Daniel Campos

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Antes e depois

A separação
Não separa apenas pessoas
Separa a vida desmedida
Antes e depois dela
E quando o antes é maior que o depois
E quando ela ainda habita o seu sono
E quando caminha e olha para traz
Não é porque existe saudade
É porque ela ainda não acabou.

Verá que ao retirar a caneta do bolso
E escrever alguma coisa qualquer
Ela estará misturada à tinta
Não sei como
Mas estará viva no papel.
Se a folha amarelada do outono
Se o jardim verde da primavera
Se o branco vazio do inverno
Se o vermelho do verão
Se a negridão da noite
Se o rosa dos lábios dela
Se tornarem inconstantes
É porque perto deve estar o azul
De sua aurora particular.

O amarelo flutua no azul
O verde brota no azul
O branco se preenche de azul
O vermelho se estanca no azul
O negro se afoga no azul
O rosa volta para o azul
Que deixa a vida amarela
Que desfolha o verde
Que mancha o branco
Que enciúma o vermelho
Esconde o negro
E escorre o rosa
E o mesmo azul
De tantos tons
Nasce
Nas ondas
Nos sopros
Que se quebram
Que se espalham
Em olhos que nem sempre olham azuis.


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