Daniel Campos

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Auto ausência

Sem você
É tudo solidão
É tudo não e não
É tudo um coração
Que não bate, agoniza.
Sem você
O sino não dobra
O dia não sobra
A dor não exorciza
O que deve exorcizar.
Sem você
Eu não acredito
No que sinto
E minto
Que toda dor é bandida
E todo amor é bonito
Quando a solidão
É só mais uma partida
De tantas chegadas
Da mesma embarcação.
Sem você
O mundo gira esquisito
Esquisito de se ver
E a gente se tortura
E a gente se fratura
Na loucura
Do que é infinito
E do que é finito
Nas contas do prazer.
Sem você
Nada mais tem jeito
Entre o positivo
E o negativo
Não há mais adjetivo
Tudo, tudo está sujeito
Sujeito a se esquecer.
Sem você

O vento não sopra
Assopra
O silêncio não corre
Escorre
Pelas docas
Pelas tocas
Pelas ocas
Da tua ausência.
Sem você
Sem clemência
O tempo é uma orca
Que devora o feto
Dos que se querem perto
Mais e mais do que perto
Do que já é tão perto.
Sem você
Falta chão
Falta teto
E a esperança
É só um grão
De solidão
No deserto
Das tranças
Da separação.
E a esperança
É só um grão
De solidão
No percalço
Dos cometas
Da escuridão.
E a esperança
É só um grão
De solidão
No fundo falso
Das gavetas
Da imaginação.


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