Daniel Campos

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Contra-indicação

No mais cedo de amanhã
Ainda em jejum
Ainda descalça
Ainda no sono parasita
Da tua insônia
Vá até a janela
E bem devagar
Deixa sua roupa cair
À altura do chão
E grita!

Com o corpo marcado
Pelo suor do último pesadelo
E com as linhas do destino
Ainda dormentes nas mãos
Grita!

Deixa sua língua solta
Deixa sua garganta rouca
Mas deixa passar por seus lábios
Mal-beijados
Um grito
O mais selvagem dos gritos
Aquele que nunca ousou gritar.

Tira o que ainda lhe resta de pudor
E grita pro mundo escutar
Que essa vida
Torturada
Patética
Bandida
É a vida que você escolheu.

Grita
Mas grita com vontade
Encare o sol
Aquele mesmo sol
Que confessava outros sonhos
Seus.

Grita
Que você é feliz
Feliz sim e assim
E o resto que sofra
Porque o resto é só o resto
De um tempo
Que você quis
Temporizar.


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