Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Aliança

Em nosso dedo
O simbolismo
Vindo dos faraós
Que guardavam
O amor de suas cleópatras
Em pirâmides
Espessas e tridimensionais.

Entre o âmbar e o ferro
Casamo-nos no ouro
No ouro da alma e da carne
No ouro da verdade
No ouro da constância
Cumprindo as palavras de Santo Isidoro
Usamos o anel no dedo anular
O dedo que se comunica ao coração por um vaso sanguíneo
Podia ser um vaso de rosas ou hortênsias
Mas casamo-nos em um vaso sanguíneo.

Como amantes renascentistas
Fazemos do anel e do casamento, em si,
Uma arte
Que nos lapida
Dias após dias
Em seu corte de saudade e ciúme e desejo
E ao contrário dos que amam em círculos
Amamo-nos em pontas
Como estrelas
Ardentes e ascendentes.

Nos vértices de uma aliança quadrada
Plantamos o sonho
Naquele que dentre todos os quadriláteros
É o que tem maior perímetro e área
Portanto, havemos de nos esbaldar
Nas dimensões desse amor
De formas plurais
Que é losango e retângulo
E tendo todos os lados paralelos
Proporcionando-nos assim um sentimento
Equânime por parte dos amantes.

Em nossas mãos,
O ouro invejado por deus
E que a terra não ousa devorar
Com seus dentes enferrujados
E sujos
Do sangue dos últimos corações.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar