Daniel Campos

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Canção da manhã

Canta o galo da manhã
No parto do dia
Tange o carro do sol
Pelo estradão
De uma lua de maçã
Apagam-se as velas da noite
E o sol dá cor aos sonhos
Que vão desabotoando a escuridão.

Canta o galo da manhã
Acorda a menina
Que tem boca de pitanga
E olhos de romã
Descalça e de vestido
Beija a poesia que não dormiu
E sai em cavalgada
Desbravando um destino bravio.

Canta o galo da manhã
Na poeira das estrelas
No perfume do café
No despertar de um bebê
Numa manta de lã
E a vida vai rodando
Nos moinhos do pensamento
E já tem bem-te-vi, curió
Sabiá e rouxinol
Cantando sentimento.

Canta o galo da manhã
No cheiro da relva
Atravessa porteiras
Pra se acabar lá no fundão
De uma paixão terçã
Que espera, canto após canto,
Sentir de novo o gosto do dia
Em que a saudade
Não era entoada
Pelo galo da manhã.


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