo o encantamento
Deste ato
Que manchou os lábios de adão e eva
De uma espécie de maçã do amor.

Surgem sons que não existem
Surgem estrelas que não existem
Surgem sabores que não existem
Fora daquele encontro
Que seria demoníaco
Se não fosse angelical
Posto que o mundo vira de ponta-cabeça
E tudo é paraíso
No advento de um beijo.


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