Daniel Campos

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17/11/2013 - Ad Infinitum

Vamos pegar o primeiro trem ou o último comboio
Rumo aquele lugar bonito do cartão postal
Vamos seguir a estrela do jornal ou a previsão zodiacal
E partir de uma vez por todas com ou sem apoio
Sem prumo rumo ao infinito mais especial
Vamos ser um para o outro e outro para o um sem mal algum
Em beijos em slow motion, de mil megapíxeis e vários tipos de zoom
Vamos tender à eternidade sem que haja qualquer realidade nisso tudo
Que o amor seja confessado o tempo todo na linguagem do cinema mudo
Que até o infinito sejamos amor dentro de suas impossibilidades e circunstâncias
Que esse amor cresça e envelheça e morra sem que deixemos de ser duas crianças
Vamos, vamos, vamos pegar a balsa derradeira ou o próximo avião de papel
O importante é que embarquemos, outra vez, com destino ao nosso céu
Em uma viagem infinita partindo para o infinito, isto é, para aquele lugar bonito
Para aquele tempo aflito onde tudo acontece sem acontecer, tudo sendo sem ser
Onde nada tem pressa e urgência porque tudo é para sempre
Onde todos podem, ao mesmo instante, ser flor, fruto e semente
Vamos partir para o infinito, esse mundo que desconhece normas e tendências
Não se importe com relógios, compromissos, acordos, laços, penitências
No infinito tudo será resolvido, decidido, vencido, conseguido mesmo sendo proibido
Afinal, o infinito é a grande espera, o amanhã que nunca termina, o ápice da ilusão
O infinito é para onde todos os casais dos contos de fada sem nem saber a razão
Ficou convencionado, registrado em alguma espécie de cartório de romances apaixonados
Que o infinito é o melhor tempo para se amar justamente porque é a anti-temporalidade
Mas depois de conhecer o infinito - com os tédios e dores de sua esperitude nada amiúde
Trocariam o foram felizes para sempre pela felicidade de um segundo de plena intensidade
Vamos, vamos pegar o vindouro cometa ou aquele pegasus já de partida
Rumo a um tempo próprio, que dure o tempo que for para durar - o nosso infinito particular.


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